A maior parte da miséria presente na realidade brasileira é fruto da ineficiência e ausência de serviços essenciais, particularmente os que estão diretamente relacionados à saúde. Ditaduras, períodos democráticos, períodos de longas instabilidades econômicas e inflação alta, períodos de longa estabilidade e inflação baixa foram se sucedendo, mas o padrão de miséria da saúde no Brasil foi se mantendo. Ao passo que o Brasil ia transmutando nas classificações econômicas e sociais da literatura estrangeira e local: Terceiro Mundo, Subdesenvolvido, Em desenvolvimento e Emergente. A saúde permanece um caos. Faltam recursos para a saúde? Sim. Faltam, mas em decorrência de desvios e má utilização dos recursos.
Os problemas nos serviços de saúde chegam a tal volume de degradação por ser o setor onde há a maior atuação de quadrilhas especializadas em pilharem os recursos públicos. Mesmo se os recursos fossem bem poucos mas devidamente aplicados a tragédia não seria em tais dimensões.
Essa pilhagem tem só crescido com a municipalização da saúde. Essa série de crimes tem como principal incentivador e mantedor a impunidade. O crime contra o bem público no Brasil compensa (para quem é criminoso). De uma lado temos a Receita Federal (totalmente inoperante para os criminosos e implacável com os cidadãos de bem) não detecta o crescimento repentino de riquezas e gastos incompatíveis com os vencimentos e ganhos declarados e,do outro lado, temos a Justiça morosa e pouco eficaz contra esses crimes, como se não bastassem as leis serem brandas para tais casos.
Resultado de tudo isso: o aprofundamento da desigualdade social (umas castas riquíssimas e mar de gente muito pobre) e uma população doente e com um consumo alto de medicação.
Mais recursos vai gerar mais ricos da corrupção e da pilhagem do dinheiro público. A CPMF serviu bem para mostrar que qualquer recursos para a saúde não chega à saúde nesse modelo e nesse sistema.
Reflita: É normal as farmácias ficarem cheias como um supermercado em um dia de domingo à noite? É normal estar entre as dez maiores economias do mundo e ter um serviço de saúde tão precário?
Bem, a fonte de riqueza está ativa e a máquina da impunidade funcionando a todo vapor. Saúde para quê? Gastar o dinheiro público pilhado em viagens a países ricos é muito chique.