domingo, abril 06, 2014

11 anos (sem) você e a vida..


Desenvolvi, ao longo de minha trajetória de vida, percepções e equações bem diferenciadas sobre a existência. Desde uma pequena idade ficava olhando para o céu, o azul, o movimento das nuvens. Contemplava aquele inexplicável. Final de tarde ficava observando o céu para ver as estrelas despontarem, deitado na areia do quintal, próximo a uma grande mangueira. Todo esse tempo eu gastava tentando entender o que estava diante de mim.  
Desse exercício de pensar a existência dessa realidade veio uma crença para além de religiosa, uma crença na própria sensação do mundo, em um raciocínio da condição de existência e de uma coincidência que é por demais consequente e, em muito, lógica. Tudo pode perde-se em ser só coincidência? Não consigo não acreditar em Deus. Não consigo não acreditar na vida como algo que ultrapassa esse momento. 
No dia 04 de abril de 2003 minha mãe morreu... Na última vez que a vi viva ela estava sentada em uma cadeira, em um apartamento de hospital, quando fui me despedir ela segurou na minha mão, apertou e balançou. Ali, sem nenhum outro pensamento, senti o fim. Saí já com a sensação da perda. Eu perdi. 
Depois, quando ela já estava morta, peguei sua carteira de identidade dela...comecei a pensar no que eu sempre acreditei: na vida. A vida nova que ela estava ganhando, do alívio que estava recebendo das enfermidades do corpo e  a libertação da tarefa árdua de sobreviver com a responsabilidade de criar e educar três filhos sozinha: duas meninas e um menino (eu). Nos criar foi algo que ela tomou de uma forma radical. Hoje comparo esse esforço a uma entrega brutal. Ela sofreu e se superou várias vezes nessa tarefa.
Crescemos, nos formamos, conseguimos obter a formação universitária, quebramos com o marco do improvável. Filhos de uma negra pobre, solteira, do interior do Maranhão, conseguiram mais que sobreviver à fome, às doenças e à precariedade da casa. Conseguimos nos dar sentido, sentir orgulho e conquistar espaços competindo sem apadrinhamentos, sem nepotismo. 
A vida vence... a vida segue adiante... aqui e em um outro lugar. Só a vida em movimento faz sentido e pode valer a pena dessa existência. 

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