É certo que o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda não consegue barganhar o mesmo número de prefeituras como o PMDB, particularmente nos milhares de municípios pequenos e médios. Dos 5.561 municípios existentes, até o momento, a fatia do PT ainda não é robusta, mas está à frente de uma parcela de municípios importantes, expressivamente populosos e ricos.
Por outro lado, o PT conseguiu conquistar o governo de quatro estados e mais o distrito federal. Destacamos que dois estados e o distrito federal estão entre os maiores PIB e também com significativo número populacional. Isso é mais que suficiente para perceber a importância e dimensão do campo de influência do partido. Não só isso, o partido carrega uma responsabilidade administrativa grande independentemente de estar à frente da Presidência da República.
O PT ainda está diante do desafio de programar um modelo de gestão local reconhecido e eficiente sem o atrelamento ao sucesso do governo federal. Isso diz respeito aos continuados acréscimos de competência sobre os municípios. Tanto os governos estaduais como o federal estão colocando sob a responsabilidade do poder local a prestação e execução de diversos serviços, mesmo sem ainda estarem instrumentalizados e organizados para efetivar tal gerenciamento.
O ponto da questão é: voltar ao mote das administrações locais diferenciadas, difundido pelo PT antes da chegada de Lula à Presidência, e que ficou ofuscado pela popularidade e performance do mesmo.
Lula tinha ao seu favor sua origem, sua história que o escudava, pois ativava o sentimento de culpa de parte da sociedade brasileira, tendente a não aceitar os ataques mais frontais contra “pessoas simples”, pois carregar oculta a vergonha da desigualdade social explícita.
É hora de entrar em cena o pano de toureiro para desviar a atenção do touro. Creio que vem por aí o efeito lacuna produzido pela saída de Lula.
É hora de Partido! Voltar a marcha partidária diminuída pelo alargamento do carisma da figura do Lula. Número e recursos o PT tem!