domingo, março 22, 2020

COVID-19 e o Brasil em Perigo: sem capacidade governativa e sem chefe de Estado

É NOTÓRIA a incapacidade governativa desse atual ocupante do mandato de Presidente da República.
Sob pressões e conflitos de interesses, ele não só demonstra o já sabido despreparo, mas extrapola todo o bom senso e encena momentos de completo desatino, beirando um estado de irresponsabilidade típico dos inimputáveis (por força de sua sanidade comprometida).  
O presidente, alimentando teorias conspiratórias, com ideias fixas e pensamento recorrentes, atesta sua total incapacidade de estar no exercício da chefia de Estado e igualmente à frente da chefia de governo. O posto de Presidente está ocupado mas não está preenchido (não é exercido com tal).

Bolsonaro carrega a paranoia de estar sendo traído sob sucessivas conspirações. Tem obsessão em permanecer no poder e de ser um líder carismático (amado pelo povo). O pior é que ele acha que uma pequeno séquito representa o povo. Só isso, por si só, já o deixa sem a menor condição de praticar um único ato sensato e de compromisso com interesse público. Ele ouve mal, enxerga mal e fala asneira demais. 
O atual presidente é uma figura caricata e grosseira, basta ver que a máscara para tapar o nariz e boca ele usou para tapar os olhos e depois para tapar um dos ouvidos.  No satisfeito como o horror produzido pelo novo coronavírus, busca inibir as ações dos governadores que estão tentando controlar os fluxos rodoviários nas divisas dos seus Estados - como forma de diminuir uma maior propagação do vírus Covid-19, principalmente nos Estados em que os governadores são considerados  potenciais concorrentes na próxima eleição presidencial. Por que tudo isso? Por que tanto palavrório? Porque só tem projeto de poder pelo poder e ele já começou a sentir que lhe falta chão (o lastro político orgânico). Ele está sentindo que na democracia a maioria é flutuante.
Manter a movimentação rodoviária tal como está nas divisas dos Estados-membros é um ato  eleitoreiro, visa agradar os caminhoneiros, não é garantir abastecimento (qual o governador que vai querer seu Estado desabastecido?) e isso tão desesperado quanto o ato irresponsável de ter ido abraçar os manifestantes, mesmo contrariando as recomendações sanitárias (certamente está escondendo que está infectado)  - foi puro desespero de quem não sabe governar e que decepciona a cada dia até os mais crentes dos seus seguidores. Ele queria segurar em alguma mão para se sentir querido e estancar a sensação de queda livre. 
A massa dos indignados já viu que Bolsonaro não trouxe nenhuma das mudanças necessárias e é incompetente para tal (parte da classe média branca bateu panela). Bom lembrar que ainda estamos no início do segundo ano de governo. 
No mais é a tristeza de ver o representante político de todo o povo brasileiro se colocar de forma subserviente e a até infantilizada (para não dizer patética) diante do presidente da América. O que era para ser um estadista se expõe como um bobo fascinado diante de um carrossel fictício da Disney - ele mata o chefe de Estado  - que é impessoal, principalmente quando enfatiza sua suposta amizade com Trump, em uma exacerbação sentimental pessoal e subserviente.  Onde está o vice? 

Bolsonaro foi eleito por uma massa legitimamente indignada com os desmandos no Governo, com o desamparo diante da violência, com a falta de serviços de qualidade e sufocada por altos impostos  e que foi se somando com o anti-petismo/lulismo, que há 10 anos buscava uma brecha e com os movimentos novos (direita/"liberais') que ocuparam as ruas a partir do impeachment de Dilma, na carona da brecha aberta pelas manifestações de 2013, com o discurso de "sem partidos" e "sem sindicatos",explorando a falência do dualismo esquerda e direta encarnado pelo PT e pelo PSDB e denunciando o anacronismo dos velhos corpos políticos que ainda habitam inercialmente established político brasileiro.
Esses "novos" também tem em comum um repúdio aos movimentos de identitários associados à esquerda e segmentados (aos moldes da América) em detrimento de lutas universalista em torno do Todos (mais comum na Europa). É de impostante destacar a sua composição etária de jovens e de uma ampla articulação utilizando as redes sociais com base de arregimentação, informação, difusão, publicidade e ações não convencionais. 

