domingo, junho 30, 2013

Manifestações: Alardes e Alertas entre 300 reais e 0,20 centavos.


Antes das manifestações crescerem em São Paulo e  ganharem forma no restante do Brasil, ocorreu um alarde que produziu diversos alertas sobre as insatisfações e indignações que vão crescendo entre diversos segmentos sociais brasileiros.


Os tumultos ocorridos nas agências da Caixa Econômica produzidos por dois boatos, um dizendo que estavam pagando um bônus do Dia das Mães e o segundo que o Bolsa Família ia acabar. Isso foi suficiente para levar uma massa de beneficiados pelo programa a procurarem casas lotéricas e agências bancárias para fazerem saques. Esse alarde envolvendo o Bolsa Família foi promovido por quem? O que produziu isso? Surgiu uma investigação da Polícia Federal sobre o caso. Qual o resultado de tal investigação? Nada. Isto é, não chegaram a identificar nenhum responsável. Porém, diretores da própria Caixa, em diversas entrevistas, afirmaram que a Caixa tinha feito uma antecipação, um procedimento não comum etc. Moral da história: o que os diretores falaram não coincidiu com as suspeitas e versões dos membros do governo e do PT. Ficaram as interrogações: a quem interessa explorar o medo usando como causa o fim do programa Bolsa Família?  Em ano pré-eleitoral quem lucra assustando as massas atreladas ao Bolsa Família? Os que pretendem se beneficiar com o medo são os que estão no poder ou os que pretendem assumir o poder? 

O alvoroço produzido pelos boatos fez emergir vozes e uma delas ganhou muito destaque, a ponto de ser reproduzida pelas redes sociais. Trata-se das declarações de uma senhora inscrita no Programa Bolsa Família, quando entrevistada por uma emissora de televisão. No seu pronunciamento ela criou um dado significativo para pensarmos o potencial das indignações e dos protestos que ocorrem no Brasil atualmente. As declarações dadas por essa senhora está servindo, até agora, para produzir piadas e, em parte, para produzir espanto em setores das classes médias, mas se pensado com mais cuidado e atenção ele é um grande alerta. Vejamos o que disse a senhora:

"Estou com mais de oito anos que recebo Bolsa Família. Não está dando nem para comprar um calça para minha filha. Uma calça para uma jovem de dezesseis anos é mais de trezentos reais.Meu dinheiro nunca aumentou... "

Ora, esse entendimento e sentimento dessa senhora tem muito potencial de não ser um caso isolado e nele encontramos vários indicativos que exigem reflexões e questionamentos. É nítida sua insatisfação, tendo em vista que seu tempo de permanência no programa já contabiliza mais de oito anos e seu dinheiro nunca aumentou. Não teve aumento e o valor que recebe não está sendo suficiente para manter seu poder aquisitivo, o que pode ser uma revelação sobre os efeitos da inflação. Como pode também estar evidenciando uma frustração em não conseguir atingir um patamar de consumo mais elevado após oito anos recebendo bolsa família. Vejam com há um foco no consumo. 

A partir disso podemos formular algumas questões: 
- Está com mais de oito anos recebendo bolsa família e quantos anos mais vai permanecer no programa recebendo esse auxílio? 
Quase uma década em um programa desse tipo não reflete um certo imobilismo? Ou o programa é falho em aferir quem já superou essa extrema necessidade?  Ou o programa, mesmo constatando que a situação econômica do beneficiado melhorou o  mantém no programa por questões eleitorais? Ou, o que pior, existem pessoas inscritas indevidamente por força de articulações eleitorais? 
Tudo isso precisa ser devidamente averiguado.

Os líderes do PT estão em uma cama de confiabilidade de forma cega e surda. A movimentação massiva e instantânea que ocorreu por força dos boatos demonstra o quanto esses segmentos sociais têm potencial de reação e que nem tudo são flores. Necessidades brotam, sempre há alguma coisa faltando e nem todos estão satisfeitos com as coisas que o programa está proporcionando em termos de consumo. Quem pode ser contra alguém querer algo melhor? Por que não uma calça de trezentos reais? 

Para os que insistem em desqualificar ou taxar essas manifestações atuais de classe média juvenil... é bom pensar sobre os índices de aprovação aferidos pelo Datafolha, onde 81% dos entrevistados (4.717) aprovaram as manifestações. Somente 15% disseram ser contrários aos protestos. A pesquisa atingiu 196 cidades brasileiras. Será que aplicaram os questionários somente entre as classes médias? Ou tem mais classes declarando apoio?

Se as manifestações "só" por vinte centavos já produziu sérios desconforto aos poderosos, imaginem quando elas forem "só" por uma calça de trezentos reais.

Muitos estão preocupados em saber quando essas manifestações vão parar.  Porém, seria mais prudente pensar quando esses protestos retornarão e de                                                                                                                                                                                             que forma.

terça-feira, junho 25, 2013

O estado de miséria do nosso estado

Foto: Kamaleao


O estado de miséria do nosso estado. No Maranhão o confronto foi no monturo, revelando o total abandono e ineficiência do Estado  e seus controladores em promover o bem comum e vida digna aos cidadãos. Olhem o cenário da nossa "elegante" miséria... O Maranhão é a síntese de toda a miséria republicana e democrática brasileira...

domingo, junho 23, 2013

Campo político, manifestações legítimas e aproveitadores

Foto: Francisco Araujo 22/06/2013 - São Luís
O campo político não vejo como realizar jogadas como na sinuca: bater em uma bola e em sequências de choques entre inúmeras bolas até a bola Y cair em uma caçapa. As forças do campo político não são as mesmas que atuam sobre essas bolas. SE na sinuca há inúmeras possibilidades de erro, na política isso é mais dramático. Na sinuca o provocador da ação é só um sujeito, e as bolas, durante o percurso das suas trajetórias, não pensam, não se emocionam, não sentem medo ou alegria. No campo político sujeitos provocadores das ações nunca ficam sozinhos por muito tempo, sempre aparecem parceiros e adversários. No decorrer das ações os indivíduos envolvidos podem mudar de trajetória de forma lenta, abruta etc. e mais, pensam, emocionam-se, sentem medo, euforia etc. 

Nos últimos dias lançaram nas redes sociais um post com as fotos da presidenta da república, o vice-presidente da república, do presidente da câmara federal, do presidente do senado e o presidente do supremo tribunal federal (STF). Mostra uma sequência de impeachment insinuando que no final Barbosa vai assumir. Tenho certeza que isso é de golpista, pois a previsão de presidente do STF assumir é de último recurso e não tem a finalidade de governo, mas de manter a ordem institucional e restabelecer um governo legitimado politicamente. O Presidente, chefe de estado e chefe de governo tem que ser eleito pelo povo. Não é o caso do presidente do STF. A imagem de Joaquim Barbosa está sendo utilizada de forma perversa e irresponsável, isso pode ter duas motivações: a- Os descontentes com o desfecho do Mensalão, visando sujar sua imagem como golpista; b- Os golpistas do PMDB, pois na saída de Dilma seriam os beneficiados e não hesitariam de jogar as forças Armadas contra os cidadãos. Mas, ambas as intenções possuem afinidades e podem estar afinadas.  Aí o jogo não é de sinuca, parece ser mais de cartas (baralho), onde não só a carta pode estar marcada com o uso do blefe é constante. A fraude é um ação constante nesse jogo. Portanto perigoso. 

