O PT foi um forte componente na vida política brasileira desde a redemocratização. Foi uma das mais atuantes entidades políticas e esteve à frente de diversos acontecimentos importantes.
Foi, na oposição, um agente incansável na luta por direitos humanos e por transparência na esfera pública. Fez o melhor papel de oposição que um partido já fez no pós-1984. Errou, sem dúvida, mas teve momentos relevantes.
O PT fez um dos melhores governos da vida republicana. Consolidou o avanço econômico do país, gerenciou a ampliação da nossa inserção no mercado exterior, alavancou diversos setores, especialmente da construção civil, foi o que mais criou universidades, manteve e ampliou os auxílios sociais.
Por outro lado, engessou os movimentos sociais, não ampliou os mecanismos de transparência, esteve envolvido nos mais diversos escândalos, não radicalizou a democracia, não motivou o ethos republicano e, imitando o PSDB, formou um campo de aliança que abrigou os setores e personagens mais reacionárias, fisiológicas, patrimonialistas e corruptas da vida política brasileira. Também não se empenhou em prol da reforma política e da reforma tributária. Deixou a desejar na área de saúde e não fez avançar a democratização das comunicações. Além disso, vai deixar os brasileiros com os juros mais altos do mundo. Mas foi o melhor governo eleito democraticamente até agora.
Se for para oposição, o PT, provavelmente devolverá ao Congresso brasileiro uma atuação oposicionista mais qualificada e aguerrida. Dará mais ativismo aos movimentos sociais e às organizações sindicais. Principalmente porque muitos companheiros terão que retornar a faina. Sem os salários pomposos dos cargos de confiança, uma leva significativa de companheiros terá que readequar seu consumo e voltar a se preocupar com imposto, reajuste salarial e juros.
É óbvio que esse retorno não vai ser para todos, pois uns já estão com a idade avançada, outros muito obesos/refinados para passeatas e outras atividades fora dos gabinetes e cerimoniais. Também não retornarão os que ascenderam socialmente de forma extraordinária, passando de comerciário para comerciante, de funcionário público para milionário e de militante para consultor.
Por isso, o Brasil continuará avançando, mesmo se o PT for parar na oposição. Pois, se isso acontecer, o próximo Presidente será obrigado a ter um governo transparente e negociador. Agora o PT, mais do que ninguém, sabe como o sistema opera e se realimenta. Mas se a companheira ganhar os companheiros continuarão nos ambientes climatizados do poder (engordando).