domingo, fevereiro 28, 2010

A REALIDADE E SEUS QUADRADOS



As enquetes de opinião apontam uma aproximação entre Dilma e Serra, mas poucas pessoas pararam para ver os números do quesito “Indecisos, brancos, nulos e nenhum”.
Na eleição presidencial de 2006 estavam aptos para votarem 125.913.134 eleitores. Compareceram 104.820.459 eleitores no primeiro turno (taxa de comparecimento igual a 83,248%). Os votos brancos e nulos totalizaram 8,418% dos que compareceram (2,734% e 5,684% respectivamente).
Não há como negar que essa Abstenção de 16,752% deu sua contribuição no resultado. Pois 21.092.67 eleitores deixaram de optar. Dificilmente todos esses votos seriam convertidos em brancos ou nulos.

Nenhuma pesquisa pré-eleitoral (de intenção de voto) considera essa variável, porque é difícil prever confiavelmente o tamanho da abstenção. A Abstenção está ligada, em grande parte, a casos fortuitos, oscilações emocionais/afetivas, tragédias, imprevistos de várias ordens etc. Mas é possível arriscar um “chute” com base nas eleições anteriores, adotando os números como tendência ou em termos de probabilidade.

Em 2002, os eleitores aptos somavam 115.253.816. O comparecimento foi de 94.805.583 eleitores. Isto é, a Abstenção ficou na marca de 17,742%. Comparando os dois pleitos, observa-se que a Abstenção não sofreu uma variação brusca, mas é importante destacar que foi menor em 2006.

Os votos brancos e nulos, no primeiro turno de 2002, atingiram a marca de 10,390%. Comparado ao percentual de brancos e nulos da eleição de 2006, observa-se que, em 2006, houve um decréscimo próximo a 2%. Variação maior do que a encontrada na Abstenção. Na eleição presidencial de 1998 (primeiro turno) a Abstenção foi de 21,492% e os Brancos e Nulos totalizaram 18,698%. Quando observamos esses percentuais ao lado dos percentuais das duas eleições posteriores, os números ganham mais significado, pois possibilitam pensar as variações percentuais como uma tendência de queda na Abstenção e nos votos Brancos e Nulos.

Ora, os atuais números das pesquisas do DataFolha e do Sensus apontam, respectivamente, 19% e 21,4% de “Indecisos, Brancos, Nulos e Nenhum”. Isso exige atenção para com o que já expomos acima sobre os votos brancos e nulos. A média de votos brancos e nulos das últimas três eleições presidenciais é de 12,5%. As variações percentuais mostraram que houve um decréscimo nos votos brancos e nulos. Entre a eleição de 1998 e a de 2002 houve decréscimo de 8,3% nos votos brancos e nulos. Já entre a eleição de 2002 e a de 2006 o decréscimo atingiu 1,9%. Ao mesmo tempo em que observamos a continuidade de um decréscimo no número de votos brancos e nulos, observamos também uma significativa redução do ritmo desse decréscimo. Estamos entrando numa estabilização desse percentual de votos Brancos e Nulos?

A continuidade ou não desse decréscimo de votos Brancos e Nulos depende muito do ambiente político. A aprovação do governo Lula pode ser um indicativo de ambiente político positivo. O sentimento de governo de resultado e/ou de bom governo pode motivar a participação em prol de candidaturas. Nesse caso, o ambiente político passa a ser dinamizado pela mentalidade de que vale a pena participar e que basta votar na pessoa certa para que haja bons resultados. Os escândalos parlamentares recentes podem ter consequências distintas: a ausência, o distanciamento, a indiferença ou o desejo de participar para depurar, moralizar e de punir determinados grupos políticos e seus aliados. Se o ambiente político se mantiver positivo cresce a probabilidade de prevalecer a participação moralizadora como reação aos escândalos. Cabe às campanhas traduzir quem são os aliados da moralidade e quem representa a corrupção política, o atraso político.

