terça-feira, outubro 29, 2013

Sarney o século XIX e nosso tempo


Li no jornal O Estado do Maranhão, nesse último domingo (27/10/2013), a seguinte declaração do senador José Sarney: 
"Eu sempre digo que nasci no século XIX. O Maranhão na minha juventude ainda era quase igual ao tempo da Colônia e do Império". 

Dizem as sucessivas biografias do senador que ele nasceu em 1930. O Brasil Colônia oficialmente  teve fim em 1822  e o Império foi desmontado pelos "republicanos" em 1889. 
Muito interessante esse destaque feito pelo senador quanto a possibilidade de falta de sincronia dos  tempos, particularmente entre tempo cronológico (físico ou quantitativo, real, natural, da ciência, cósmico) e tempo social (histórico ou qualitativo, imaginário, cultural, da consciência, vivido).   

Essa declaração de memória do ex-Presidente é um testemunho revelador que os ventos da Revolução de 30 não chegaram no Maranhão e que nem foram tão fortes em todas as direções. Atrás da memória aparece a realidade: as constituições inspiradas no ideário liberal conviviam com práticas "políticas" destoantes.

Eu, por exemplo, nasci em 1966, mas digo que sempre vivi na República Velha, mais precisamente entre 1894 e 1930. Os ventos de 1930 nunca chegaram ao Maranhão, mesmo em pleno século XXI.

O senador está corretíssimo! Viva o nosso atraso!


terça-feira, outubro 22, 2013

O sinal vermelho está ligado. Veio da televisão



Avança entre nós, em passos lentos, mas firmes, o Chinochavismo. O sinal vermelho está ligado.
Essa imagem apareceu ontem no Canal 2, que retransmite o program da TV Cultura.

terça-feira, outubro 15, 2013

Bom dia, professora. Como vai?



Bom dia, professora. Como vai?! 

Essa atividade é muito linda, maravilhosa, encantadora, útil, mas é preciso ser vista como ofício e encargo profissional. Para ser considerado profissionalmente, antes de tudo, deve-se pensar em equiparação salarial com algumas funções de carreiras de Estado. O grau de formação, a titulação e as atividades de pesquisa e extensão devem servir como referência para acréscimos salariais. Além disso, toda e qualquer atividade extra-sala deve ser remunerada. 
Hoje o professor desenvolve um número bem maior de tarefas, inclusive tarefas que eram realizadas pelo setor administrativo (secretaria), mas sem ter qualquer remuneração adicional.
Infelizmente a maior parte da categoria considera a docência como sacerdócio e que todo sacrifício é pouco... Resultado: o número de professores está diminuindo. Qual o problema do sacerdócio ser bem remunerado?

segunda-feira, outubro 14, 2013

Estadão. Lula e Dilma planejam traição cirúrgica contra Sarney

Lula e Dilma se afastam de Sarney no Maranhão

Decisão de 'traição cirúrgica' ao senador e Roseana foi discutida na semana passada

14 de outubro de 2013 | 2h 12
Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Depois de prestigiar o poder do clã Sarney na política nacional e manter uma relação próxima nestes últimos 11 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff acertaram uma "traição cirúrgica" ao senador José Sarney e a sua família, que comandam o Maranhão há 50 anos.
Em reunião no Alvorada na quinta-feira passada, os coordenadores da campanha pela reeleição de Dilma concluíram que chegou a hora de o governo apoiar a eleição de Flávio Dino (PC do B) no Estado e garantir um palanque forte para a presidente no Maranhão. O presidente do PT, Rui Falcão, foi contra, mas foi voto vencido.
A própria dinâmica da política local guiou a decisão do grupo formado pelos ministros Aloizio Mercadante, o marqueteiro João Santana, o ex-ministro Franklin Martins, o presidente do PT, Rui Falcão, além de Lula e Dilma. A atual governadora, Roseana Sarney (PMDB), que está em seu segundo mandato consecutivo, não poderá concorrer. O escolhido da família é o secretário de Infraestrutura do Estado, Luís Fernando Silva, que não está bem posicionado nas pesquisas eleitorais. Um palanque patrocinado pelos Sarney, na avaliação do grupo, seria contraproducente. O apoio a Dino poderá interditar, ainda, qualquer costura local do PC do B com o PSB para franquear palanque à dupla Eduardo Campos-Marina Silva.
O cenário é ruim para Roseana e para a reprodução do apoio do Planalto à governadora. Ela enfrenta problemas na disputa pela única vaga ao Senado em 2014. Seu principal adversário ao cargo, o vice-prefeito de São Luís, que é do PSB, está à frente nas pesquisas. Além disso, se Roseana deixar o governo para concorrer ao Senado em 2014, o vice-governador Washington Luiz Oliveira, do PT, assume o Estado. O clã Sarney considera que Washington não é completamente alinhado com a família e teme que ele não trabalhe com afinco para ajudar a eleger o escolhido para suceder à governadora.
O PT do Maranhão, por sua vez, está em crise desde 2010, porque foi obrigado a apoiar a reeleição de Roseana, quando queria se aliar a Flávio Dino. Houve intervenção de Lula no PT local e isso acabou enfraquecendo o partido, que perdeu muitos de seus integrantes.
Além disso, neste momento, o próprio PC do B está cobrando o Planalto que abra espaço para o nome de Dino porque o partido é um aliado tradicional do governo e tem no Maranhão o único Estado capaz de eleger um governador. Dino, que hoje preside a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), pode articular um palanque para o PSB ou PSDB no Estado se for rifado pelos petistas.
Colateral. O descolamento de Dilma e Lula de Sarney será, no entanto, cuidadosamente planejado para não produzir efeitos colaterais indesejados na aliança PT-PMDB em outros Estados. A ideia é circunscrever o rompimento ao Maranhão. Lula está disposto, por exemplo, a dar apoio a Sarney se quiser tentar a reeleição pelo Amapá.

