Não existe vida boa, perfeita sem sacrifício. Isso não é a vida. Não é a vida do cristão. A mais singularíssima e original visão do cristianismo é do sociólogo Durkheim: "Eles matam o Deus deles". O Deus é posto na condição humana, não é um guerreiro ou herói, mas um subalternizado que aceita a humilhação, oferece a outra face para apanhar e caminha para a morte. Não esboça fuga, não pede socorro. O fasta de mim esse cálice não é dúvida, fraqueza do Deus, não é. Trata-se de um ensinamento que revela a verdade da condição humana: todos possuem limitações e estão submetido à dor. O Deus não sofre mas se coloca na humanidade para exclusivamente sofrer. Nas nossas orações, em geral, pedimos o afastamento do sofrimento, queremos a salvação, mas sem dor. O mais perfeito paradoxo. Não é para cada um carregar sua cruz? Somos fracos. Deus tenha piedade de nós.
Jesus se colocou como resgate para a nossa Salvação, o grande sacrifício de expiação. Estabelece por definitivo a primazia da Vida. Deus que "morre" é a Vida plena e absoluta. A morte não é o fundamento, não é futuro, não é nada.
A misericórdia de Deus é infinita, mas nenhum humano pode definir o merecimento da misericórdia de Deus, somente Ele define os merecedores dela. Quem pode invocar ser o Juiz ? O convite é geral e irrestrito para o banquete, mas pouco serão os escolhidos.