domingo, fevereiro 23, 2014

Roseana, o medo do passado e a TRAIÇÃO de quem

Se tem algo já exaustivamente especulado e cheio de previsões é a renúncia da governadora Roseana Sarney. Como o Maranhão sobrevive de lendas e misticismos, vou tentar fazer meu papel de maranhense: produzindo o mais puro alimento desse ideário animista e supersticioso.

A exatidão da Política é sua perfeita inexatidão em múltiplas formas e processos. O pensar "político" no Maranhão é o pensar na forma de uma teologia de dominação, que esvazia as relações de poder, consenso, cooperação e decisórias de suas dimensões cívicas, sociais e históricas. 

A renúncia ou a permanência à frente governo, até o término do mandato, revela que Roseana esteja com medo de ter medo? 

O medo faz parte da sobrevivência de qualquer indivíduo. Não ter medo é abdicar de um mecanismo de defesa extremamente útil à sobrevivência. Nesse tipo de "política" (processos de disputa e partidarismo em torno do controle do poder) desconsiderar elementos presentes e ignorar os exemplos do passado é aumentar a margem da inexatidão, é diminuir o pouco que existe de eficiência do cálculo racional e tornar-se mais vulnerável. Dois elementos exigem atenção nessa discussão: o processo de sucessão do governo estadual e o risco da traição. 

Já foi diro repetidas vezes que  a atual governadora do Maranhão ficar sem mandato não é muito seguro e isso pode ficar extremamente arriscado se ela não conseguir eleger seu sucessor. Logo,  seguindo esse raciocínio, permanecer à frente do Governo, o que seria melhor para garantir a eleição do candidato do seu grupo, deixa-a em situação de risco. Bem, os fundamentos e como chegaram a essa certeza são coisas insondáveis. Coisas de típicos e honrosos maranhenses. 

Qual casa legislativa seria melhor para gozar essa imunidade imprescindível? A Câmara Federal não apresenta as condições do lugar de maior conforto, pois o tamanho e a pluralidade requer muito esforço para obter uma maioria amiga e solidária. Por essa ótica o Senado seria o local de maior proteção. Será que ela precisa dessa proteção? 

Permanecendo na crença da necessária imunidade parlamentar, o Senado é o destino ideal, mas a eleição para o Senado, nesse ano, requer esforço mínimo de publicidade e participação em campanha. Porém, já existe algo significativo a favor da eleição de Roseana ao Senado. Trata-se do adversário-perfeito: Roberto Rocha. 

Qual o mote, argumento, discurso e histórico político que Roberto Rocha apresentará para confrontar Roseana? Será uma disputa de contrastes ou um mero degradê? O certo é que todo esse baralho ralado só será repartido se a governadora renunciar. Não renunciando ele fica sobre a mesa, no campo mais distante das probabilidades, a boca sempre aberta da História. 

Essa tal renúncia da governadora contém o risco da perda do peso da máquina estatal a favor do candidato da governadora. A traição é um fantasma que circula na cabeça da "comunidade" palaciana leonina. Uma precaução que se impõe ao grupo político no controle do governo estadual, particularmente pelo exemplo passado. Já foram traídos por crias mimadas e tratas com toda doçura. Nesse caso parece ser que a dúvida está em prol da segurança. 

Do outro lado, a oposição majoritária ao governo estadual, mas que é totalmente situação no governo municipal da capital, tem adotado a renúncia como certa, inevitável ou uma coisa extremamente desejada. Tão desejada por quê? Nota-se que tal oposição, a partir disso, passou a operar sistematicamente para impedir que o candidato do Palácio dos Leões não concorra ou que não seja eleito governador pela via indireta. A que ponto isso vai frustrar a força da máquina estatal em prol da campanha do candidato da situação? A que ponto inflar o ego do presidente da Assembleia Legislativa favorece a candidatura do candidato da oposição majoritária? 

O leque de interesses sobre a renúncia ou não e a eleição indireta  ou não para um mandato tampão de governador vai dos situacionistas que querem que o candidato deles seja governador pela via indireta e, caso ganhe, não possa concorrer em 2018 a membros da oposição majoritária que acreditam em uma traição e por isso tentam eleger um outro "situacionista". Cabe ressaltar que entre a "oposição" tem os que torcem pela permanência de Roseana à frente do governo, diminuindo a concorrência sobre a vaga para o Senado Federal. 

A governadora disputar a vaga para o Senado não está restrita só a imunidade parlamentar, mas também à lógica da própria perpetuação no poder. Uma vaga de senador tem muita importância nas articulações junto ao Governo Federal, ainda mais diante da possibilidade de barganhar a Presidência dessa casa legislativa. Pois, mesmo que o candidato dos Leões ao governo do estado perca, o prestígio do grupo político da governadora não fica ferido totalmente. 

Além disso, o presidente da Assembleia pode muito bem se aproveitar da oposição não para assumir uma condição de traidor, mas para alimentar sua vaidade e crescer no interior do grupo da situação, acumulando bônus para projetos futuros. Que o ego dele é facilmente inflado ninguém mais tem dúvidas. A tensão ou dúvida é se a vaidade comporta fidelidade ou traição. Se for fidelidade, a oposição majoritária, não vai estar criando dificuldades para os atuais detentores do poder, mas criando dificuldades maiores para si mesma. Pois ele pode querer demonstrar bons serviços. 

"Para o crente existe a certeza, mas para os céticos e cientistas existe a dúvida." 

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