domingo, outubro 13, 2013

Círio de Nazaré 2013: a força da FÉ


O Círio de Nazaré , sem dúvida, um dos maiores atos marianos e uma das maiores manifestações religiosas do Mundo. Mais de 2 milhões de pessoas colocam-se diretamente no ato da procissão. É uma corrente volumosas e prolongada de fiéis que toma ruas e avenidas. São horas e horas de puro movimento pela Fé. 

Passa uma multidão antecedendo a procissão, depois uma massa mais compacta junto da berlinda e logo depois vem mais outra multidão seguindo a berlinda. Enquanto isso, outra multidão enche as calçadas, circulam pelas ruas transversais e paralelas. 
A força extraordinária da fé deixa visível que o indivíduos sociais jamais poderão ser resumido à ideia de uma razão, tão pouco essa razão pode ser resumida a um fim ou propósito fixo e único, ou a um propósito na forma de um a priori. 


A Fé mostra que existência social sempre nos possibilita ser múltiplos, empurrados para a concretização de algo que nos transcenda enquanto um só e em um só momento. Se a arte já inquieta, a fé inquieta muito mais, pois nada parece ser possível de uma única explicação ou explicação minimamente suficiente. 
O Círio não é um ato de uma úncia religião, pois existem crentes de outras religiões que participam desse ato de fé. Observar as pessoas, mesmo as que estão nas calçada "só olhando", para identificar a pluralidade. 

quinta-feira, outubro 10, 2013

São Luís sob o Horror dos Grandes Marginais

O Horror que está sendo lançado sobre São Luís não é fruto só de disputas de bandidos que estão dentro do presídio de Pedrinhas, dos marginais comuns,não é. Essa guerra é entre Bandidos Grandes lutando pelo controle de algo maior. Atrás de gravatas e ternos existem muitas coisas obscuras! Esse horror só vai parar quando a cabeça de um dos grandes rolar! Ônibus queimados reais ou imaginários, pouco importa no momento, o povo já está sob ordem do MEDO. 
Vergonha... Nós estamos cercados pela bandidagem!

segunda-feira, outubro 07, 2013

Maranhão: não é só alternância, não é só mudança, precisamos qualificar tudo isso


No Maranhão, lenda, crendice e realidade são tratados no mesmo tom, nível de abstração e emotividade. Pai Francisco e Lênin são as mesmas coisas no auto do bumba-meu-boi. Boi ressuscita  mesmo com a língua devorada. Não por menos, o uso da metáfora. 
Nos últimos anos o conceito de mudança foi naturalizado, não só isso, mudança virou sinônimo de melhora.
Não precisamos só de mudança e alternância, precisamos qualificar todo o processo, principalmente, em um momento em que a insatisfação do povo com os políticos é intensificada por sucessivas denúncias de corrupção e roubo de recursos públicos. 
É certo que, no Maranhão, o mínimo de institucionalidade necessária ao poder público e uma ordem significativamente política nunca aconteceram. Mesmo após a Revolução de 30 o mando no Maranhão não se desfez de sua forma senhorial, permaneceu agudamente enquanto dominação tradicional, personificada e voltada aos interesses privados. Caso emblemático do pós-30 é mandão Vitorino Freire. 

O ethos mandonista tem raízes profundas e a nossa cultura política é densamente cortada por arquétipos desse tipo de exercício de poder. O Brasil não é um exemplo de efetivação significativa de republicanismo, de uma virtude cívica e o Maranhão, o último a ser incorporado ao Brasil Independente, nunca quis ser nada de república, uma recusa sistemática e intensa. Todo o aparato estatal/legal serviu e serve ao reforço do mandonismo. O poder tradicional serve-se do aparato institucionalizado, que nada mais é que alegoria de um Estado da razão e de Direito. Estado de Direito é só um tema para o deleite discursivo, exercício de um intelectualismo enciclopédico e inútil. Na prática a servidão é sincronizada em todos os poderes, em termos hegemônicos, não em termos de montante de indivíduos presentes nesses espaços. 

A tomada de poder não é, em si, mudança qualitativa para melhor. A tomada de poder é só tomada de poder. Isso parece tão óbvio. Porém, não é óbvio. A forma como o poder é tomado pode condicionar profundamente o exercício efetivo do poder. Não é com qualquer forma de exercício de poder ("seja qual for o fundamento") que constrói-se uma mudança que signifique mudança para melhor ou superação do status persistente. Quem promete mudanças positivas focado exclusivamente no processo eleitoral e na chefia do governo está propagando uma falsa promessa. Nada mais enganoso que isso. 