Esses "novos", enquanto segmentos políticos/ideológicos estão oscilando identitariamente em ser nova direita e "liberais"-conservadores (é possível?). Já cultuaram Olavo de Carvalho e já foram alinhados ao instituto Mises. Mas essas adesões e alinhamentos estão sofrendo mudanças constantemente. 
O que é mais evidente neles é que alimentam uma visão ortodoxa de livre mercado (como uma crença religiosa), o liberalismo fica restrito a esfera econômica e que o Estado é um inimigo a ser combatido sempre. Assim, reproduzem ingenuamente teses que ruíram com a crise de 1929, além de não perceberem que o ideário Liberal não é composto só do Liberalismo Econômico (melhor dizer Liberalismos Econômicos), mas também o compõe o Liberalismo Moral (de valores) e o Liberalismo Político. Ignoram também que em todas essas vertentes existem tipificações (tipos ideais - teóricas-abstratas e que não são um dever da realidade e nem um destino inevitável) e, em parte, genuínas Utopias. Esses "novos" são vontades, mas carentes de um ideário depurado para melhor chamar de seu  e que possa ser entrelaçado a um projeto político real. No entanto, não quer dizer que suas pautas devam ser desprezadas e tidas, a priori, como não-legítimas. (Não são todos fascistas e nem a favor de ditadura - há heterogeneidade aí). 

A vaidade, o egocentrismo, a arrogância e perda de senso crítico e da responsabilidade pública por parte de Lula, o fez, sem dúvida, no maior cabo eleitoral de Bolsonaro. No calor da crise política vivida no Brasil, Lula jogou as eleições para um plebiscito onde pôs à prova e julgamento seu prestígio e o da Lava Jato. Ora, Bolsonaro que não tinha nem preparo para debater e muito menos programa de governo, foi explorando a brecha de ser o anti-Lula e anti-corrupção. A facadafoi só a cereja do bolo (ficar sem debater e sem ser atacado). 
Dito isso, reafirmo a falta de capilaridade e condição orgânica de Bolsonaro mesmo junto a esses movimentos e segmentos ("nova" direita, "liberais"-conservadores). Bolsonaro tem tudo para sair menor do que entrou, salvo a incapacidade articulação política dos setores democráticos. O Lulopetismo certamente continuará sendo o maior viabilizador eleitoral de Bolsonaro e por isso é algo que merece grande atenção. 

Resta alertar para o perigo diante do grave fato da ausência de um Governante. A equipe de ministros é fraca e os poucos que demonstram algum trabalho e respaldo popular viram alvo dos filhos do Bolsonaro e dele próprio Bolsonaro, que teme ser ofuscados. 
paulo guedes, superministro, aclamado pela meios de comunicação (e também blindado por eles) é um vendedor de sonhos, uma ficção midiática bancada por corporações financeiras e industriais.
O Guedes é um ilusionista, as piores coisas praticadas nesses mandato brotam de suas mãos, pois atentam contra o povo brasileiro, contra o bem comum e os negócios públicos, mas com a capa de coisas maravilhosas. Tudo vai ser grandioso. Lembram do dólar, dos investimentos estrangeiros, dos empregos, do crescimento do PIB? Pois é... 
Esse senhor (Guedes) não só ignora, mas também,  propositadamente, atenta contra a Política e o caráter Público do Estado, tamanha sua falta de senso de responsabilidade pública. Ele age somente a favor dos interesses e dos ganhos privados de grandes corporações e do setor financeiro especulativo, sem jamais perceber a responsabilidade e o vínculo direto que o Estado tem para com seus cidadãos. Vide que, nesse momento crítico que entramos com o avanço do Covid-19, ele lança mão de uma ferramenta que serve exatamente para reduzir salários, em vezes de promover maiores garantias aos trabalhadores e aos assalariados em geral. O que ele quer com isso? No mínimo jogar o Brasil em uma desordem civil, em um convulsão social sem precedentes, pois o agravamento da situação, que já é de alto desemprego, queda do poder aquisitivo e maior concentração de renda, os riscos ficam potencializados, podendo descambar para uma onda de saques e quebra-quebras. Medidas como essa essas pavimentam o caminho do caos. Essas paralisações e isolamentos provocados pela pandemia do Covid-19 certamente massacrará os mais pobres e jogaram milhões na pobreza. Para que serve seduzir o caos nesse exato momento? A um golpe?  

