quarta-feira, dezembro 31, 2014

Votos de Feliz 2015

Feliz Ano Novo 2015 seja maior e melhor em tudo que foi bom para todos... e que seja melhor e maior na nossa capacidade de sobreviver ao que não é bom..com a certeza que somos capazes de fazer muito mais e melhor por todos nós. Mil risos, mil alegrias.... Meu fraterno abraço a todos e a todas! 

Agradeço especialmente aos LEITORES desse blogue. Pessoas que gastam seu tempo lendo esse meu bloco de notas (digital). Esse blogue não é mais que um bloco de notas, onde registro opiniões, ideias, reflexões, análises de forma livre e sem rigor com a forma. Fico sempre muito grato de ver registrado milhares de acesso em cada mês. Espero continuar sendo útil e interessante aos leitores. Hoje o blogue alcançou a marca de  70.635 acessos com IP diferente  (geral). Obrigado.Grande Abraço!!!! 

terça-feira, dezembro 30, 2014

Êxodo "roliudiano"

Tentei não dizer nada sobre o filme Êxodo...mas, é óbvio, não consegui..kkk. Começo avisando que sou cristão católico e creio em Deus. Mas Moisés é tipicamente uma figura teológica, isto é, precisa ser vista e compreendida pela fé na grandeza divina. Aí cabe a exegese feita por Maquiavel que ressaltou o fato de Moisés falar com Deus e logo descartou como personagem passível de análise histórica. Sábio Maquiavel (que também era um crente). Sobre algumas curiosidades do filme: Primeiro, não existe em nenhum monumento e documento egípcio encontrado até hoje qualquer referência a Moisés, certamente o seu nome egípcio nunca foi Moisés ou ele é uma figura heroica incorporada ao contexto do Êxodo posteriormente pela tradição oral de forma unificada de vários narrativas e epopeias sobre o Êxodo. Segundo, sobre o Êxodo existem registros fora da bíblia e os próprios egípcios fizeram registros de utilização de escravos de origem asiática em construções.  Mas as construções não foram feitas só com trabalho escravo, existia o trabalho assalariado no Egito. O Êxodo é totalmente improvável no período Ramsés II, cujo reinado é bem posterior. Da mesma forma Moisés não sai e nem volta com Ramsés no poder. A numerologia tem um significado na Torá. Por isso, cabe lembrar que Moisés sai do Egito com 40 anos, 40 anos depois tem um encontro com Deus e lidera os judeus pelo deserto com 80 anos. Seu auxiliar nada menos que seu irmão mais velho. Pois é, esse senhor de 80 anos sobe montes etc. Como bem disse Maquiavel... "ele falava com Deus". Terceiro, Deus aparece como criança carrancuda e caprichosa, novidade de Hollywood. Mas o filme tem duas das coisas mais fascinantes do cinema: entretenimento e  fantasia. 

Faraó provável na época do Êxodo: Amenhotep II.
Faraó mais provável na época da saída de Moisés do Egito (exílio): final do mando de Hatshepsut, antes de Tutmés III assumir sozinho o poder. 

2015 o ano de ouro do PMDB

Contra o Presidencialismo há inúmeras acusações. Fórmulas simplistas de identificar a síntese dos males da política brasileira. Desde 1985 tem surgido diversas tipificações sobre o Presidencialismo brasileiro. A mais recente culpa do Presidencialismo é a exigência de todos os governos necessitarem ter uma ampla base de apoio, isso significando de um conjunto de parlamentares alinhados e em sincronia com o governo Federal. Isto é, parlamentares governistas. 

Se o Brasil tivesse adotado o Parlamentarismo o PMDB estaria governando absoluto. Seria bem próximo de um partido hegemônico. Com o Presidencialismo o PMDB tem firmado sua presença em todos os governos após 1985. O PMDB, durante o governo de Sarney, não teve tanta força como nos governos de Lula e Dilma. Isto é, o PMDB não mandou tanto no governo do próprio PMDB. 

