sexta-feira, dezembro 24, 2010

UNÇÃO VERMELHA

O campo político possui complexidade própria, singularidades. Longe de ser um totem (canguru, camaleão etc.), como alguns intelectuais pensam, o senador Sarney é simplesmente um político brasileiro, cujo padrão difere bem pouco do existente (em grande volume) em todas as regiões do Brasil desde o Império. O que o difere é que nenhum outro teve tanto tempo de fama nem estruturou de forma tão sistemática e profissional o mandonismo.

Hoje o senador Sarney é um senhor que já demonstra as marcas do desgaste físico de 80 anos vividos. Carregou, como qualquer outro, as marcas de seu tempo, mas, teve a habilidade de perceber as oportunidades que se abriram em cada nova conjuntura. Sempre pondo à frente o princípio da sobrevivência, cedeu, negociou e ajustou-se, quando necessário.

Por outro lado, soube, e sempre fez com constância, remover, abortar e diminuir a ascensão dos adversários. Engessou mais de quatro gerações, que ficaram na periferia do poder ou excluídas. Impediu, sem medir esforços, qualquer renovação do quadro político fora de mando ou sem sua tutela.

Temos hoje uma classe política e uma elite política muito velha, não só pela faixa etária avançada, mas pela força dos novos que já nascem velhos (velhacos). É velha também pelo esgotamento, descompromisso, falta de idéia e vontade para responder positivamente aos graves problemas vividos pela sociedade maranhense.

Quem já teve o trabalho de conhecer a biografia do senhor José Sarney encontrou: ex-deputado federal, ex-senador pelo Maranhão, ex-governador do Maranhão, senador pelo Amapá, presidente do Senado e ex-presidente da República. Isto é, uma vida inteira ocupando mandatos eletivos. É isso mesmo, cargos por meio eletivo. Onde reside a força desse voto?

Para completar seu conteúdo curricular, o senador Sarney foi ungido pelo companheiro-mor Luiz Inácio Lula da Silva: “O Sarney foi meu companheiro fiel, leal das horas difíceis”. “Cidadão incomum” (título nobiliárquico).

Quem já observou sabe que o senador tem como marca ser leal aos que são leais a ele.
Quem mudou? Foi Sarney quem pulou de lado? Foi Sarney quem mudou de cor? Ou foi Lula? Ou foram ambos?

Na verdade tudo mudou. Parafraseando Heráclito... O mesmo Sarney não banha duas vezes no mesmo PT. Ou o mesmo PT não banha duas vezes no mesmo Sarney.

Resta saber se a unção é igual à unção dos enfermos. E para quem...
Eis a “dialética” do “SEMPRE”!

(Publicado originalmente em 08/12/2007. http://ethospolitico.zip.net)

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