sábado, março 10, 2012

TIPOS IDEAIS: OS MÚLTIPLOS DO PT E OS PETISTAS DOS MÚLTIPLOS




É recorrente, entre humanos, buscar recursos de simplificação que possam ajudar no processamento de equações do tempo, do espaço, do lugar, das situações, dos fenômenos etc. O dualismo é um desses recursos e, talvez, o mais operativo.

O exercício comparativo e percepção de similaridades são as chaves propulsoras do sucesso da simplificação dualista. No entanto, não nenhuma simplificação simples, por mais simplificador que possa ser seu resultado.

A composição, organização e inserção do Partido dos Trabalhadores (PT) no contexto político maranhense são recorrentemente pensadas e alisadas sob o recurso da simplificação. Ora, a utilidade desse recurso repousa sobre um leque enorme de fins e interesses. Exemplo: simplificar para camuflar, dissimular, iludir, racionalizar tendências etc.

1-           A aliança PT/Sarney é, antes de tudo, uma criação do comando nacional do partido. Tudo em conformidade com a lógica partidária predominante em torno da disputa do poder político, pela via eleitoral. Onde a justificação é toda montada na condição de governabilidade e de um “projeto nacional”.
2-           O PT no Maranhão não se reduz aos senhores Dutra e Washington, mas são os dois que monopolizam a guerra intestinal do partido, sendo também os maiores coletores dos frutos dessa lide.
3-           A classificação entre sarno-petismo e resistência mais esconde do que revela. Trata-se de simplificação para alimentar ocultações.

4-           NO SARNO-PETISMO TEM UMA ENORME VARIAÇÃO. CITO ALGUMAS:
a-     Operacionais - vão para onde o partido mandar, ordenam suas vidas a partir do partido e atuam como funcionários;
b-     Boss-políticos - (empresários, religiosos, marqueteiros etc.) pessoas de negócios, vivem da política, a convicção muda conforme as oportunidades do mercado político, entram e saem do partido movidos pelo montante de vantagens;
c-     Desterrados-de-jackson - aqueles que não barganharam nada no governo da libertação e estavam buscando uma oportunidade de vingança;
d-     Piratas - estão sempre atrás de tesouros e têm um olho escondido por trás do pano preto. Ficam jogando nos bastidores com suas peças preferenciais: chantagem e traição. Vivem do partido e seu foco é ascender socialmente de uma forma fácil. Flertam e fazem gestos tentadores para a Resistência sempre que querem arrancar mais alguma coisa do núcleo central do sarno-petismo.
e-     “Inexplicáveis” – são aqueles enquadrados na teorização lobatiana: “Aquilo que não se explica ou é C..., D... ou P....”.  
f- Ex-órfãos de Jackson - participaram do governo da "libertação" e ficaram VICIADOS nas benesses do poder e da boa vida palaciana. Descobriram o brilho da "carreira" de cargo comissionado e querem a todo custo se manter nisso. A doce vida.

5 – A RESISTÊNCIA  TAMBÉM TEM INÚMERAS VARIAÇÕES. DESTACO:
a-     Dutra - o Guerreiro de Saco das Almas, trata-se de uma personagem constituída e mantida no embate frontal com o sarneísmo, tem a hegemonia e preferência do nicho eleitoral constituído pelos anti-Sarney. Ele tem vida eleitoral-política própria, seu fãs o adoram independente de partido. Ele é por ele e se auto-traduz;
b-     Devocionários - existe um PT que só eles veem, fruto de uma crença, de uma paixão total. Mas é uma entidade ideal que é projetada na realidade na forma de uma miopia intensa. Só eles conseguem experimentar essa realidade fora da realidade. Em alguns, isso se manifesta como uma mistura de transe e delírio. São incapazes de encarrar o PT que existe na realidade política do país e no governo. Até hoje não admitem que foi Lula que procurou Sarney, que a aliança Sarney-PT, antes de chegar no Maranhão já era uma realidade polpuda no plano nacional – o Maranhão não é nacional. Não admitem que essa aliança nacional impôs uma humilhação ao petismo maranhense, além de priorizar e favorecer a continuidade do mandonismo sarneysista. Levam porrada direto, mas são incapaz de tecer críticas ao partido. A culpa toda é de Sarney ou Washington. Tudo se justifica pelo projeto nacional ou tendência;
c-     Dutristas – várias frações e grupos com certa autonomia, mas que gravitam em torno de Dutra, sempre acompanham os lances e ações dele para se posicionarem. Alguns são dependentes políticos do guerreiro;
d-     Caos-petismo – são castelistas envergonhados, que fazem uma política de inserção no ninho tucano de forma camuflada. Estão na resistência fazendo teatro, gente que só quer uma certificação de ter lutado contra Washington/Sarney. Isso para depois justificar, em nome do anti-sarneísmo,  sua adesão ao tucanato castelista. Querem encobrir com o anti-sarneísmo a condição neoliberal e de extrema-direita de Castelo. Tudo justificado pela luta contra Sarney; 
e-     Revoltados masoquistas – não aceitam aliança com os Sarney, fazem críticas abertas ao partido, não encontram mais coerência entre o discurso e a prática partidária. São indivíduos que não sentem mais identificação com o partido, mas permanecem no partido como uma forma de autopunição, autoflagelação;
f- Órfãos de Jackson - aqueles que tinham um espaço comissionado no governo da "libertação". Uns estão tentando achar uma posição sem a luz das benesses do poder. Outros agem em busca da recuperação. Ficaram traumatizados com a cassação e ainda não se encontraram no espaço tempo da política, gente magoada;
g-      Resistentes – são os que propriamente compõem a resistência.  Assumem críticas ao partido, lutam por ampliação de espaço dentro do partido e apostam em uma retorna de foco do projeto partidário pela via democrática, progressista e popular. Não fazem concessões à direita política. São pessoas com serviços prestados ao partido. Não vivem da política nem do partido. Vivem para a política e para o partido. Acreditam na Política como espaço humanizado e humanizador. São opositores firmes ao sarneísmo, sem farsas nem proveitos pessoais.  Mas é uma minoria política e numérica. 

É óbvio que estamos diante de uma tipificação incompleta, muito aquém da variedade existe na realidade. Coloco em destaque, para melhor entendimento, que cada tipo desses pode estar combinado a tantos outros tipos. No corpo de um operacional sempre cabe um pirata e vice-versa.

No entanto, a visão dualista corrente é muito estreita e contorcionista, particularmente ao tratar da aliança PT-Sarney, tanto no que tange a autoria como sua abrangência e consequência.
Por outro lado, é sempre bom frisar que anti-sarneísmo não é atestado de idoneidade moral, nem de competência. O anti-sarneísmo tem sido utilizado como guarda-chuva sob o qual diversos tipos venais estão escondidos. Somo a isso a malandragem enganadora de justificar apoio a Castelo em nome do anti-sarneísmo. Não há nenhuma coerência nisso, e petista que é oposição aos Sarney não pode apoiar Castelo, pois não estaria fazendo um voto melhor, mas um voto muito pior, pois esse senhor é um subproduto, um resíduo político tóxico do mandonismo sarneysista.

Superar o mandonismo saneísta é derrotar e remover da arena político-partidária seu núcleo e todas as suas crias malévolas. Não superação sem traumas. Todo parto é um fato-dor.. por mais belo que possa ser o nascimento! 

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