A questão não está resumida ao sistema de governo, ao Presidencialismo. Pode mudar o sistema de governo que o conteúdo produzirá os mesmos resultados. Como bem lembrava Oliveira Viana sobre nossos arquétipos (utilizou os arquétipos de Jung na sua análise política), sobre a nossa cultura política. Destacadamente há um extremo descompasso entre o discurso democrático e a responsabilidade cívica, a virtude civil é extremamente frágil e sem significado, não tendo valor a coisa pública. Os poderes constitucionalmente atribuídos ao Legislativo são de grande quantia, o que prova a inexistência de um Presidencialismo centralizador. A questão é o uso, as finalidades como são operados esses poderes no Legislativo. Em geral, a finalidade pública é subjugada a interesses restritos pessoais e visando o enriquecimento (ilícito). Tudo vira motivo de negociata e barganhas monetárias. 

O Presidencialismo que aí está também não é refém desse poder do Legislativo, ainda concentra competências e prerrogativas que lhe possibilitam grande margem de manobra e execução de ações. O maior problema nessa dimensão  relacional com o Legislativo é a forma de transacionar e os valores que os move. Os velhos e insanos arquétipos da nossa cultura política se perpetuando. O autoritarismo é uma peça de ouro tanto para os que se dizem de esquerda como para os que são identificados como direita. Querer mandar sem contraditório é a marca desse ethos. Os governos perdem em composição negociada e em conjugação de projetos de base pública. 

O custo desse formato foi tomando proporções avassaladoras nos dois governos de Lula e no último governo Dilma chegou ao inimaginável, em total desconstituição do mínimo republicano de reserva moral e responsabilidade. Dilma foi eleita como continuação de Lula e isso foi fácil para elevar o custo do apoio da base aliada do governo. Mas isso não foi o ápice dessa engenhosidade sucateadora do Estado e o segundo governo Dilma promete e o PMDB, em nome da "governabilidade" vai ter mais poder do que nunca. Em 2015 o governo vai ser mais PMDB que nunca. 




                                                                                         

quarta-feira, dezembro 24, 2014

Votos de sorte aos órfãos: política maranhense


Sempre desejei a alternância por dois motivos simples: 1- convicção democrática; 2- ver os Sarney fora do poder. Sobre esse último motivo explico: uma longa permanência no poder não permite a existência da alternância. Nasci, cresci e envelheci vendo apenas eles no poder, isso produziu em mim uma sensação de paralisia. O tempo parecia em colapso, o horizonte estático uma agonia em relação ao devir. Nunca foi ódio e nem nada mais. Tudo pela simples crença em democracia. 

Mas sempre caminhei desconfiando, suspeitando e tendo cuidado. Passei a minha vida toda observando de perto os adversários de Sarney, os que se colocavam como a negação do que ele foi politicamente. Logo, logo vi que só ser contra (anti) não superava nada e que 90% desses adversários eram vazios em propósitos e compromissos públicos. Outros tantos não possuem nenhuma densidade moral que sustente o seu discurso de moralidade. 

O tempo passou e muitos sobreviveram sob o mando de uma suposta dignidade, sem referência histórica, estabelecida como dádiva mística pelo fato de se dizer anti-Sarney. Isso foi um dos maiores fatores da nossa miséria econômica e política. Porque o Maranhão desde 1965 passou a viver em torno de suposições, mitos, fantasmagorias e muitas mentiras de todos os lados. Não-racionalidades, Inconsciências, Superstições, Demagogias e Obscurantismos. Caldo delirante que deixou o Maranhão cair a índices absurdos de miséria e ausência de vida decente. 

A saída dos Sarney do comando político do estado é bom para os Sarney, por mais que possa parecer estranho. Também é bom para o Maranhão, pois é uma possibilidade real do estado começar a ver suas condições/situações de forma menos fantasiosa, quebrando algumas correntes mitológicas que alimentam certas ilusões. 