É plausível, diante disso, considerar que 19% de Indecisos, Brancos, Nulos e Nenhum é um número ainda alto para fazer apostas seguras. Por outro lado, esse agregado de modalidades de intenção de voto cria mais margens de dúvidas do que de esclarecimentos. Para onde vão os Indecisos?, é Indeciso ou tem vergonha de assumir sua opção?, é Indeciso ou quer manter o segredo do voto?, a Indecisão é sobre os candidatos ou sobre o que fazer na eleição (votar ou não votar, votar branco ou nulo ou não votar)?

E o Nenhum é o que? Significa que ainda não parou para pensar? Significa que vai anular, votar em branco ou abster-se? Etc, etc...

As pesquisas assumem cada vez mais um caráter publicitário e vão diminuindo seu potencial de ferramenta de investigação que possibilite análises e interpretações que busquem ser mais sinceras e mais próximas possíveis da situação do campo de disputa política, em conformidade com a perspectiva adotada.

Enfim, tudo indica que o período de campanha eleitoral vai ter que ser explorado a extremo e o desempenho no enfrentamento vai ser crucial desde o primeiro momento. A incógnita agora paira mais sobre Dilma que, mesmo subindo nas pesquisas, nunca ficou sob o fogo cruzado de uma campanha. Será que (além dos votos) Lula vai ter que transferir também sua blindagem? Como o eleitorado vai reagir diante das respostas dadas por ela? Todos sabem que isso não depende só de preparo intelectual, mas depende do talento de convencimento, conquista de credibilidade e inteligibilidade do discurso. Necessita também, está provado, de muito trabalho. Quem apoia a candidata não pode se deixar tomar pela euforia da subida nas pesquisas, ainda é muito cedo. O melhor a fazer agora é continuar trabalhando arduamente.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

MORRE ZAPATA: CUBA NO LIVRE


Morreu na última terça, 23/02/2010, o prisioneiro político Orlando Zapata (42 anos) que, após 82 dias de greve de fome, foi levado a uma clínica já semi-inconsciente, onde faleceu por volta da 15h00min (horário local). Tratava-se um trabalhador, bombeiro hidráulico, que resolveu pensar e exercer o direito de contestação. Porém, em Cuba, tudo que alguém faz contrário aos donos do poder é taxado de aliado dos americanos. Tudo que existe de ruim são os americanos. Enfim, tudo pode ser explicado pelo embargo e pela sabotagem da CIA. Zapata, esse operário, estava protestando contra as condições carcerárias, contra a elevação de sua pena para 25 anos. O que fez Zapata? Foi acusado de “desordem pública”, traduza como direito de pensar. Inicialmente, quando foi preso em 2003, recebeu uma pena de 03 anos, depois foi majorada para 18 e depois para 25 anos. O cárcere onde estava preso lhe causou sérios prejuízos à saúde. Ele tinha sido adotado pela Anistia Internacional como preso de consciência. Se o nosso querido presidente Lula tivesse nascido em Cuba? Pois é... jamais o teríamos como presidente.



Raul Castro, em gesto arrogante e anacrônico, bradou para os jornalistas: “lamentamos”.



Toda ditadura é condenável!!!










quarta-feira, fevereiro 24, 2010

SARNEÍSMO ENVERGONHADO É ANTI-DILMA.


Não tenho medo de admitir e reconhecer os méritos dos adversários. Em diversas oportunidades já fiz isso e não tenho arrependimento disso. Considero mais perigoso aquele que finge ser amigo, que finge ser aliado, pois pode me golpear sem que eu tenha chance de me defender.
Reconheço o mérito do sarneísmo assumido, que não fica escondido atrás de nenhuma capa, que vai para a luta, leva porrada, mas não deixa de prestar serviços aos Sarney. Exemplos: Chiquinho Escórcio, João Alberto. Temos que reconhecer que há uma sinceridade nisso. Mérito: são assumidos!!!

