quinta-feira, fevereiro 04, 2010

AQUI NÃO É O CHILE



Às vezes, o esforço de aproximação da realidade é esquecido. As preferências e crenças pré-existentes empurram o sujeito para uma percepção mais distante da realidade, do que ela é. A realidade passa a ser vista como um deveria ser, mas não como é. Transforma-se em algo ao gosto do “freguês”.
As diversas comparações, recentemente produzidas, entre o nosso campo político e o campo político Chile é um exemplo do que acima foi ilustrado.
Colocar o cenário político e a dinâmica política brasileira na mesma escala do Chile é um grande artifício minimalista. Não é possível reduzir o Brasil assim. É uma arte quase surreal.
São Paulo sozinho tem uma população maior do que a do Chile, também tem uma população bem heterogênea e uma economia muito mais dinâmica. O jogo aqui é outro.
Sejamos partidários, MAS NÃO VAMOS DESLIGAR NOSSO DISCERNIMENTO.
Serra não é e nem reivindica ser representante da extrema direita. Ciro tem demonstrado que é uma presença importante para evitar uma vitória de Serra no primeiro turno. Além disso, pode dar maior amplitude ao debate e evitar um monótono discurso de comparações.
Em uma eleição, até aqui desenhada para ter segundo turno, é pouco provável que Serra vá aceitar a posição de advogado dos governos de FHC. Certamente vai admitir erros e, por outro lado, reconhecer acertos no governo Lula. Enfim, não é dizendo que o adversário é burro que o torna burro.
Em dois turno é bem provável que o recurso de comparar os 8 anos de governo Lula com os 8 anos de governo FHC fique saturado no segundo turno. Serra deve falar do que faltou fazer e defender a redução da carga tributária, reforma fiscal, reforma política e saúde pública.
O Ciro parece ser uma alternativa viável para enfraquecer a sedução de Serra nesses pontos e introduzir questões importantes para o debate, a exemplo dos sistemas de transporte, segurança, investimento em desenvolvimento tecnológico, reforma agrária etc. As pesquisas indicam que, até o momento, Ciro é uma candidatura necessária, útil aos opositores de Serra.
Aqui não é o Chile. Mesmo que a candidata apoiada pelo Presidente perca a eleição, as causas e as motivações são outras, bem como o conteúdo. Dificilmente o jargão de que a direita venceu ou que a direita ganhou vai pegar no cenário político brasileiro contemporâneo. Os polos não oferecem tamanha distinção. Qual o grande contrate entre os aliados?
Só para esclarecimento: O Chile tem uma população de 16 milhões de habitante. Só a cidade de São Paulo tem 11 milhões de habitantes. O estado de São Paulo tem uma população de 41 milhões de habitantes, mais do que o dobro da população chilena. Mesmo em termos de PIB a vantagem é de São Paulo, com um PIB de 265 milhões contra 245 milhões do Chile. A vida partidária e a vida política brasileira são, significativamente, diferentes das existentes entre nossos hermanos.

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