A partir de 2015 vamos ter a oportunidade de descortinar o que é realmente o atraso e suas causas. Daí poderá ser medida a exata medida do que tem a oposição de diferente e qualitativamente melhor aos Sarney. Será agora uma prova concreta. O governo Jackson, interrompido por cassação, não possibilitou o descortinamento do real tamanho dos nossos vícios e o grau de competência dos que sempre se opuseram aos Sarney. As condições historicamente estão montadas: a prefeitura da capital e o governo do estado estão aparentemente no controle de um mesmo grupo político. Sobre o que foi até agora o governo municipal de São Luís nem vou comentar no momento (vou aguardar a hora certa).

Cabe ressaltar o caráter tardio dessa vitória da oposição sobre os Sarney. Há tempos a continuidade do controle sarneísta tinha como principal aliado a força da inércia promovida pela oposição. A oposição atestou seguidas vezes sua incapacidade de articulação e mobilização para disputas competitivas. Não era só Sarney querer permanecer..não somente isso, era também a falta de adversários para disputar efetivamente na competição eleitoral. O anacronismo do sarneísmo era oriundo do próprio atraso da oposição no Maranhão. 

Ser só oposição era cômodo para muitos e isso rendia frações eleitorais e monetárias, coisas consolidadas, sem risco e sem ter que prestar contas ao povo, sem o risco de ser responsabilizado. Agora vai ficar mais fácil delinear e mensurar o tamanho do legado dos Sarney em termos de negatividade e positividade. O que há de real, de delírio, de mentira e farsa vão ganhar nitidez para o bem ou para o mal da oposição, que passa a ser situação agora (governo). 

É certo que o poder entorpece pela possibilidade de "fazimento", vantagens, regalias e gozo da supremacia da vontade. Exatamente nesse aspecto vejo como ganho para os Sarney o fato de terem perdido o governo do estado. Agora eles vão poder experimentar mais o que é a realidade para além das forças dos leões. É certo que o guarda-chuva eleitoral montado em prol de Dino não será suficiente para acomodar as frações demandantes por espaço no campo políticos nos dois próximos anos. 

Em termos de projetos políticos,alguns só serão viável se saírem de debaixo da sombra de Dino, o que exige descolamento em direção de posições mais independentes. Isso vai ser uma necessidade para aspira a prefeitura de São Luís, Senado e Governo do Estado. A fila de quem acha que tem prioridade é grande e uma grande leva de desejosos não gozará de exclusividade para alavancar sua candidatura. Quanto mais negociado for o processo de diminuição dessa lotação debaixo desse guarda-chuva montado para a eleição de Dino, melhor será para a renovação e ampliação do campo político maranhense em termos de opções, variedade.  Que isso ocorra em benefício do interesse público.

Cabe, como finalização, desejar votos de sorte aos órfãos do sarneísmo e do anti-saneísmo que passaram suas vidas fazendo dessas correntes uma forma de ofício. Que 2015 seja um momento de novas oportunidades e que todos vocês encontrem novos meios de vida. Pois não vão ter como sobreviver dizendo que o legado do sarneísmo vai perdurar por mil anos. O Pronatec pode ser útil. Sorte, sorte! 


Natal e outras compras mais


São Francisco na sua humildade, simplicidade e amor criou o presépio como maneira de ensinar a importância do nascimento de Jesus. Enfeitar e engrandecer através dos tempos um marco fundamental: Deus na Terra, Deus Encarnado, Deus Feito Homem, mesmo sendo onipotente e eterno. O Natal é o brilho do humano pela divindade. 

É certo que celebrações já existiam nessa data, também carregadas de simbolismos e sentidos, mas é o Natal cristão que fez o mundo inteiro ter uma data memorial. 

O feriado natalino foi, ao longo do tempo, encorporado pela comércio, que passou a estabelecer as cores, os objetos e gestos do natal para qualquer credo e sem necessidade de credo. Como um "encanto" as mercadorias e as compras consomem mais tempo e atenção do que a devoção espiritual. É um simplificação da racionalidade instrumental a favor da economia. A satisfação e o sentido da vida tem uma equivalência monetária etiquetada. A vida e os produtos são para ser consumidos e descartados. 