O mandonismo não será superado apenas com alternância, ou qualquer mudança. Enquanto ethos o mandonismo são práticas cotidianas que perpetuam uma enorme verticalidade nas relações de mando, naturalizando uma seletividade no reconhecimento do outro como um igual em direitos. O mandonismo só será enfraquecido como processo social amplo e sustentado enquanto ato Político, capaz de estabelecer uma nova hegemonia (na acepção de Gramisc) compreendendo ideal e prática de poder. 

Isso dito, cabe resumir que o mandonismo não se supera com uma caneta, nem com uma vitória eleitoral. Além disso, no âmbito do debate político maranhense amontoam-se expressões e "conceitos" vagos e não operativos sobre o tipo de exercício de dominação preponderante  no Maranhão. O coronelismo quando existiu, até 30 do século XX, nunca se resumiu a um único "coronel". O "coronel" Justino sozinho não era o coronelismo, sendo o próprio coronelismo apenas umas das várias versões mandonistas historicamente registradas.  O desconhecer o que se combate já é uma forma de derrota.

Agora é só aguardar os dados que a realidade vomita entre um instante e outro e compararmos. Só assim, talvez, alguns consigam ver até aonde vai o vigor do mandonismo. Em situação recente o poder foi ocupado por um outro grupo e em nada o mandonismo foi abalado, muito pelo contrário, manifestou-se de uma forma mais tosca e ridícula. 

O Maranhão, do ponto de vista do pragmatismo eleitoral, não tem nada de excepcional em relação ao resto do Brasil e vida partidária brasileira, onde coligações é só uma questão numérica competitiva. Tudo cabe em prol do ganho. 

Mas, ao mesmo tempo, o processo político em curso no Maranhão tem suas singularidades, por força do localismo principalmente. O viés provinciano da disputa guarda elementos singulares e permite dizer que o movimento em curso é um ajuste intra-oligárquico. Tenho dito isso desde 2002, em trabalhos apresentados em diversos eventos. O efeito vai ser de ajuste, onde as diversas oligarquias municipais, sindicais e partidárias arranjarão seus assentos, em prol da manutenção dos seus privilégios. 

O que cabe aos autodenominados de esquerda sonharem nesse contexto? Difícil responder. Em termos mais ideológicos e utópicos poderiam reivindicar radicalizar a democracia. Do ponto de vista pragmático é possível assumir a concretização de melhores índices de qualidade de vida e a garantia do funcionamento efetivo, mínimo, dos serviços essenciais. O povo certamente irá agradecer até com devoção. 

É possível radicalizar democracia por uma via conservadora reacionária? Bem, se isso acontecer será a primeira vez. Não acredito nessa possibilidade. Isso seria milagre e não processo político. Sobre isso, Maquiavel é referência, particularmente quando sinaliza o espaço laico da política e os campos distintos da moral religiosa e política. 
É possível conseguir melhorias materiais pela via conservadora reacionária? Sim. Hitler, Stalin e tantos outros chefes de governos conservadores e autoritários. Entre nós é algo comum. O próprio modelo adotado nos últimos 20 anos serve de prova. A configuração das ações de governo no Brasil atual é materialização desse caminho. São acréscimos materiais. Isto é, mais consumidores surgiram, mas sem serem mais cidadãos. O créscimo material pela via conservadora reacionária é manutenção e não a ruptura com o mandonismo.

Cabe, no mínimo da honestidade, assumir isso, formulando um discurso mais sincero e menos demagógico. Isso já seria um ganho e um avanço político nesse cenário político extremamente miserável (de um lado a outro). Falta no Maranhão um debate público, isto é, debate sobre coisas públicas. O personalismo e a predominância de questões privadas cansam qualquer um e, principalmente, o cidadão que ver seus direitos diariamente negados na saúde, na educação, no transporte, na segurança etc. 

O ajuste intra-oligárquico está assumindo a forma de diluição conservadora. Diluição conservadora não é o conservadorismo se diluindo, não é isso. Trata-se da situação em que o elemento oposto ao conservadorismo é diluído no conservadorismo, como se fosse um ajuste de tom, mas na direção da matiz hegemônica. 

O ano de 2014 ainda não será o ano do triunfo dos diluídos, mesmo que ocorra uma vitória eleitoral. Dependendo do cenário nacional e internacional, uma vitória eleitoral dos diluídos já em 2014 pode resultar em um grande estrago político para eles. Aí... vai ser não o início do fim de uma supremacia mandonista, mas o início de mais uma revitalização do grupo mandonista que controla o estado ao longo de quase 50 anos. Será a 3ª vez que se revitalizará, mesmo já fossilizado. O mínimo a esperar é que isso não ocorra. Porém, que não nos iludamos tanto. Nada será tão novo que o velho. 

 SEM PROPOSTAS - ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2022 O que tem movido os eleitores brasileiro diante das candidaturas à presidência da República este ...