Ora, isso não é e não faz parte do que está nas ruas como motivações centrais, como o PT quer e insiste em fazer parecer, não é. O PT está demonstrando todo seu espírito anti-democrático, como também, seu enorme contributo a favor dos golpistas e reacionário. Se existe tentativa de Golpe isso ocorre no intestino do próprio governo e no aparelho de poder. 

O que está nas ruas e que representa o sentimento da imensa maioria é a indignação com essa forma de exercício de poder que está aí, é uma crítica a essa maneira de governar e os descasos com as garantias dos direitos dos cidadãos. O povo quer vida digna. Tem classe média. Filhos da classe média que apoiou e sustentou o PT durante décadas, principalmente nos maiores centros urbanos. Onde ser classe média é crime? Onde os direitos políticos podem ser negados a alguém por condição social? Isso só foi visto em regimes antidemocráticos, totalitários de esquerda ou de direita. Nem no período ditatorial comandado pelos militares houve a tentativa de criminalizar e desqualificar politicamente as classes médias. Isso só o PT está fazendo, fato preocupante, pois é nitidamente fascista. Onde está o golpe e quem quer dar golpe? É só medir as tentativas petistas contra instituições democráticas e republicanas e os movimentos que estão nas ruas. Quem quis criar uma lei de censura à imprensa? Quem está omisso diante da PEC 37? Quem idealizou e está querendo aprovar a PEC 33? Quem quer trazer profissionais estrangeiros para atuar no Brasil sem a revalidação dos títulos, conforme previsto na LDB? Quem quer, em benefício próprio, impedir a criação de novos partidos? Qual base modificou a lei da ficha limpa e agora quer enfraquecê-la? Quem se aliou e colocou à frente do aparelho de poder figuras que atuaram a favor da ditadura, servindo aos militares? Quem foram os ministros de Lula? Quem são os ministros de Dilma? Quais setores compõem sua base de "sustentação"? 

O PT quando fazia parte das oposições possuía petistas, quando chegou ao poder os petistas foram sendo expulsos ou isolados e emergiu o lulismo, com a permanência no poder  ganhou forma e existência o petralhismo, facção militante que não se intimida diante da legalidade para se manter no poder, que tanto atua de forma fascista como terrorista. Basta ver como respondem ou interpretam as manifestações. 

Essas manifestações são as primeiras manifestações de massa no período pós-internet. São as primeiras depois do "Impeachment" de Collor e com uma pauta ampla por cidadania, qualidade de vida. Tipicamente cívica e não encabrestada por interesses corporativistas. O corporativismo é uma de nossas maiores pragas contra a democracia e a cidadania. 

O que ecoando pelas ruas é tudo que se deixou de fazer após o abertura democrática com a anulação da continuidade do processo democrático compartilhada pelo PSDB e pelo PT. Foi um golpe por dentro na democracia os governos desses dois partidos. 

Quando as manifestações ganharam força, o PSDB respondeu da forma mais arrogante possível e com bastante violência policial. Cidadãos que legitimante reivindicavam por direitos e por vida digna foram presos e enquadrados como "formação de quadrilha". Não bastando prederam pessoas por porte de vinagre e em seguida o governo faz nora para dizer que o uso de vinagre estava liberado. Quando, mesmo no período ditatorial foi crime porte de vinagre? Qual democracia o governante tem tal comportamento e o Estado age assim? Em São Paulo o governo estadual cometeu diversos excessos nas ruas e precisam ser devidamente investigados e apurados pelo Ministério Público. 

E o que fez os governos do PT? Como reagiu o PT? Da forma mais reacionária possível, deixando evidente que sua noção de "democracia" é sindical que, para quem conhece esses espaços corporativos, não é o que se pode chamar de Democracia, pois as disputas sindicais internas tem um verdadeiro vale tudo pelo poder. Ficou bem exposto que o PT não tem espírito democrático de caráter público, pois trata a coisa pública como entidade privada corporativa. Para quem conhece a história política sabe que o fascismo plantou essa ideia de Estado corporativo. Além disso, insiste em desqualificar e criminalizar as manifestações, mostrando mais uma vez seu ethos autoritário construído desde da chegada de José Dirceu ao partido. A partir daí houve uma combinação de stalinismo e corporativismo sindical que foi enfraquecendo qualquer apuração de um projeto político essencialmente democrático. Como síntese o PT montou uma ampla aliança com os setores mais reacionários e golpista que sobraram da Ditadura militar. 

As extremadas aberrações do PT diante das manifestações democráticas. Primeiro, insistir possuidor de uma verdade única, não reconhece erros. Segundo, ao invés de tentar compreender o clamor das ruas e abraçar as reivindicações enquanto projeto político e de governo, tenta criminalizar, desqualificar, intimidar e calar os cidadãos. Terceiro, de forma fascista vem tentando tirar o apoio que a maioria da sociedade está dando às manifestações criando inimigos imaginários: PSDB - o que está se tornando uma coisa obsessiva e cada vez mais patética, visto que os dois responderam de forma parecida e fizeram alianças de igual densidade moral, sendo que o próprio PSDB está sendo atacado pelas manifestações; a IMPRENSA GOLPISTA - mais uma vez o PT mostra vocação fascista ao pretender o fim do contraditório e exterminar a liberdade de imprensa. Sendo que os maiores canais de televisão, a Globo por exemplo, e os maiores jornais estão compartilhando a mesma linha de pensamento do PT no sentindo criminalizar e tentar desqualificar as manifestações, principalmente quando dão destaque a atos isolados e de minorias através das palavras mágicas de vandalismo e baderna. Isto é, esconder as reivindicações legítimas e democraticamente manifestadas através de passeatas pacíficas compostas por centenas de milhares de cidadãos em pleno gozo dos seus direitos políticos; GOLPISMO - Se existe golpistas nas ruas, estão a mando dos próprios aliados e membros do governo, mas não representam a vontade da maioria esmagadora dos cidadãos que protestam contra os diversos crimes cometidos pelas autoridades contra o Estado de Direito, contra a Democracia e contra a República. É típico dos regimes autocráticos difundirem o horror para explorarem o MEDO em seu benefício de permanência no poder e silenciamento dos cidadãos inconformados. O GOLPE POR DENTRO para sustentar a continuidade dos golpistas foi dado desde a eleição de Tancredo Neves por um colégio eleitoral, de forma indireta e se consolidou após o "impeachment" de Collor com os governos FHC, LULA e DILMA em uma aliança que garantiu a permanência com amplos poderes na vida política brasileira todos os aliados de ponta da Ditadura Militar. Qualquer coisa de moldes golpista será mera mudança de formato, cujos principais interessados são o PMDB e parte da cúpula do PT que detestam o Estado Democrático de Direito e governo de lei. Quarto, as tentativas de imposição fascista/stalinistas: REPULSA E INTOLERÂNCIA À PARTICIPAÇÃO DIRETA, à Democracia direta. Vale como regra a vontade de maioria e soberania popular. Quantos plebiscitos, referendum o Governo do PT promoveu ou apoia? Vivemos um período de avanço do conservadorismo em vários setores e o PT aparece em muitos casos associado a eles ou se omite. O que não falta são questões sérias que deveriam ser resolvidas através de plebiscito, tais  como: liberação do uso da maconha, aborto, menor idade penal, os tipos de pena, orçamento para educação, distribuição do royalties do petróleo etc. Por que não fazer um referendum sobre a PEC 37?; QUERER E EXIGIR HOMOGENEIDADE NAS MANIFESTAÇÕES é uma manifestação de puro totalitarismo, só visto no nazismo e no stalinismo, só eles queriam participações oficias e homogeneizadas pelos aparelhos estatais e partidários. Onde fica o pluralismo existente no interior da própria sociedade? Que pensamento democrático é esse? Isso é muito perigoso; CUPULISMO, ELITISMO e CEGUEIRA diante da contemporaneidade - O PT tenta desqualificar a todo custo as manifestações por falta de líderes. Por que isso? Porque está viciado em reunião de cúpula visando cooptação e conchavo. Nitidamente reproduz a sua incapacidade política de negociar politicamente com o oposto. Além disso, a intelectualidade petista virou devedores de prebendas e estão presos a cargos comissionados a ponto de se cegarem para os fatos atuais, não percebendo as inovações  que surgem em outros patamares de articulação, que não tem cúpula, mas que se organiza horizontalidade em rede. É apartidário mas não é a-político, tem lado, pautas, reivindicações claras de interesse público. O todo é o todo a partir de múltiplas conexões de diversos núcleos sem hierarquia vertical e ultrapassando territorialidades. O PT não é mais vanguarda progressista. Se é algum tipo de vanguarda é do atraso, do anacronismo, do autoritarismo, do conservadorismo reacionário e do golpismo. 

