quarta-feira, julho 20, 2011

O EX-VOTO


O ex-voto tem registro bem antigo e foi meio de revelação de talentos. Diversas peças produzidas para ex-voto se revelaram preciosas obras de artes. Mas os tempos mudaram, formas de produção em série da industrialização engendraram essas peças votivas no grande processo de circulação de mercadorias capitalistas.

O ex significa deixar a condição de dívida. O ex-voto publicita o cumprimento de um compromisso. Retribuição por um benefício.

Vi, na infância, miniaturas de barcos passarem arrastados pela correnteza do rio Itapecuru. Eram peças lindas, mas ninguém mexia, porque era de São José de Ribamar. Também me impressionava o ex-voto corpóreo deixados nos altares das igrejas: expressões da cura, da superação da dor. O ex-voto revela a condição física restaurada: a cabeça, o braço, o pé etc. Resumidamente: a cura do crente (o que crer). Crer é receber.

Após participar da missa, no último domingo, detive-me por um instante diante da bancada de ex-voto na Igreja de São José de Ribamar... para refletir sobre todos esses caminhos das sensações, dos momentos da vida, da condição mesma de existir. Lá estava uma quantidade enorme de ex-voto corpóreo. Quantas enfermidades. Logo lembrei que aqui são poucos os hospitais e que impera uma enorme insensibilidade dos governantes...

Quando a jaula de ferro do desencantamento impera é a fé que faz romper o clarão que subverte a ordem.
“Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo”. (João 1:9)

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