Atualmente tem proliferado um tipo diferente de sarneísmo, o sarneísmo envergonhado. Esse sarneísmo, grosso modo, está escondido debaixo da capa da sucessão presidencial. O maior interesse não é a eleição de Dilma, mas conseguir espaço junto ao atual governo estadual para barganhar cargos na administração estadual e federal. Detalhe: esses recém-seguidores não estão levando em consideração que, no seio da “família”, não se admite infiéis e quem entra na chuva é para se molhar. Chiquinho já avisou. Será que não entenderam? Lá não cabe brincar de TENDÊNCIA!

SÃO ANTI-DILMA PORQUE:

Gostaria de ver a pesquisa que mostre a intenção de voto em Dilma vinculada diretamente à governadora do estado. Se o importante é ter palanque, isso não é problema para Dilma no Maranhão. Tudo indica que ela vai ter quase todos os palanques. Nem mesmo Castelo, do PSDB, tem tido coragem de bater no Governo Lula. Castelo disse, durante a campanha para prefeito de São Luís, que era Lula. Agora, sem nenhum constrangimento, está com o programa Minha Casa Minha Vida, grudado novamente em Lula.
O povo sabe e não tem dúvida sobre o que foi “dado” pelo “papai Lula”. Quem precisa de quem?

Não duvido que tenha gente só olhando para o umbigo. Só que isso precisa ser explicitado. Muitos não estão olhando o contexto, as coisas que estão compondo o cenário político. Por exemplo, a adesão do PT ao PMDB, no Maranhão, beneficia um tucano autêntico e serrista: Roberto Rocha. Ele pode ganhar, de graça, o posto de chefe da oposição no Maranhão. Basta se candidatar e canalizar os votos da rejeição de Roseana e de Jackson. Essa é a visão ampliada do sarneísmo envergonhado!

Dizer que DILMA é o terceiro mandato de Lula, é, no mínimo, machista! Isso tem consequências devastadoras para a candidata do PT. Vejamos: Serve para reforçar o preconceito contra as mulheres na Política. Mulher não tem capacidade de governar? A candidata não tem atributos próprios?

É uma postura anti-democrática e anti-republicana. Só em configurações políticas autoritárias ou totalitárias é possível que o “eleito” não governe. Lula vai governar dos bastidores como uma eminência parda? NÃO. Lula é um democrata e não aceitará macular sua biografia com tal coisa. Lula tem defendido a alternância e acredita na capacidade de Dilma para governar.

Por outro lado, o governo Dilma não pode ser continuidade do governo Lula. Tem que ser um novo governo. O Governo Lula tem uma aprovação ímpar na nossa história, mas não foi perfeito e precisamos avançar ou deixar de nos omitir em diversos setores. O que deve permanecer é compromisso com os avanços e melhorias desencadeados pelas políticas públicas exitosas no Governo Lula. O que deve permanecer é o ideário e a consciência de responsabilidade social, justiça, liberdade democrática, humanismo etc. Não podemos nos furtar da inovação, da capacidade inventiva e de superar novos desafios. No campo político sempre proliferam novas necessidades e desafios. Enfim, o novo sempre vem.

A PARTE E O TODO.

O Brasil há tempos optou por um tipo federativo de Estado. Somos uma Federação, isso tem consequências práticas no que tange a distribuição de riquezas e equilíbrio de poder entre os entes federados. No Brasil, o federalismo já surgiu por imposição do interesse regional, particularmente dos paulistas, que puxaram e efetivaram esse projeto com a nomenclatura de “movimento republicano”. Só muita ingenuidade ou má fé para pensar o Nacional de forma estanque do Local. Ninguém faz isso. A parte não existe sem o Todo, mas o todo para existir precisa das Partes. Os demais estados da federação estão compondo politicamente articulando suas agendas de interesses locais. Se você não tem capacidade de perceber sua própria condição, como pode querer ter protagonismo político?

Ficar olhando só para o umbigo é um erro, mas decepá-lo é suicídio. Moral da história: olhe o mundo em volta, mas não esqueça seu umbigo! Você só tem um e ele é seu. Eu nasci e vivo no Maranhão. Não é o governo de Santa Catarina que vai pensar e resolver as minhas dificuldades de emprego, renda e atendimento médico. Que projeto político progressista é esse que quer perpetuar um mando político que, empiricamente, já deu provas que não é capaz ou não quer resolver os principais problemas que afligem o povo do Maranhão?