A insatisfação e as hostilidades quanto a partidos, não pela existência em si dos partidos, mas como eles querem se inserir nos movimentos e como alguns querem capitalizar de forma marqueteira as manifestações levantando bandeiras com suas logomarcas, mas sem terem efetivamente contribuindo em prol dessas lutas. O problema maior está nos partidos na sua forma de atuar e de se comportar no campo político. A maioria são legendas parasitárias do erário público, existem exclusivamente como meio de vida de alguns pequenos grupos ideológicos, sem nenhum protagonismo sério e efetivo na vida política brasileira, sem nenhuma discussão com a sociedade sobre questões graves. Quantas audiências públicas ou fórum essas legendas abrem para debater com a sociedade Saúde, Transporte, Política Tributária, Segurança, Educação etc? 
Há um negócio de legendas que se mantém graças ao Fundo Partidário. Qualquer reforma no sistema partidário para ser responsável precisa reformular e melhor disciplinar as condições de acesso e uso do Fundo Partidário. É um montante muito alto de recursos públicos desperdiçados inutilmente.   Os partidos são entidades privados mas tem que apresentar efetiva contribuição pública, participação e nunca deixar ser uma organização de interesse público. Hoje existem siglas de diversas orientações, extremista ou não, anti-sistêmicas ou não, que são entidades privados e exclusivamente voltada ao interesse privado do grupo que controla a sigla. Por que devemos aceitar o repasse de dinheiro público para tais entidades? Soma-se a esses casos os imensos partidos sem alma de partido, sem lógica de projeto, que não querem assumir, sozinhos ou na ponta de uma coligação,o controle do poder político, comandando e respondendo diretamente pelo governo. Voltando seus esforços para a formação de consórcio de partidário, cujo objetivo é barganhar vantagens para seus donos junto ao comando do governo. Ações que figuram como pilhagem do Estado. Nós não temos verdadeiramente coligações, muito menos coalizões para governo. Esses arranjos são extremamente perigosos para a Democracia e para a República. Vide a atual "ampla base" de "sustentação" do governo Dilma, também presente nos governos FHC e LULA. Não são os movimentos que expulsaram os partidos, foram eles que abandonaram as lutas e as causas populares. São eles que se deslegitimam quando ignoram diariamente a opinião pública e se envolvem em diversos atos escusos. Devotando-se ao mero jogo eleitoral. Cadê o protagonismo dos partidos? Por que não encabeçaram ou tiveram maior protagonismo em ações importantes de interesse público articuladas por instituições da sociedade civil, tais como:
 "a Campanha Nacional contra a Violência, levada adiante pela OAB; e a Campanha sobre a Violência contra a Criança, organizada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil - IECLB e Comissão Pastoral da Terra - CPT. 
Nos anos 90, assistimos a sucessivas campanhas contra a violência no campo, protagonizadas pela Comissão Pastoral da Terra, da CNBB, Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - Contag e Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas - Ibase, desde 1985; as Comissões de Direitos Humanos contra a violência à mulher; os movimentos de homossexuais denunciando a violência contra gays, lésbicas e travestis; as lutas dos movimento do movimento negro, e tantas outras.
Também as campanhas contra a violência nos presídios, levadas adiante pela Comissão de Justiça e Paz Teotônio Vilela. da Arquidiocese de São Paulo; a mobilização pela desmilitarização das polícias militares estaduais, capitaneada pelo Hélio Bicudo e pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, dirigido por Paulo Sérgio Pinheiro; (...) e a Campanha pela Paz nas Escolas, capitaneada pela UNESCO."
A exceção nesse período ficou com "a Comissão de Direitos Humanos da Câmara da Câmara dos Deputados",que protagonizou algo significante de interesse público. Atualmente essa Comissão passa por momento difícil graças ao caminho aberto pelo PMDB, PSDB e PT para Feliciano chegar à presidência da Comissão. Sendo o mais flagrante descaso e descompromisso político é a Lei da Ficha Limpa, lei de iniciativa popular em resposta à baixa qualidade ética dos representantes políticos. Sendo que os partidos nunca se esforçaram para fazer uma Reforma Política. 
No Brasil, diante da atual falta de credibilidade das instituições políticas, qualquer Reforma Política não pode ser limitada ao sistema eleitoral e partidário, precisa atingir o Estado como um todo. 
O mais absurdo da fúria do PT conta as manifestações está na sua tentativa de deslegitimar e  desqualificar as mesmas por serem a-partidárias. O PT quer resumir a participação política a vínculo partidário, quer amputar a história e reduzir o protagonismo  político do cidadão somente ao período após o surgimento dos partidos. Terrível e perigosa tal atitude.  Já que o PT acha tão importante os partidos, por que o PT apoia o regime cubano de partido único? Não era o PT e seus aliados de esquerda que criticavam a democracia representativa burguesa? Por que estão com tanto medo de ação direta? Qual dos grandes movimentos históricos não foi acima e para além dos partidos?  
A resposta da Presidenta Dilma à manifestações, em pronunciamento em cadeia nacional, deixou claro as deficiências desse governo em responder às reivindicações dos manifestantes, principalmente em enfrentar os principais problemas vividos pelos cidadãos. Importar médicos não pode ser encarada com uma Política Pública, isso também é uma aberração enquanto Política de Estado, pois prioriza e oferece privilégios a profissionais estrangeiros, desconsiderando as exigências legais do exercício da profissão e desvalorização das instituições de ensino locais. Como medida emergencial é preocupante e duvidosa. Vem com tradutores esses médicos? Porque falando a nossa língua e conhecendo as nossas variações linguísticas eles já encontram dificuldades em saber o que estamos dizendo sobre nossas dores, imaginem os gringos. Ficou claro que falta projetos consistentes para a saúde, transporte, segurança e de combate a corrupção. 
Por que a Presidenta não encaminha um projeto de Lei ao Congresso tonando crime federal todo e qualquer desvio de recursos públicos na esfera federal, estadual e municipal, independente de ser recursos próprios ou convênios. Tornando essa prática crime hediondo, com confisco imediato de bens e banimento da vida política, ficando o criminoso impedido voltar a ocupar cargos políticos?  Por que o Governo Federal não abre concorrência para distribuição de concessões para construir e explorar transporte ferroviários de passageiros? 
O governo Federal tem que rever a forma de municipalização da saúde e de os outros serviços. A atual forma, que municipaliza de maneira linear tem promovido uma verdadeira indústria de desvio de verba pública e corrupção. 

