domingo, novembro 20, 2016

20 de Novembro e o dia da Consciência da Sociedade Brasileira

Mãe com um filho albino. 
O 20 de novembro é importante na medida que persiste no brasil uma resistência em enxergar as desigualdades e uma recusa em reparar um dano histórico contra o próprio sentido de Humanidade. A escravidão é uma violência total, absurda e injustificável.
No Brasil persiste uma ideologia escravocrata de não ver danos e consequências produzidas pela escravidão que durou até recentemente: 1888. Como se a condição de escravo e logo depois ex-escravos não tivesse consequência sociais (no seu mais amplo). Como se não Brasil não existisse uma continuada espiral de pobreza e de extrema desigual vivida e experimentada por um vasto segmento do nosso povo. É tão recente a Abolição que meu avó paterno nasceu antes da Abolição de 13 de maio de 1888. Eu não tenho mais de 50 anos. Historicamente o período é muito curto em termo de sucessão de gerações, o que deixa evidente que muitas famílias ricas e muitas riquezas existentes no Brasil ainda foram formadas no período da Escravidão.
O que é uma reparação história diante de tal fato? A tomada de consciência dos danos, que tivemos um passado com uma marca de violência e injustiça e que NÃO ACEITAMOS e NÃO QUEREMOS MAIS ISSO. Ter a igualdade jurídica, social, política de todo o povo como um projeto inadiável, um valor primeiro.
As medidas afirmativas devem ser ser de caráter transitório no meu entender, pois se permanente é já uma afirmação que as medidas não vão alterar significativamente nada. As defendo como uma forma de expressão de reconhecimento e de um simbolismo necessário. As cotas, as políticas públicas segmentadas sozinhas não superam preconceito, não reduz significativamente a discriminação, porque nenhuma medida em si é suficiente diante de algo tão enraizado e naturalizado nas práticas cotidianas.  Há verdadeiros obstáculos e é preciso avançar para superação deles. Isso quer dizer que toda a sociedade tem que ir no sentido de desconstruir esses obstáculos. Se é fato que as resistências diminuíram, mas os obstáculos que operam automaticamente para desprestigiar e barrar ainda não foi reduzido significativamente.
Não defendo direito de ser só diferente pelo diferente, isso não é igual a ser cidadão igualmente, de portador real do Direito e da Condição Humana. A ideia de um Direito Humano de forma universal na sociedade é, para mim, o maior avanço civilizatório. Pois particularidades e diferenciações sempre foram as coisas mais presentes em toda e qualquer cultura. Isso do incesto até a exclusividade de conduzir os rituais, sempre alguns com um status diferente. Lógico que nem toda diferenciação gera desigualdade social e tampouco escravidão. Mas é preciso perceber que o preconceito mora e reside na "marca". O preconceito racial só é superado quando você olha para a outra e percebe não uma marca (cor ou qualquer outra coisa), mas ver nela sua totalidade de humano, de gente.
Há os que consideram privilégio certas medidas e tentam desqualificar por casos extremos ou exceções. Nenhuma medida volta a combater injustiça social é um privilégio, pois não é um benefício que melhore só o grupo, não é isso. Quem ganha com qualquer medida de reparação é a sociedade como um todo que: primeiro, se mostra disposta a ser mais justa; segundo, ela melhora globalmente sendo mais justa, ela ganha em ser melhor.
As medida afirmativas trazem simbolicamente efeitos imediatos positivos,mesmo quando ainda acham resistência.
No entanto, não milito no campo dos que revindicam o preconceito invertido, a caça para sair de oprimido para opressor. A liberdade real é superar todas as opressões. As ideias de supremacias raciais são todas abomináveis e anti-humana. Nós somos fruto do plural e diverso, a a espécie se perpetuou porque foi capaz de múltiplos cruzamentos, de ser reprodutivo independente de fenótipos e particularidades culturais (isso nunca foi barreira para sexo). Então o que importa está acima de sexo, sexualidade, fenótipo, gênero: nosso direito de Humanidade nesse Planeta. Todos iguais, humanamente.
Da mesma forma não faço coro junto ao que confundem mérito e meritocracia com injustiça. Competição com injustiça ou sistema predatório. Não existe verdadeiramente competição quando não existe condições reais de cada um competir, sem equilíbrio de recurso para obter êxito. Isso tem outro nome: Injustiça e deslealdade. Meritocracia não é para enaltecer injustiça e deslealdade, mas quem justamente e igual condição aos demais teve melhor desempenho. Sociedade totalmente destituída de meritocracia ou é um sistema de castas fechado, ou um sistema vergonhoso de privilégios por fraudes e crimes.
Sou otimista e acredito que o Brasil vai tomar a consciência necessária de superar a injustiça ainda herdada da escravidão. Zumbi é a simbolização do humano contra o anti-humano (a escravidão). Ninguém pode negar o Direito e a condição Humana dos negros (negro é uma criação histórica e social de rotulação e distinção e com consequências reais para a vida social).
Agora, não podemos esquecer que a parte fundante dessa questão está do outro lado do Atlântico, mais especificamente na Península Ibérica.
Uma questão nunca posta no Brasil sobre esse tema é: Quem deu origem a isso e qual a responsabilidade deles? Eles sentem-se responsáveis por isso tudo? Não podem ser cobrados?  
Viva Zumbi, viva todos os verdadeiramente humanizados.


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