quarta-feira, junho 27, 2012

Ruídos no ninho



Hoje FUI tomado de surpresa pelo jornal da Mirante, do meio dia. Motivo: notícia sobre o pronunciamento do Deputado Cutrim. A âncora disse: "Abre aspas". Ao informar o conteúdo do pronunciamento do deputado e, em seguida fez a citação: "moleque". Isso foi o tratamento e qualificação dada pelo deputado ao secretário de segurança do Governo Roseana. 

Isso tudo aconteceu na Tribuna da Casa Legislativa do nosso estado. O parlamentar ainda teria dito, segundo a citação da apresentadora: "na bala". Essa afirmação para dizer como resolveria uma situação sem recorrer a intermediários. É preciso dizer que estamos diante uma versão da emissora citada. cabe uma verificação nos registros taquigráficos da Assembleia. 

Não é do meu interesse discutir "a bala" ou as supostas acusações endereçadas ao ex-secretário de Segurança. Isso é de competência da polícia e da justiça. A proposta aqui é da consequência política do pronunciamento. Primeiro, se foi em tal tom e com tais adjetivos divulgado pela imprensa... cabe perguntar sobre quebra de decoro, houve ou não?. Ao deputado compete tanto legislar como parlamentar (do francês   parlementer), no entanto, essa última prerrogativa não pode ser efetivada na foram de xingamento. Compreensível indignações e exaltações, mas o Parlamento necessita de decoro. O confronto em debate tem que se servir de argumentos, reflexões, análises, críticas etc. em linguagem tratada, para que o discurso não fira o que representa a própria imagem da soberania popular.


O outro filigrana desse discurso de Cutrim é que isso afeta o Governo, a Governadora e a liderança do Senador Sarney. Teria o deputado anunciado sua ruptura com o grupo e enveredado pelo caminho do anti-sarneísmo? Isso não foi declarado de forma direta, mas  olhando a marca deixada, figura como um claro não-crédito às qualidades políticas da Governadora e uma forma de medir força com o Grupo Sarney. Por quê? 


O governo de cada estado-membro segue o modelo presidencialista, onde o  Chefe de Estado também é Chefe de Governo. A competência do Executivo é da Governadora, ela nomeia e forma sua equipe de governo. Se o secretário de Segurança é de tal nível, cabe à Governadora responder por sua nomeação. Qual e que tipo de Governo nomearia um "moloque" para uma pasta tão importante?


Quero crer que foi um deslize verbal sob o calor da emoção, pois põe em xeque não só a qualidade política-administrativa da  Governadora, mas também a do Senador Sarney, tendo em vista que o secretário de segurança é uma pessoa de sua confiança e tem serviços prestados à família. O líder Sarney não manda mais? Perdeu o comando e seu grupo está fragmentado ao ponto de um de seus membros poder levantar a voz em tom de desqualificação a um outro do grupo? 


O Governo é composto de "moleque"? O sarneísmo sempre teve uma marca: comando. Isso associado às balizas de negociação e acomodação dos interesses dos seus membros. Ninguém desqualificava ou expurgava alguém sem o aval do comandante. 


Porém, amanhã será um novo dia... talvez o deputado faça algumas recolocações que enalteça o Governo Roseana. Se nada disso ocorrer... o roteiro vai seguir seu curso de ruídos no ninho. 


A capacidade de identificar quantidade faz parte do senso de quantificação, mas isso não quer dizer que haja contagem. Diversos animais possuem senso de quantificação, mas não sabem contar. Contar é uma coisa mais elaborada... Isto é, não é obra pura do instinto.



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