Antes de tudo, a unidade federativa deve ter capacidade de autogestão, não devemos ter como projeto uma dependência completa da União. Hoje vivemos à custa da União, com uma participação quase insignificante na composição do PIB nacional. Essa situação é fruto do mando político do grupo que se encontra no controle do estado.

O MARANHÃO NÃO É UMA CAUSA MENOR.

Tem-se compaixão, piedade e solidariedade para com o povo do Haiti. Ato Louvável. Por que não devemos ter a mesma atitude com o povo do nosso estado? A capital do Haiti possui 6 milhões de habitantes, não podemos ignorar a dor e a necessidades deles. Da mesma forma não poderemos ignorar a população do Maranhão (6 milhões de habitantes) da qual fazemos parte. MARANHÃO ACIMA DE TUDO! Há tempo para tudo... até para mudar. O tempo é agora!

domingo, fevereiro 21, 2010

AS DIRETRIZES DO PT E OS OPORTUNISTAS LOCAIS


Não é nenhuma novidade dizer que a política ou o campo de alianças do Partido dos Trabalhadores (PT) foi alterado há tempos, de forma não só numérica como qualitativa. As nomenclaturas “centro-esquerda”, “mais à esquerda” são meros recursos saudosistas. Onde há, dentre os partidos atuais, essa tal homogeneidade ideológica? O PMDB é o centro? Não! Não há nenhum dado empírico que prove isso. Ao contrário disso, inúmeros trabalhos acadêmicos apontam o PMDB como um consórcio eleitoral, um corpo sem uma fisionomia ideológica e altamente heterogêneo. Isso também não é nenhuma novidade. O PMDB era um grande guarda-chuva no período do autoritarismo; depois da abertura não conseguiu depurar a diversidade baseada na conveniência e no oportunismo eleitoral.
As alianças são necessárias matematicamente para vencer uma eleição, mas nem só de matemática vive o homem. Ou vive? O apologismo à aliança PT/PMDB no Maranhão tem menos de matemática e mais de oportunismo. É uma jogada do sarneísmo envergonhado (que usa Dilma e as diretrizes nacionais como álibi) e do carreirismo comissionado. Basta ver a dimensão do eleitorado maranhense e a dimensão do eleitorado de São Paulo,  de Minas Gerais, da Bahia e de Pernambuco, locais onde o palanque unificado PMDB/PT não se efetivou até o momento. Além desses importantes colégios eleitorais, em Santa Catarina e no Mato Grosso do Sul o PT e o PMDB não se acertaram em palanque único.
O IV Congresso Nacional serviu para selar a minimalização do basismo. O PT operará cada vez mais na lógica eleitoral de resultados; tática de tomada de poder concentrada e comando de cúpula. Decisões e direcionamentos centralizados na cúpula tomou forma explícita no 13º mandamento das diretrizes: “Compete ao Diretório Nacional conduzir a política de alianças nacional e atuar em conjunto com as Direções Estaduais na definição das alianças estaduais. Ao Diretório Nacional compete decidir, em última instância, as questões de tática e alianças necessárias à condução vitoriosa da campanha nacional.”
Portanto, o 13º mandamento conserta a redação que finaliza o 10º mandamento: “À medida do possível, devemos buscar palanques estaduais unitários, respeitando-se as particularidades de cada estado.” Do mesmo modo resolve também a redação final do 11º mandamento: “Onde isso se revelar politicamente impossível, devemos construir um acordo de procedimentos durante a campanha, que permita a existência de dois palanques para a candidatura presidencial.”
Essa redação do 13 º mandamento passou a ser de fundamental importância para a cúpula nacional do partido, que já tem posição definida quanto aos estados. Através de uma emenda, apresentada por José Genoíno, a direção quis definir logo seu “casamento” com o PMDB, mas a emenda foi rejeitada. Certamente algumas cabeças lembraram que além da necessidade do apoio de vários partidos para vencer a eleição presidencial, vai precisar também do auxílio de vários partidos para governar. Um texto minimizando os demais partidos, no atual estágio da disputa, seria um tanto quanto perigoso. Daí resultou colocar o 13º mandamento como uma espécie de chave-mestra.
No início do 10º mandamento diz: “Não podemos, no entanto, menosprezar a importância que têm os governos de estado. A manutenção dos cinco governos petistas e a ampliação desse número, além de reeleger e eleger governos de partidos aliados é também um objetivo importante.” Ora, partidos aliados não quer dizer o partido aliado. Logo a questão a ser resolvida não é só de duplo palanque. No Maranhão, por exemplo, três partidos aliados podem lançar candidatos próprios: PMDB, PC do B e PDT. O que a chave-mestra quer abrir e fechar no Maranhão? Taticamente não séria mais lógico unificar o palanque em São Paulo que tem mais de 29 milhões de eleitores, em Minas Gerais com mais de 14 milhões de eleitores, na Bahia com mais de 9 milhões de eleitores e em Pernambuco com mais de 6 milhões de eleitores?
A importância do Maranhão nesse cenário é o casamento da cúpula do partido com o Grande Irmão da política maranhense nos últimos 45 anos. Tudo certo. Todo mundo tem o direito de optar. Só acho que esqueceram de avisar ao povo e a uma forte oponente sem legenda: a REjeição.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