O Congresso na sua omissão e silêncio só reforça o descrédito em partido e em parlamentares, é preciso surgir vozes lá de dentro sinalizando aos cidadãos que lá é casa do povo e em defesa do povo. Cabe às instituições políticas voltarem a se politizarem em prol do interesse público... o primeiro recado já foi dado, ignorar as reivindicações visando o bem comum e voltadas para o interesse público é irresponsável, pois essas  contestações e indignações são políticas e cívicas. Ignorar e desdenhar é pedir que elas ganhem formas despolitizadas de ódio. 
Sejamos responsáveis...  




sexta-feira, junho 21, 2013

Algozes. Pura ficção




Pura Ficção. Para descontrair um pouco. 

Algozes é um país fictício.. no continente qualquer de um planeta distante. 

Tudo em Algozes tem um valor superior, menos a vida, o respeito e a garantia de direitos para todos. Algozes é um exemplo nítido de distanciamento social, de extremas desigualdades entre ricos e pobres.

Algozes já começou a garantir a distribuição regular de pão para quase todos os miseráveis, mas sem diminuir os privilégios dos ricos e dos poderosos. Sem diminuir realmente as desigualdades sociais. Os que passaram a ganhar mais pão continuam sem assistência médio-hospitalar, sem educação de qualidade, sem serem assistidos por políticas públicas abrangentes e eficazes na promoção da cidadania.
Os trabalhadores permanecem com baixa qualidade de vida, não gozam de transporte de qualidade, segurança, saneamento, acessibilidade etc.
Os setores que foram privatizados para oferecerem melhores serviços e mais opções de aos usuários viraram agências especializadas em práticas de lesar e enganar os cidadãos.
Vale enumerar algumas características de Algozes: o serviço de telefonia é péssimo e muito caro; os planos de saúde são totais engôdos; o transporte aéreo é uma caixa preta com passagem que variam de R$ 63,00 a R$ 2.400,00 no mesmo trecho e no mesmo dia, uma mesma empresa aérea vende passagem mais barata no exterior e aqui, a mesma passagem, vende bem mais cara; os lucros dos bancos não pararam de crescer nos últimos vinte anos e cobram as maiores taxas de juro do mundo; a carga tributária sobre os cidadãos é uma das mais elevadas do mundo, com imposto retido na fonte e sobre salários; as fábricas de automóveis fabricam carros de qualidade inferior e com preços bem mais elevados que nos países das matrizes; o transporte coletivo urbano é caro e precário; os meios de comunicação continuam concentrados nas mãos de poucos; os conflitos pelo domínio da terra são constantes e envolve índios, quilombolas, fazendeiros e sem-terra; a violência cresce de forma assustadora atingindo todos os estratos sociais e a educação cada dia fica pior.
Além disso, Algozes tem os estádios de futebol mais modernos e luxuosos do mundo, seus políticos recebem altos salários e cada um custa milhões aos cofres públicos mensalmente, juízes condenados são aposentados e ficam recebendo salário sem trabalhar como punição, O valor do salário mínimo é muito aquém dos países ricos e, como se nada disso bastasse, mais de R$ 60 bilhões são desviados por ano pela corrupção.
Em Algozes há tempos o povo aguarda uma reforma política, fiscal e tributária. A municipalização dos serviços e dos recursos está se convertendo em um processo crescente de desvio de recursos públicos. A impunidade por enriquecimento ilícito é quase 100%. Roubar coisa pública não é crime hediondo.
Algozes possui estatutos e cotas para tudo, mas nenhum direito é efetivamente assegurado e protegido, é uma perfeita ficção jurídica.
Colaboram para compor esse modo de ser de Algozes o caráter reacionário e anti-democrático das suas elites de esquerda e de direita, que são refinadamente autoritárias, que são autoritariamente ilustradas e abusivamente violentas.
Porém, o povo é feliz, pois é proibido ficar triste, manifestar revolta e criticar. Porque a liberdade é permitida, mas deve seguir a forma e o modelo de uso determinado pelos senhores detentores do poder. O povo pode fazer o que quiser menos participar politicamente da condução da coisa pública. Tentar fazer política em tempos de futebol e a carnaval é crime hediondo, inafiançável etc. Porém, as eleições ocorrem em dois em dois anos. O voto eletrônico virou uma mágica.
Enfim, em Algozes vale mais a vidraça do que a vida e a dignidade.

A incrível mágica de reduzir a história da particpação política à história dos partidos

O Brasil vive um momento fecundo e desalojador de crenças e noções naturalizadas... 
Acho pertinente, diante de alguns dilemas envolvendo partido, perguntar:
Quando surgiram os partidos? Não existiam formas legítimas de participação política antes dos partidos? Não existia política antes dos partidos surgirem? Partido e ter partido é restrito a sigla registrada no TSE? Ser parte é só por partido? O que li dos registros históricos... não me levam a respostas do tipo SIM, SIM, SIM... O que é um partido atualmente na prática? 

quinta-feira, junho 20, 2013

Manifestações em São Luís: as formas sempre iguais de ver e de desconsiderar o que é democracia



Sendo repetitivo. Não sou contra partidos. Fui filiado ao PT de 1991 até recentemente... quando disse: Estou fora!. O que percebo não é tanta a intolerância dos manifestantes, mas o caráter autoritário de alguns partidos, principalmente os paridos que sobrevivem tomando soro com data vencida do comunismo, que insistem em não respeitar as orientações do movimento e querem antidemocraticamente impor o que eles pensam e desejam a partir das suas cartilhas marxistas, taoistas, bolchevistas, castrista etc.

Eles, arraigados a ortodoxia da doutrina das vanguardas iluminadas, acham-se os verdadeiros detentores da consciência política e revolucionária, em puro exercício de delírio. Acham que ali só tem tolos e eles vão conduzir as pessoas para o que pensam ser forma correta fazer de política. Isto é, todo mundo seguir as orientações "revolucionárias" deles. 

