segunda-feira, abril 21, 2014

Oposição: monocausalismo, onipotência e fixação


Nosso pensamento, em fase bem infantil, é povoado de noções míticas e mágicas. Mas o tempo vivido, de experiências e vivências, nos coloca na obrigação de raciocínios mais complexos e na tarefa árdua de trilhar no campo reflexivo, analítico e crítico. Nesse processo impõe-se os métodos, as técnicas que oferecem condições para o exercício exitoso do esforço de pensar. Blá, blá, blá... Isto é, pensar de forma consistente e construir explicações significativas e fecundas sobre a realidade social não é tarefa fácil.

O Maranhão não tem nenhuma mágica que faça a sua realidade ser compreendida e apreendida facilmente, aqui existe um micro-cosmo tão complexo e difícil como todos os outros espaços sociais. Não existe conhecimento nem método capaz de abarcar e dissecar a realidade social de uma só vez e por definitivo. Nenhuma sentença ou resultado consegue exato, preciso e cabal. Como uma realidade em movimento constante pode receber uma sentença explicativa por definitivo?

Uma das piores heranças do mandonismo sarneísta é a criação e manutenção de uma oposição-fã, que há tempos entrou em um estado de confusão total (mental). Principalmente quando Lula, Dirceu e todo o comando petista assumiram para a base petista maranhense a aliança com Sarney/PMDB, aliança essa de data bem longa. 

O golpe mais duro foi para a base petista local, que herdou a tarefa de constituir sua "tese" de racionalização e coerência da sua ideologia de esquerda e anti-Sarney. Mas, tudo que constitui a tal oposição ao sarneísmo, à oligarquia etc. enfrenta a mesma dificuldade de existir e de discutir os problemas de ordem política sem depender de Sarney, sem alimentar o mito Sarney. Toda a oposição sarneísta no Maranhão insiste em querer andar para frente com a cabeça fixa virada para trás. 

Será que teremos que ouvir por mais quantas décadas a justificação de tudo de errado por força de uma única causa? Quanto mais ainda teremos que ouvir sobre os males herdados do sarneísmo para justificar as promessas não cumpridas pelos os que estarão ocupando o poder? 

O tempo da constatação já passou. Faltar apresentar ideias e propostas embasadas para enfrentar diversos problemas existentes. Apresentar dados sobre isso ou aquilo, prova mais que se estar informado sobre como as coisas estão, a partir de um ponto de vista. As consequências  parecem bem mais fáceis de serem percebidas. Conhecer e compreender as causas requer um esforço contínuo e plural. Tarefa árdua. E o pior nessa ideologia anti-Sarney é o monocausalismo, que tanto produz miopia, opacidade  como uma transparência ilusória da realidade. Quem na sua onisciência achou a causa mestra (ou única) de todos os problemas e desgraças sociais existentes no Maranhão?  Outra coisinha danosa nessa ideologia anti-Sarney é a dupla onipotência, uma para dizer que Sarney pode tudo e logo tudo é produto dele, a outra onipotência é uma auto-atribuição feita pela oposição anti-sarneísta que acha que ela vai poder fazer tudo. O pior é que alguns realmente acreditam nisso. 

Os problemas, questões etc sociais existentes no Maranhão, como em qualquer outro lugar, são multi-determinados, múltiplas causas... A miséria reinante aqui não é grave só do ponto de vista econômico e financeiro. Predomina inúmeras misérias e produzidas para além do restrito campo da institucionalidade. Atentar para o aspecto institucional é importante, mas isso tem limite. Sempre bom conjugar essa abordagem à perspectiva dos processos e à dimensão fenomenológica. O Estado cada vez mais perde sua capacidade regulatória, concentradora, centralizadora e monopolizadora dos meios de gestão da vida. O terrível é a crescente perda de legitimidade do Estado como sociedade política. 

Todo conhecimento é parcial, aproximado e irremediavelmente defasado diante da dinâmica avassaladora da realidade. Quem tem essa exatidão de causas sociais não está no campo científico, mas na esfera mítico-religiosa da onisciência. Não existem fórmulas prontas; vai valer mesmo é vontade, o compromisso e o esforço sem trégua em enfrentar os mais agudos problemas e necessidades. É mais que óbvio que será preciso reunir e somar esforços. 

Não sendo esses fenômenos monocausais, não tem como desconsiderar os fatores culturais. Engana-se que existe uma homogeneidade de percepção, entendimento e representação da própria existência e da sua relação os com os outros. A comunidade cívica, que constituía a polis ou a civitas correspondia a um ethos. Nenhuma ordem social ou uma simples comunidade já existiu sem um conjunto de referências simbólicas e códigos norteadores. Os próximos anos serão a prova dos nove para essa visão de uma Maranhão de causa única, sem complexidade e sem o peso de condicionantes culturais. 

O passado já está concluído, não deve ser a prioridade. É preciso priorizar o presente e olhar para o futuro. Sarney já saiu de cena. Todos os domingos, na sua coluna de O Estado do Maranhão, o PATRIARCA descreve suas memórias... só não ver o seu OUTONO quem não quer. A questão agora na política maranhense é o que vai ser e quem honestamente tem compromisso com mudanças que correspondam a ganhos de qualidade de vida para o povo. O que está aí, não nos iludamos, o atual estado de coisas não alimenta só os que estão à frente do poder, não é, o que não falta na oposição são espertos tirando proveito e dividendos dessa situação. Portanto, bem poucos são os que realmente querem mais do que apenas tirar os Sarney do poder. 


  

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