LOST E SÃO LUÍS PARA ALÉM DA MERA COINCIDÊNCIA




Mistura de macumba e física quântica, esse é o segredo da ilha. A ilha de Lost é tão cheia de história e casos extraordinários quanto a ilha onde se situa São Luís. A diferença é que os ocupantes da Ilha de Lost buscam, a todo instante, protagonizar diante do curso dos acontecimentos, querem fazer algo e não aceitam serem simplesmente arrastados. Lutam contra a morte e o medo do desconhecido.
Em Lost não há economia de esforço e nem de ferramentas. Nesse particular expõe uma diferença relevante quanto a São Luís. Além disso, São Luís também guarda uma diferença quanto a ilha de Lost: tem por tradição deixar que qualquer forasteiro chegue e se autoproclame gênio e/ou mais homem e mais macho do que todo mundo, sem que ninguém ponha à prova essas supostas qualidades. Mas mesmo aí Lost e São Luís ainda se assemelham, pois nessas diferenças comungam o fato de construírem e reproduzirem muitos mitos, combinarem sobrenatural, ciência e paradoxo do tempo com facilidade.
Na ilha o que acontece parece que sempre existiu, mortos estão e não estão mortos, o que não existe parece já estar pronto. Ao fundo, mas ocultamente, seres místicos disputam cada lance de um imbricado jogo.
Lost já chegou a sexta e última temporada e já é possível até ver sentido em todas aquelas estranhezas. Porém, por cá, tudo fica cada vez mais estranho, opaco e o tormento parece que não tem fim... Nunca estivemos tão lost na história.

sábado, fevereiro 06, 2010

CAOS EPÓXI



Com cara de sofisticação e contestação o velho tenta abortar o que seria o novo. É puro caos epóxi.
Assim, na pura ferve poética, o caos epóxi tece sua agenda para 2010: eleições, shoppings novos, operação tapa buraco e as inúmeras encenações dos artistas da corte (o corpo artístico apadrinhado da rainha).
Entre os itens da pauta do Caos Epóxi destacarei a trafegabilidade e o calçamento das ruas.
O primeiro e significativo ato do caos é a forma de administrar baseada na lei do Tá-Deu. Investe-se mais onde já está bom e deixa ao acaso as áreas com problemas. Simplificando: Mais para os que têm mais e nada para os que não têm nada. É assim, igualmente como na gestão municipal anterior, a prefeitura faz obras aceleradas e de grande custo nos bairros onde residem as pessoas com maior poder aquisitivo e deixa os bairros, habitados por pessoas com menor poder aquisitivo, abandonados ou com obras ineficientes e inacabadas.
A prefeitura acaba de asfaltar e pavimentar diversas ruas do Calhau, parabéns, mas esqueceu por completo as ruas dos bairros em situação mais crítica e que há mais tempo estão esperando algum benefício, a exemplo do Jardim São Cristóvão, Coroadinho etc. A gestão Agora Vai de asfalto novo para o Calhau, remendão para o Turu e lama para o São Cristóvão. Nesse particular, o Castelo não deixa ninguém sentir saudade do Palácio.
O segundo ato do Caos Epóxi é a inauguração de mais um Shopping situado em um lugar impróprio. O shopping Rio Anil está situado bem próximo de um viaduto incompleto, trecho com intenso tráfego de veículos e que já registra enorme engarrafamento nos horários de pique. Que compensação foi feita pelo empreendimento para minimizar o impacto da sua implantação na área? Como vai ficar o acesso dos moradores do Cohatrac?
Em breve dois novos supermercados serão inaugurados, ambos estão situados às margens de duas rotatórias (São Cristóvão e Calhau). Queria planejamento urbano melhor? Queria uma época mais bela?