Eles querem ser líderes de algo que não construíram e quem não têm legitimidade para direcionar. Desafio qualquer um desses partidos a convocar um ato público. Por que não chamam a população para uma manifestação? Usem o dinheiro do fundo partidário para promover audiências públicas. O que fazem fora do período eleitoral? 
Democracia é para quem tem a Democracia como um valor. Se a maioria não quer bandeira de partido, que democratas são esses que não acatam a decisão da maioria? 
Essas bandeirolas são para barganhar publicidade e somente isso. 
Seria mais rentável o partido se fazer presente enquanto organização, em prol da cidadania, criando canais de diálogos, de formulação e de defesa dos direitos dos cidadãos. Ser protagonista e voz do interesse geral de forma integral, e não ficar restrito a horário eleitoral e a luta sindical. Que partido é democrata sem defesa dos interesses gerais e do bem comum?
Tenho amigos em todas essas siglas, pessoas que conheço para mais de 20 anos. Os respeito, mas não concordo. 
Enquanto esses partidos não perceberem que sem massa jamais serão partidos de massa, e jamais terão a massa sem compreender o que ela é e o que ela quer. Precisam perceber o tempo... e que há tempo para tudo. 
Não ter partido não é igual a não ter causa. Não ter partido não significa estar desorganizado. Participar da política através de partido é algo recente e de período muito curto da história. Quantos dos eleitores brasileiros são filiados? 
Qual partido liderou os múltiplos processos que decretaram o fim da sociedade estamental medieval? Qual deles instaurou a sociedade moderna? 
Esses partidos estão demonstrando que são conservadores, um pouco parecido com os conservadores que queriam restaurar a ordem... quando a sociedade feudal ruiu... 
Essas manifestações não é e nem pode ser a Tomada da Bastilha.. tão pouco será uma "revolução" Russa, Cubana etc (talvez seja o que alguns partidos desejem). O Tempo vai revelar o que é... 
Vamos soltar tudo... deixem o novo chegar com a Democracia! 
Vamos parar de queremos ser a cabeça, os autores, vamos apoiar ... no universo social nada fica totalmente sem rumo... 

quarta-feira, junho 19, 2013

O chute saiu pela culatra: as manifestações e o autoritarismo de sempre



Os fatos históricos exigem tempo para que possam ser compreendidos e interpretados de maneira mais confiável. Aprendi nas aulas do primeiro período de C. Sociais, lembro bem. O que quer dizer isso, que no momento em que os fatos estão acontecendo não é possível fazer uma mensuração, descrição, interpretação, análise sobre seus reais e imaginários impactos com confiabilidade e geral porque ainda está em curso as ações/reações. Somado a isso o efeito miopia, muito próximo, não consegue ver a imagem com nitidez. Só quando os processos já se desdobraram por um certo período de tempo que o grau, o volume e poder destrutivo e criativo nos acontecimentos podem ser lidos de forma mais subsidiada e fundamentada. Mesmo assim sempre haverá possibilidade de inúmeras leituras dos fatos... e nem todos convergentes.

Faço questão de incluir a dimensão imaginária, para que fique claro que nem tudo que se acredita sobre a história é fruto de uma descrição fidedigna dos acontecimentos, mas, em boa parte, versões pautadas em suposições e marcadas pelo impacto emocional e de crenças do testemunho. Isso é uma coisa diferente da total e absoluta crença que o presente não possa ser pensado e representado. Aí é o problema está no limite intelectual do sujeito do conhecimento... 

Ninguém precisa esperar 500 anos, 1000 anos para constatar que conservadores do tipo reacionário estão incomodados, alguns com medo. E que desde o início das manifestações a turma que parasita a máquina pública sentem seus interesses ameaçados. 

Quem não sabe que tem gente se beneficiando da situação atual? Quem não sabe que existem oligarquias partidárias? Quem não sabe que séquitos partidários ficam na obrigação de ser contra essas manifestações. Difícil mudanças ocorrerem sem contrariar algum tipo de segmento. Já vejo ganho: o medo e a preocupação dos arrogantes que ocupam o poder. Além da clara e inequívoca irrelevância dos partidos políticos brasileiros como mediadores, canalizadores e representantes de demandas sociais legítimas. O povo brasileiro está responde ao corporativismo cego e à mafialização do Estado.

Observação: Não é de se duvidar que os Vândalos e saqueadores, em boa parte, sejam pessoas recrutadas e a mando dos poderosos para descredibilizar e criminalizar as manifestações. Os mesmos métodos utilizados pelos militares. Os maiores criminosos estão no poder. 

domingo, junho 16, 2013

Eles não combatiam ditadura, só desejavam tomar o lugar do ditador...


O que mais está atordoando esses senhores? É o novo... a forma fora do convencional, sem aqueles líderes babacas fazendo discursos merdas... sem aquele aparelho de partido...e sem aquela cambada de intelectuais formuladores da doutrina... Todos estão órfãos... e isso assusta... e aí caem no desespero de xingar etc., etc. As indignações não são recentes..estão presentes cotidianamente nas redes sociais.. o que tem de novidade nesse momento é que a moçada percebeu que só a internet não basta... as ruas precisam ser ocupadas.

Por que essa dupla PT e PSDB não lançam conjuntamente O BOLSA CIDADANIA, já que ambos brigam pela paternidade do Bolsa família? Ou um Estatuto do Cidadão, proibindo o uso do cacete, bombas, cachorros e cavalos  contra cidadãos em gozo dos seus direitos políticos? 

sábado, junho 15, 2013

Mais de 60% dos brasileiros reprovam atuação da polícia, diz FGV

"13/12/2012 - 14h57

Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O relatório sobre a confiança da população na Justiça, elaborado pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que 63% dos brasileiros estão pouco ou muito insatisfeitos com a atuação da polícia. O percentual de insatisfação foi maior entre os mais pobres, 65%, e ficou em 62% entre os mais ricos.
"É um dado alarmante, principalmente se considerarmos os últimos acontecimentos envolvendo o assassinato de policiais e diversas pessoas na periferia [de São Paulo]", disse Luciana Gross Cunha, professora da FGV e coordenadora do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil).
A pesquisa também traz o Índice de Confiança na Justiça que, no segundo e terceiro trimestres deste ano, registrou 5,5 pontos, considerando uma escala de 0 a 10. O índice é obtido com base em casos concretos, como quando o cidadão recorre ao Judiciário para resolver conflitos. O indicador leva em conta a opinião da população em relação à celeridade, honestidade, neutralidade e custos de acesso à Justiça.
Segundo a pesquisa, o Judiciário é considerado moroso para 90% dos entrevistados, por solucionar os processos de forma lenta ou muito lenta. Além disso, 82% das pessoas consideram alto ou muito alto os custos de acesso ao Judiciário e 68% acreditam ser difícil ou muito difícil usar o sistema. Outro dado revela que 64% dos pesquisados avaliam o Judiciário como nada ou pouco honesto, e 61% nada ou pouco independente.
No ranking das instituições mais confiáveis, as Forças Armadas lideram com 75% das opiniões, seguida pela Igreja Católica (56%), Ministério Público (53%), grandes empresas (46%), imprensa escrita (46%), governo federal (41%), polícia (39%), Poder Judiciário (39%), emissoras de TV (35%), vizinhos (30%), Congresso Nacional (19%) e partidos políticos (7%).
Foi avaliada também a confiança em relação a determinados grupos do convívio social. A família ficou em primeiro lugar, obtendo a confiança de 89%, seguida por colegas de trabalho (34%), vizinhos (30%) e, em último lugar, pessoas em geral (21%).
A pesquisa ouviu 3.300 pessoas no Distrito Federal e em sete estados (Amazonas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul), no segundo e terceiro trimestres do ano.
Edição: Carolina Pimentel"

