terça-feira, janeiro 03, 2012

São Luís das Pirâmides e Mandingas



Entre 1983 e 1985 (D.C) foram edificadas, em São Luís, diversas pirâmides. Algumas serviram para sinalizar obras do poder municipal, realizações do ocupante do poder naquela data. Porém, algumas outras parecem ter algo a mais que essa simples utilidade. 
Na época ainda estava em vigor o regime de exceção, iniciado com o Golpe Militar de 1964. Os prefeitos de capitais eram indicados pelos generais, em concerto com os chefões políticos locais aliados da Ditadura.  Os prefeitos, desse período, receberam a alcunha de prefeitos biônicos, termo dado pela oposição à Ditadura Militar.

Por que alguém adotaria pirâmides como marco de suas realizações administrativas? Por que pirâmides em São Luís no final do regime ditatorial? Qualquer sujeito, minimamente informado, sabe que as pirâmides têm como principal referência o Egito antigo, especificamente as pirâmides de Gizé. Como e por quais vínculos elas começaram a ser implantadas em uma cidade marcada pela arquitetura colonial portuguesa?


As grandes pirâmides do Egito despertam curiosidade e admiração ao longo de milênios... tanto pela imponência arquitetônica como pelos mistérios, misticismos e esoterismos que delas emergiram. Para os adeptos dessa última tendência elas representam o seu lar. No mundo inteiro existem os iniciados ou estudiosos das pirâmides egípcias. No século XVIII surgiram as lojas “egípcias”, criadas por Cagliostro, que acabou influenciando a franco-maçonaria. Diversas outras sociedades secretas iniciáticas, ligadas ao ocultismo e/ou a alquimia, adotam a pirâmide com símbolo, amuleto, objeto de culto ou manipulação. Então, o que motivaria, na ausência de democracia, a implantação de tais pirâmides em São Luís?

Tentando decifrar o código. Em São Luís já existiam dois monumentos de características piramidais: a Pedra da Memória e o monumento a Manuel Beckman. A Pedra da Memória é bem provável ter tido influência maçônica na sua concepção, o que vale igualmente para o Monumento a Beckman. No entanto, o que se ver na década de 1980 parece ter surgido por motivações e por iniciativas diferenciadas dos monumentos anteriores. Primeiro, essas pirâmides não foram edificadas por nenhum motivo similar e nem para homenagear qualquer feito histórico da cidade ou do estado. Segundo, o prefeito naquela época parece que tinha consciência sobre a posição e os ângulos que as mesmas formavam sobre o mapa da cidade. Vide a distribuição das três principais pirâmides, onde uma delas fica um pouco “desalinhada”, assim como as do Egito. O certo é que o coração da cidade de São Luís passou a ficar sob uma grande pirâmide. O desenho é perfeito. Muito pouco provável que tenha sido arquitetura do acaso. 

Depois disso, as coisas foram mudando. O poder “político” no Maranhão, que  estava em pleno declínio, dando sinais de naufragar junto com ditadura militar, revigorou-se, como mágica, exatamente com a volta da democracia. Ironia é pouco para dizer o acontecido.

Pode-se dizer que aconteceu um místico paradoxo. Pois esse poder decadente (aliado dos militares) foi ressuscitado pelos próprios opositores do regime militar. Depois o velho poder do Maranhão foi só ampliando sua força e tamanho na Nova República. A partir daí a República brasileira começa a ser enquadrada e o avanço democrático barrado pelas forças conservadoras, que encontraram nessa força maranhense o concerto eficaz. Dessa maneira a sinergia entre as forças autoritárias ganhou forma efetiva de controle sobre os Aparelhos do Estado no período pós 1984.  

Para o construtor/executor dessas pirâmides ou dessa arquitetura místico/esotérica/ocultista, o prefeito de plantão, da época, os ventos da prosperidade sopraram forte e generosamente, tornando-o proprietário de um grande empreendimento, cuja sede tem, no telhado, algumas pirâmides, na logomarca da empresa também tem uma pirâmide, no terreno da empresa existe uma capelinha com cobertura piramidal e, no interior do edifício principal dessa organização, diversas peças (réplicas) do Egito antigo ornamentam alguns ambientes. Por isso, não é cabível acreditar que essas pirâmides foram postas em São Luís sem nenhuma intenção outra ou fundada em algum tipo de crença. 

Não é à toa que diversas obras e riquezas deste lugar assumiram dimensões faraônicas.

Ps.: Essa ,minha “inquietação” com as pirâmides surgiu no período mesmo em que elas foram construídas. Morava no Centro da cidade de São Luís e achei aquilo destoante e feio. Recentemente a “inquietação” voltou quando passava pela REFFSA. Saí procurando as demais pirâmides, logo desconfiei do posicionamento planejado das mesmas e graças ao Google (GPS) acabei confirmando o que desconfiava sobre a disposição das pirâmides. . 

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