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

AQUI NÃO É O CHILE



Às vezes, o esforço de aproximação da realidade é esquecido. As preferências e crenças pré-existentes empurram o sujeito para uma percepção mais distante da realidade, do que ela é. A realidade passa a ser vista como um deveria ser, mas não como é. Transforma-se em algo ao gosto do “freguês”.
As diversas comparações, recentemente produzidas, entre o nosso campo político e o campo político Chile é um exemplo do que acima foi ilustrado.
Colocar o cenário político e a dinâmica política brasileira na mesma escala do Chile é um grande artifício minimalista. Não é possível reduzir o Brasil assim. É uma arte quase surreal.
São Paulo sozinho tem uma população maior do que a do Chile, também tem uma população bem heterogênea e uma economia muito mais dinâmica. O jogo aqui é outro.
Sejamos partidários, MAS NÃO VAMOS DESLIGAR NOSSO DISCERNIMENTO.
Serra não é e nem reivindica ser representante da extrema direita. Ciro tem demonstrado que é uma presença importante para evitar uma vitória de Serra no primeiro turno. Além disso, pode dar maior amplitude ao debate e evitar um monótono discurso de comparações.
Em uma eleição, até aqui desenhada para ter segundo turno, é pouco provável que Serra vá aceitar a posição de advogado dos governos de FHC. Certamente vai admitir erros e, por outro lado, reconhecer acertos no governo Lula. Enfim, não é dizendo que o adversário é burro que o torna burro.
Em dois turno é bem provável que o recurso de comparar os 8 anos de governo Lula com os 8 anos de governo FHC fique saturado no segundo turno. Serra deve falar do que faltou fazer e defender a redução da carga tributária, reforma fiscal, reforma política e saúde pública.
O Ciro parece ser uma alternativa viável para enfraquecer a sedução de Serra nesses pontos e introduzir questões importantes para o debate, a exemplo dos sistemas de transporte, segurança, investimento em desenvolvimento tecnológico, reforma agrária etc. As pesquisas indicam que, até o momento, Ciro é uma candidatura necessária, útil aos opositores de Serra.
Aqui não é o Chile. Mesmo que a candidata apoiada pelo Presidente perca a eleição, as causas e as motivações são outras, bem como o conteúdo. Dificilmente o jargão de que a direita venceu ou que a direita ganhou vai pegar no cenário político brasileiro contemporâneo. Os polos não oferecem tamanha distinção. Qual o grande contrate entre os aliados?
Só para esclarecimento: O Chile tem uma população de 16 milhões de habitante. Só a cidade de São Paulo tem 11 milhões de habitantes. O estado de São Paulo tem uma população de 41 milhões de habitantes, mais do que o dobro da população chilena. Mesmo em termos de PIB a vantagem é de São Paulo, com um PIB de 265 milhões contra 245 milhões do Chile. A vida partidária e a vida política brasileira são, significativamente, diferentes das existentes entre nossos hermanos.

 SEM PROPOSTAS - ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2022 O que tem movido os eleitores brasileiro diante das candidaturas à presidência da República este ...