Minhas considerações: Já disse que a PEC 37 é equivocada e inoportuna. Equivocada porque quer colocar no ralo do corporativismo uma questão de ordem Política, Pública e de Estado. Isso não é uma questão de categoria profissional e nem deve ser manipulada como ferramenta de carreira. Não pertinente e soa totalmente inoportuna quando traz a restrição de investigar ao Ministério Público em um momento em que o país vive corroído pela corrupção e descrédito das instituições políticas. O ponto mais absurdo é querer restringir um instituição autônoma (republicano) em prol de um órgão subordinado ao poder Executivo. A pesquisa deixa claro o que o povo tem como entidades confiáveis. 

sexta-feira, junho 14, 2013

A incrível eficácia da força repressiva e as manifestações contra o aumento da passagem em São Paulo

Foto: Estadão

As manifestações contra os aumentos das passagens...
Quando no Brasil participação política foi tipificada como "formação de quadrilha"? É democracia? Quem são os dirigentes dessa democracia? 
As manifestações contra o aumento dos preços das passagens fizeram emergir com maior intensidade as vozes, as faces e as mãos do nosso mais genuíno produto: o Autoritarismo. Esse componente social e cultural é um ponto em comum entre os que tradicionalmente se autodenominam tanto de esquerda como de direita. 

No Brasil, o autoritarismo não pode ser visto apenas como componente dos momentos ditatoriais de ruptura constitucional, trata-se de um elemento norteador presente culturalmente, socialmente e politicamente na nossa realidade.  Portanto, Democracia nunca foi valor de primeira ordem para os que lideraram as ditaduras, nem para os que se colocavam em oposição a elas. As disputas e os enfrentamentos deram efetividade a um jogo pela alternância no controle do aparelho repressivo do Estado, um querendo tomar o lugar do outro no gerenciamento da opressão. O valor maior é ficar no topo da cadeia autoritária.

Recentemente assistimos São Paulo, a maior e a mais rica cidade do país, com um PIB maior que os PIBs de países vizinhos, ser sitiada por criminosos do PCC, que praticaram diversos atos terroristas contra o povo. Não eram ações promovidas por cidadãos comuns, mas por membros de uma facção criminosa. Os governos federal, estadual e municipal passaram dias debatendo a questão sem promover uma reação massiva. O que eles faziam? Debatiam, tentando equacionar dilemas de competência por conta da alta fragmentação do Estado. O Estado foi sucessivamente remendado, perdendo congruência ao ponto de não ter uma ideia institucional firmada e facilmente identificada. Ele está fortemente desarticulado, particularmente enquanto federação e república. Enquanto isso, os criminosos agiam e acuavam os cidadãos sem sofrerem repressão massiva  da Forças de Repressão. Onde estavam os efetivos e as armas da polícia quando os bandidos aterrorizaram São Paulo? Como o Estado se mostra impotente, ineficaz contra a criminalidade e, logo em seguida, aparece com toda grandeza e eficácia para massacrar cidadãos, jovens, mulheres que estão exercendo legítimo direito de reivindicação e protesto? Como o aparelho repressivo não promove segurança pública nem inibe eficazmente as ações dos criminosos  que assaltam, estrupam, sequestram, roubam e matam cidadãos de bem?  Por que tanta força e repressão contra participação política? Estranho!

Passe Livre
Esse episódio deixou evidente que as forças de segurança são ineficazes e omissas quando é para promover Segurança Pública, mas altamente eficaz para reprimir cidadãos em gozo de seus direitos (em tese). Isto é, as forças de segurança ainda são formadas prioritariamente para realizar Repressão Política.

Reside nesse fato um consenso entre os entulhos autoritários de esquerda e de direita. Não sem motivo, tucanos e petistas estão em silêncio diante da dura e massiva repressão contra os manifestantes que lutam pela redução dos preços das passagens de ônibus coletivos. Particularmente nas cidades de São Paulo, Rio ,Porto Alegre, Goiânia, Natal, Brasília. Isso revela a força e a intensidade das similitudes políticas entre os irmãos siameses: PT e PSDB. Desde 1985 esses dois partidos estão se reversando na manutenção das excrescências autoritárias e antidemocráticas no poder. 
O PT e PSDB são os maiores artífices da destruição do avanço democrático no Brasil. O Estado desfigurado e a república com reduzido ethos cívico, facilitou a implantação gradativa da diluição da democracia na vida cotidiana, configurada através de um processo dissimulado de engessamento da participação política. Os principais agentes e organizações mobilizadores ficaram atrelados aos chefes dos governos e fingem-se de mortos. Cadê as centrais sindicais, entidades estudantis, partidos etc? Os "líderes" estão mamando através de algum cargo comissionado, assessoria etc. 

Esse processo fez com que diversos segmentos sociais e categorias profissionais perdessem força crítica, ativismo e capacidade propositiva. A participação foi restringida ao ato mecânico de votação eletrônica, que em si praticamente anula o poder fiscalizador direto dos cidadãos. As eleições não são transparentes, mas totalmente invisíveis.

Tudo foi gerado sem alarde porque teve como cortina a estabilidade econômica, cujas referências de sucesso estão representadas pelo controle inflacionário e o aumento do consumo por parte significativa da população. Essa "inclusão" consumista teve como uma de suas alavancas o programa Bolsa Família, que já soma 13,8 milhões de famílias cadastradas. Esse programa tem garantido a transferência direta de renda às famílias de baixa renda, que empregam diretamente esses recursos no consumo direto.

Com essa convergência de fatores, o autoritarismo ganhou estabilidade e sobrevivência confortável, o que gerou um contágio retrógrado e conservador em todas as instituições. Basta ver que a Reforma Política nunca aconteceu, o sentido e a condição mesma da oposição tomou forma ineficiente politicamente, em grande medida o empate entre governo e oposição é despolitizado. Quais os grandes projetos ou bandeiras defendidas atualmente pelos partidos? Qual as alternativas apontadas pela oposição?

Nesses dias de manifestação presenciamos um violento e infame ataque à Democracia, que consiste na criminalização da participação política. Querem impor como verdade que a liberdade política não deve ter garantias. Que democracia existe sem garantia dos direitos? Que democracia é essa, onde os Governadores dos dois maiores estados do país (São Paulo e Rio de Janeiro) tentam desqualificar as manifestações de rua por serem atos políticos? Em qual democracia os cidadãos não podem praticar Política? Não é um absurdo um ocupante de cargo político colocar como indesejadas manifestações políticas? Sem ser percebido como ditadura vivendo um período autoritário marcado por corrupções.

Os ataques ferozes dos ocupantes do poder contra a participação política, para além do ato restrito de votar, refletem a lama autoritária que domina o Aparelho de Poder e as principais instituições políticas no Brasil. Eles não suportam Democracia, porque ela exige vida política, cidadania ativa. Demonizar a Política é sugerir sua morte. Estamos em uma ditadura disfarçada com um "Estado máfia", onde não existe mais reserva moral e comprometimento mínimo com  os interesses gerais.

