segunda-feira, março 21, 2011

OBAMA, BADULAQUES E OS SEM-NOÇÃO


A vitória eleitoral de Obama já o qualifica com personagem de um grande acontecimento histórico. A vitória na disputa pela  Casa Branca tem uma força que ultrapassa o ineditismo de um negro ter vencido.

A vitória de Obama significa para a América e para o mundo avivamento da política, ferida nas últimas décadas pelo belicismo de Bush e pela falta de esperança, tão difundida pelos profetas do final da história e do conformismo.

Obama venceu com maioria dos votos diretos dos cidadãos, o que nem sempre ocorre no modelo eleitoral dos Estados Unidos da América. O povo participou e quis fazer sua vontade valer voluntariamente, impulsionados pelo civismo, pela esperança.

A postura de Obama é marco significativo, não só por seu discurso sedutor e bem articulado, mas porque acentua alguns elementos significativos do mundo ocidental e que estão passando por dificuldade de expressão: esperança e política.

As principais queixas e reclames produzidas contra Obama veio da fração da “esquerda” brasileira com sérios problemas de avaliação e coerência. É uma esquerda que diz defender democracia e direitos humanos, mas apoia o governo de Hugo Chávez (coronel autoritário) na Venezuela, o governo de Mahmoud Ahmadinejad (autoritário fundamentalista) no Irã, o regime cubano (com graves violações a direitos humanos e à liberdade de expressão), está defendendo a continuidade de Gaddafi (coronel sanguinário e genocida) no comando da Líbia e defendem, sem reservas, o asilo político dado ao italiano Battisti.

Não  são só posições incoerentes, mas também absurdas compõem a mentalidade dessa parcela da esquerda. Querem, por exemplo,  que Obama não seja um presidente americano, quando reclama que Obama “é um típico americano”. Pois bem, Obama é americano e é o presidente dos Estados Unidos pela vontade do povo americano. Era para ser o que? O absurdo dessa colocação: (essa esquerda) critica o imperialismo americano, mas trata o presidente americano como se fosse o presidente do Mundo.

Há uma grande força no discurso de Obama, principalmente por se tratar do presidente do país berço das medidas neoliberais, impostas ao mundo nas últimas duas décadas, via FMI, BIRD, BID etc.


Obama, desde o discurso de posse, firmou a expressão: de olho no mercado, que as traduções especializadas definiram como regular e fiscalizar o mercado financeiro.  Obama admitiu que o mercado não tem uma auto-regulação confiável e estável, que o capitalismo precisa ser conservado a partir do Estado. Isto é, a perpetuação do modelo capitalista passa também pelo ato político de intervenção estatal na economia.

Ora, essa esquerda vem dizendo, há décadas, que o mercado deve ser regulado pelo Estado. Pergunto: como não reconhecer a similitude do seu discurso com o de Obama? Essa esquerda quer ou não quer o fim da onipotência da doutrina neoliberal? A regulação estatal não vai abolir o capitalismo. Vide a China “comunista”.

As formulações anti-neoliberais propostas por essa esquerda estão se revelando de conteúdo conservador e tendente à manutenção da ordem capitalista, igualmente como quer Obama.

O neoliberalismo, historicamente, mostrou-se como uma força destrutiva do próprio capitalismo. Após evidenciadas as consequências das medidas de primeira geração impostas pelo FMI, Banco Mundial etc., os países mais ricos trataram de minimizar e rever as aplicações de orientação neoliberal.  Se todas aquelas medidas e postulados doutrinários fossem executado com rigor e inteireza o capitalismo entraria num processo de canibalismo desestabilizador, entrópico e provavelmente se esfacelaria como modelo hegemônico. Por que esse medo do neoliberalismo? Essa esquerda quer ou não acabar com o capitalismo? Ou só quer estatizar o capitalismo?

Aquela manifestação incendiária contra Obama lembrou a velha e reacionária Ku Klux Klan. O primeiro presidente negro dos USA é responsável por todos os crimes da história dos Estados Unidos da América? Só a Ku poderia pensar assim! Bush (reacionário sob todos os ângulos) visitou Lula duas vezes e essa turma não quis jogar fogo nele. Sabe o que o Lula disse do Bush? "Eu queria brigar com o Bush, mas ele virou meu amigo" (Lula). 

Seria bom essa esquerda verificar o que está formulado em  O Caminho da Servidão, de Friedrich August Von Hayek. Essa obra o autor dedicou aos socialistas... Certas ironias não podem ser ignoradas!
Inté...

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