Nenhuma medida séria foi anunciada de contenção de despesas dos gastos do governo consigo mesmo: cartão corporativo, cargos comissionados, diárias, voos em aeronaves estatais etc. 
Qual o real projeto de Paulo Guedes para o povo brasileiro? Nenhum. O desemprego continua alto e os investimentos estrangeiros não chegaram (qualquer pessoa minimante inteligente sabia que isso era engodo e chantagem para aprovar a reforma da previdência).

Novamente Guedes volta a dizer que é preciso uma reforma administrativa, tributária etc. para que os investimentos apareçam.   Na cesta dele agora aparece com grande volume o socorro às empresas áreas e para tantas outras que forem quebrando ou que assim se fizer passar (no há já cheira a farra com os recursos públicos).  Socorrer as empresas é necessário? Sim. Resta saber se esse socorro vai ocorrer com ou sem contrapartida. Vai haver como condicionante a manutenção de empregos e salários. O que quer Paulo Guedes? Eis a nossa questão de urgência. 

Por que Guedes ainda não foi mais seriamente questionado? Ele tem a seu favor a fraqueza e a incapacidade do senhor eleito para ser o Presidente da República, que demonstra não saber e não querer saber as competências próprias do cargo para o qual foi eleito. Bolsonaro não sabe o que é governar um país, não tem ideias, não tem bons assessores e está apostando tudo, parece ser o que lhe resta, em um coelho que Guedes tirará da cartola. Por outro lado, Fiesp e Febraban reforçam a necessidade de Guedes continuar, ele é bom para eles. 
Porém, a realidade tem revelado paulatinamente que Guedes não tem um pacote, não tem plano, não tem programa econômico e, óbvio, não tem um program completo de Governo. Tudo que ele apresentou foram medidas pontuais/conjunturais e de nenhum resultado consistente para a recuperação econômica. Não há qualquer proposta contra a brutal concentração de renda no Brasil e revisão da carga tributária, onde os pobres pagam mais. 
Mas o Bolsonaro é muito despreparado para o lugar que ocupa e seus filhos formam uma desgovernaça paralela. 
Tudo que Guedes fez é pontual e para atender interesses restritos de setores empresariais e financeiros,  basta observar que ele, diante da gravidade do avanço do coronavírus, ele veio primeiramente propor a privatização da Eletrobras. Nosso problema não reside mais em ter estatais, já são poucas. 
Por que o Governo desde o início não investiu em infraestrutura? Quem vai ter que investir agora é o setor privado ou é o público? É o investidor estrangeiro ou o governo fazendo uso dos nossos próprios impostos? O deus livre-mercado e Estado mínimo virão nos salvar? Por que temos que salvar a livre iniciativa com os nossos impostos e nada poder exigir das empresas? A quem deve servir a coisa pública? 

Por outro lado, temos uma das piores legislatura, não quer dizer que não existam os bem intencionados, com propósitos e com vontade de mudar, mas está imobilizados pelas crias e apadrinhados do que existe pior no nosso Congresso. Os velhos senhores do Congresso estão lá comandando tudo e fazendo todo tipo de manobra em prol daquilo que eles sempre fizeram: tirarem proveito pessoal e a perpetuação à frente do poder. 
A movimentação de Maia é tão temerosa quanto a do presidente eleito e está cheia de oportunismo, vide as emendas impositivas e a retirada de 18 bilhões do orçamento para servirem exclusivamente de alimento para currais eleitorais, estabelecendo um sistema clientelista bem pior do que o vivido no coronelismo. Nada mais que brutal ataque sobre o esforço de racionalidade e planejamento dos recursos públicos, particularmente no que tange a coordenação no estabelecimento de priorizar os investimentos com maior alcance social. 
No Senado temos um presidente eleito como uma oposição ao Renan, mas que não mais que uma criação do Renan. E são esses velhos comprometedores da credibilidade e da razão pública que articulam uma manobra de impor de cima para baixo um semi-parlamentarismo, em total desrespeito à vontade popular que ratificou o sistema Presidencialista em plebiscito.  O que quer Maia, Alcolumbre e velhas raposas? 

O que nos falta? Uma clara e inequívoca atitude dos que defendem democracia, crescimento econômico e desenvolvimento social. Está em jogo as liberdades, princípios éticos no exercício do poder, Estado laico, soberania, responsabilidade com a coisa pública e o bem estar do povo brasileiro com o objetivo maior. Isto é, uma união a partir de conteúdo (democracia e república) e não de posições (esquerda e direita etc.)

A omissão e a vaidade não podem mais servir de combustível para ocurso que a política no Brasil tomou. 


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