O que querem os donos do poder? Querem estabelecer como doutrina a liberdade sem liberdade, onde todos podem ser livres, mas não para participar.  O cidadão pode votar, mas não pode realmente participar da condução dos negócios públicos. Isto é, o cidadão não poder fazer manifestações políticas. O que é a cidadania nisso?

Hoje ficou claro que não temos aparelho de segurança pública, mas um aparelho monstruoso de repressão política, pautado na anti-democracia.  

Cabe observar que o direito de ir e vir está sendo exaltado somente em nome do que possuem carros. O ir e vir só pode ser garantido para os que têm carro? Assegurar o direito de ir e vir não é cabível quando implica em dar acesso ao transportes públicos? Podemos gozar do ir e vir quando não podemos pagar o transporte coletivo? Temos também que destacar o crescente montante de subsídios dados às empresas de ônibus nas últimas décadas. Além do que arrecadam com as passagens ainda existem subsídios. Algo que precisa ser investigado. Falta transparência nesse negócio entre políticos e empresas de transportes coletivos. 

Essa situação revela um Estado politicamente enfraquecido, sem ideia institucional de interesse público definida. Os Executivos e os Parlamentos viraram consórcios de partidos e lobistas, em ações análogas a da máfia. Retalhando pastas e investimentos sob a égide de percentuais propositadamente para alimentar interesses privados (individuais e corporativos). Reside aí a promiscuidade das verbas públicas com caixas de campanhas eleitorais. Quem vai fazer a reforma política que precisamos? Como impediremos tantos corruptos de continuarem ocupando o centro do poder? 

Agora testemunhamos o verdadeira alma "democrática" dos que outrora combatiam a ditadura. Qual sentido de "democracia" que alimentavam instaurar? E se os atuais ocupantes do poder, que se reversam como parceiros dos fósseis do autoritarismo, tivessem tomado o poder na década de sessenta? Pois são eles, em quase sua totalidade, que estão no comando do poder político. 

No mesmo quadro dos espantos e horrores anti-democráticos fica registrado o comentário do Arnaldo Jabor, projeto malfadado de imitação do Paulo Francis, que não disfarçou sua visão estreita e reacionária diante das manifestações de rua contra o aumento das passagens. No olhar congelado e anacrônico desse senhor as manifestações são reduzidas a ações de uma esquerda latina ultrapassada. Isso não é só posição, mas patologia de quem perdeu a capacidade de perceber mudanças e o novo. Triste ainda constatar que após elogiar as manifestações na Turquia, porque são contra a islamização, o senhor Jabor finalizou seu comentário afirmando que as manifestações não valem vinte centavos (R$ 0,20). Esse é o preço da cidadania no leilão dos setores reacionários que controlam o país.

Como já frisado: o autoritarismo é o ponto de convergência. Jabor com esse comentário assumiu o discurso doutrinário petista contra as classes médias. Marilena Chaui e Arnaldo Jabor são idênticos quando a questão é ser contra a participação democrática.

Porém, a capacidade humana de produzir novas realidades não cessa, mesmo quando a política é massacrada. No mundo inteiro as ruas estão sendo ocupadas por pessoas que não suportam mais ficar a deriva no mar das artimanhas dos poderosos. O novo quando surge faz ruir ou confunde visões cristalizadas. Muitos desqualificam as manifestações por não encontrarem nelas os velhos paradigmas de manifestação e participação. Quem disse que as manifestações atuais precisam de um aval das falidas e viciadas instituições? O caminho da participação está ganhando forma fora dos partidos políticos, sem o ranço das ideologias e doutrinas que moldaram os últimos séculos.


No Brasil as manifestações denunciam a corrosão Política e os ataques à Democracia  produzidos pelos antigos opositores do "regime" militar que, após a abertura política, associaram-se com as vertentes mais expressivas do autoritarismo e do conservadorismo retrógrados, deixando o povo entregue à própria sorte, sem hospitais, sem segurança, sem transporte, sem educação de qualidade. O que precisa ser criminalizado são os políticos corruptos! 

terça-feira, junho 04, 2013

Hoje é terça do quadradinho de oito


O quadradinho de oito é uma colossal peça do nosso momento histórico. Vivemos a marca de sermos a 7ª economia do mundo, mas sem desenvolvimento (combinação de crescimento econômico, melhoria na qualidade de vida, diminuição de desigualdades e mais efetivação de direitos). 

Nunca fomos tão maltratados na assistência médica/hospitalar, é horrorosa as condições dos transportes coletivos urbanos, as estradas a falta de melhores serviços nos aeroportos e absurda perversidade de manter o país sem trens de passageiros (tudo alimentado por lobby). O país ainda está aquém do nível regular de saneamento, esgotos e lixos não tratados atinge a quase totalidade dos nossos municípios.  
A educação é um capítulo vergonhoso, por um lado a massificação do acesso e de outro as precárias condições de funcionamento das entidades de ensino, tudo combinando com uma crescente desvalorização dos profissionais da educação, que ganham bem a quem do que corresponderia justamente às exigências de qualificação e atribuições profissionais. 

A violência cresce de forma absurda. Os crimes se multiplicam e a ideia penal no Brasil virou um carnaval sombrio: a desumanidade faz alternância com complacência e impunidade. O Estado perdeu a capacidade de gerir a pena e as vítimas são totalmente esquecidas. 

Você cria dádivas, mas sem garantir direitos. Isso é o quadradinho de oito.
A estupidez reinante entendeu que fazer justiça social é estritamente comer todo dia, que combater pobreza é unicamente garantir um renda mínima. Comer todo dia evita algumas tragédias, mas não resolve, por si só, a questão da pobreza acentuada. Pobreza nunca foi só menor quantidade bens materiais; sobre o pobre também recai o desprestígio social e inúmeras outras carências. "Nem só de pão vive o homem". 

Hoje o Brasil ESTÁ com menos necessitados, mas não TEM uma quantidade menor de pobres. A situação atual não revela uma mudança no grau de autonomia e capacidade pessoal de sobrevivência. Isso, para a grande maioria dos assistidos não teve aumento. Permanecem como clientelas, e boa parte é subjugada pelo uso eleitoral da distribuição dos benefícios. Soma-se a isso, o vergonhoso montante de pessoas cadastradas no bolsa família de forma indevida. 

O quadradinho de oito é a lógica reinante, mostra o grau de mentalidade e abstração que impera de cima para baixo e de baixo para cima. A corrupção é geral. 

A comissão da verdade já tem uma verdade. Não busca o esclarecimento dos fatos e nem chama todos para um reflexão sobre os caminhos desnecessários tomados no passado. Não. A comissão da verdade está insistindo erroneamente em apresentar uma verdade sem contraditório, mas está atirando no pé. Em um contexto de agudo descrédito dos políticos e das instituições políticas, não parece inteligente travar bate boca com ex-membros dos órgãos de repressão, tão pouco formar palanque para eles. Quem disse que 100% da população acha que o Golpe foi desnecessários? Se a pergunta for direcionada para saber a aprovação ou reprovação quanto aos métodos de tortura e às prisões, é muito provável... que a maioria esmagadora dirá que reprova. Mas isso não quer dizer que eles concordassem com uma revolução comunista ou socialista. Isto é, nem todos que são contra a tortura, foram ou são contra ao enfrentamento ao comunismo ou socialismo. Ainda existem os que acreditam na necessidade de uma intervenção preventiva. O bate-boca com os ex-militares (do período ditatorial) possibilita a eles serem  apoiados pelo coro dos descontentes. Basta ver como repercutiu algumas falas nas redes sociais. A verdade da Verdade pode ser a não planejada.  

Aposto que aquela bem intencionadas senhoritas ... pensaram que o quadradinho é um dado, que é um cubo. O cubo NÃO TEM oito faces, mas TEM oito vértices. É uma questão de boa vontade. Se não fizer tal esforço não é politicamente correto. Eis uma das lógicas do nosso tempo: onde a realidade e a abstração não coincidirem com os esquemas de enaltação pró-perpetuação no poder, serão anuladas ou estendidas até onde podem servir de justificação, pouco importando a consistência, o que mais importa é a distração dos sentidos em forma de festa fascinante. Tanto assim, que a precariedade, a decadência é enaltecida como manutenção das tradições e da originalidade. 
Enfim, chegamos à fórmula politicamente correta de cada um no seu quadrado. 
Hoje é terça do quadradinho de oito no país endinheirado que fica mais pobre. 

domingo, junho 02, 2013

Na estrada com Elias


Na estrada com Elias. Encontrei esse flamboyant vermelho na BR 135, próximo da Fazenda São José. Olhei essa árvore e um belo arquivo da minha memória foi ativado. Certa vez resolvi ir de Ribeirão Preto a Salvador de ônibus. Verifiquei o trajeto em um mapa e tudo pareceu perto e sem demora. Concluí: uma viagem fácil e rápida. A minha mente ficou povoada de curiosidades sobre as paisagens do sul da Bahia e do interior de Minas. Ainda mais que estava de posse de uma câmera fotográfica monoreflex, SLR 35 mm da marca Zenit.  Pois bem... eis que a hora da viagem chegou e na plataforma estaciona um ônibus nada igual ao que aparecia na propaganda da empresa. Logo em seguida vi que as pilhas de caixas e malas que estavam na plataforma, sem nenhuma restrição, foram lançadas nos bagageiros do ônibus. Só o ato de carregar os bagageiros garantiu, logo no início, um atraso. 
Quinze minutos depois e as malas, pacotes etc. ainda não estavam todos acomodados no bagageiros.  Uma multidão de cidadãos na porta do ônibus, todas ávidas para pegar o seu lugar. Os passageiros começam a entrar no ônibus... grudados aos seus corpos mais sacolas, bolsas, rádio-cassete-cd e um imponente  poodle branca, um contraste diante das faces queimadas de sol. Fiquei hesitando, pensando em desistir da viagem. Respirei e comecei a pensar no lindo mar de Salvador, na enseada perto do Farol da Barra e em Amaralina, Mercado Modelo, Pelourinho e os shoppings, os shoppings sim. 
Saí procurando a cadeira trinta e alguma coisa... O bagageiro superior estava abarrotado de coisa, uma sacola laranja de napa se destacava... Sentei do lado da janela... Do meu lado uma senhora com seus mais de 60 anos de guerra, cabelos já brancos. A vizinhança estava composta pela dona do poodle, ao lado, na frente o dono do rádio+cassete+cd, na poltrona atrás tinha uma senhora deitada ocupando as duas poltronas. 
Motorista deu partida e teve início a odisseia desse negro-índio-cristão novo-pardo. Som rolando, poodle agitado e um turbilhão de conversas. 
Tempos depois a senhora que estava do meu lado desceu em uma cidadezinha, em Minas, fiquei só e de posse das duas poltronas. Deitei, tentando dormi, mas não consegui. Fiquei lá quieto ouvindo as histórias. A viagem foi isso as pessoas iam relatando suas vidas uns para os outros: os empregos, as dificuldades, os lances de sorte etc. Um senhor, que estava sentado na parte dianteira do ônibus passou periodicamente a ir conversar com a dona do poodle e assim foi se entrosando com todos, contava piada, cantava. No início da noite ele já era conhecido de todos. O som rolando axé ou algo assim. na madrugada a discotecagem passou ao comando desse senhor contador de piadas. Cada canção mais melancólica do que a outra... Abri meu kit-sobrevivência: bolachas recheadas e maças e comecei a enganar o estômago. Já bem tarde ... o ônibus começou a cair em buracos, trepidação infernal. Começa uma chuva de coisas sobre a minha cabeça: saboneteira, um vidro de desodorante de Rastro, uma escova de cabelo.. Por fim caiu a sacola laranja de napa. 
Cansaço, desconforto e sono. Cochilava e despertava sucessivas vezes. Algumas pessoas resolveram fumar dentro do banheiro, o odor do cigarro tomou conta do ônibus. Abri a janela e fiquei olhando para as estrelas. O rádio do cara continuava ligado. Terminei mais um pacote de bolacha. Foi amanhecendo e  pude ver o sertão... a imensa caatinga, as elevações do terreno, as casas. O ônibus foi, aos poucos, esvaziando. Cada um que descia deixa sua saudação de boa sorte. Pequeno vilarejos, casinhas solitárias em meio à imensidão de galhos secos e pedras. 
O céu azul, bem azul, dia claro...o ônibus avançava rumo a Salvador, que para mim já era também salvação. Peguei o livro "O que é sociologia" de Norbert Elias e comecei a ler calmamente... Fiquei refletindo sobre o conceito de configuração. Em um instante olhei para o lado e vi bem ao longe uma casinha branca com um flamboyant vermelho florido ao lado... O Branco da casa e o vermelho das flores destoavam excessivamente do cenário. Aquele lugar estava resumido a galhos secos retorcidos, sem nenhum verde, nenhuma cor... O ônibus foi descendo a ladeira e fui perdendo de vista a casa e o flamboyant. A partir daí batizei a viagem de Na estrada com Elias. 
Comi a última maça e pensei em jejuar até Salvador. A ansiedade já tão grande que pensei que Vitória da Conquista já era um bairro de Salvador. Não era um bairro da capital baiana e para piorar Salvador ainda estava longe. 
O poodle ficou em algum lugar entre Vitória da Conquista e Feira de Santana, ficou em um local onde a solidão e o abandono possuem um endereço aparentemente fixo. Imaginei aquele poodle na caatinga, descendo do altar dos braços de sua dona e ficando face-a-face com um cacto. Sua dona deve ter entrado nas histórias locais com a hipertrofia das impressões sobre sua conquista urbana: o poodle. Muito provavelmente foi pioneira local na tentativa de transplantar um status aparente a partir de poodle.
Desta maneira vivi quase mil e novecentos quilômetros dentro de um ônibus. Viagem que se prolongou por trinta horas, seis horas a mais do que eu esperava. 
 "Por configuração entendemos o padrão mutável criado pelo conjunto dos jogadores - não só pelos seus intelectos mas pelo que eles são no seu todo, a totalidade das suas ações nas relações que sustentam uns com os outros. Podemos ver que esta configuração forma um entrançado flexível de tensões. A interdependência de aliados ou de adversários." (N. Elias)

 SEM PROPOSTAS - ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2022 O que tem movido os eleitores brasileiro diante das candidaturas à presidência da República este ...