O Natal cristão é de algo que não se consome, não se descarta porque é de esperança e da vida que não é consumida com a morte, é sempre vida.

Feliz Natal... paz e graças!  

terça-feira, dezembro 23, 2014

2014 e os órfãos do Mandonismo Cubano e Maranhense


Em Cuba 2014 termina com inúmeras perguntas sobre o futuro dos Castro. O futuro de Cuba o povo cubano dará o feitio. Os Castro lideram a marca de maior longevidade de oligarquia, mas agora o tempo deu sinais que vai parar sua contagem a favor e iniciar a cronologia de algo novo. Por agora, só cabe afirmar que a reaproximação com os USA deixa inúmeros órfãos. Os primeiros são os que passaram anos denunciando e combatendo o regime dos irmãos Castro. Agora vai caducar os ataques a Fidel e ao regime cubano. Do outro lado, estão os órfãos do regime, aliados e convictos defensores da revolução e os fiéis seguidores dos comandantes da revolução. Em igual situação de caduquice das já habituais armas de combate ao imperialismo ianque. O ano termina com a certeza que a vida desses dois extremos não será mais a mesma, apesar de Cuba permanecer. 

No Maranhão, especialmente na ilha onde está  capital do estado, é nítida a desorientação dos que tinham como profissão ser anti-oligarquia, anti-sarneísmo. Assim como existem sarneístas por esperteza e conveniência, existem os anti-Sarney por conveniência, esperteza e lucratividade. Essa turma não perde tempo e rapidinho vão reorganizar suas formas de barganhar e de prestar "serviços". Os que sempre se lançaram por paixão e afinidades restará a nostalgia, a recorrência a um passado épico cheio de glórias no combate contra ou a favor da oligarquia. Esses órfãos são os mais sentimentalmente afetados pelo tempo que muda.

É.. E como dizia o velho Marx: tudo que é sólido se desmancha no ar. Também os Castro, os Sarney, os anti-Castro e os anti-Sarney. 

O tapete curto: dimensões éticas e os governos do PT

Começo com uma repetição: o PT não é o primeiro e nem o único partido à frente do governo ase envolver em escândalos por conduta criminosa contra a coisa pública. Mas o PT foi o único que construiu uma forca com as próprias tripas.

A última disputa presidencial ficou evidente que para uma parcela significativa do povo a corrupção é extremamente relativa, tanto e a tal ponto de preferirem a continuidade de um governo sob várias denúncias de crimes contra o patrimônio público, com inúmeros indícios de pilhagem do Estado, na forma de um sistema de propinas envolvendo empresas estatais e diversos setores empresariais e políticos. 

Não há como, em uma República, o responsável por uma pasta alegar como defesa o desconhecimento do acontece no órgão que chefia. Entre tantas responsabilidades existe a de prestar conta dos rumo da entidade sob sua responsabilidade. Como subordinados chegaram a tal grau de autonomia e de livre ações dentro desses órgãos? Que tipo de controle existe em empresa que diretores transacionam cifras astronômicas sem serem incomodados ou repreendidos? Qual a prestação de contas existente aí? Quem contabiliza e para o quem? 

O PT faz o laço arrochar toda vez que tenta se justificar a partir dos erros alheios e na tentativa de estabelecer uma verdade com auto-justificação. Nesse esforço tem criado um discurso agressivo de linchamento moral e de patrulhamento ideológico contra a oposição, o contraditório é visto como inimigo e indigno de criticar. O que o PT acusa os adversários, em geral, tem aparecido como uma prática dele mesmo projetado nos seus opositores. Na maior parte ultrapassa o que comumente poderia ser uma ideologia e entra em um espécie de esquizofrenia. 

Ao longo dos anos o PT pregou democracia e ética. Depois de assumir o Governo, nesses últimos doze anos, acumulou atos de negação da virtude cívica, elevando o prejuízo sobre coisa pública e as continuadas tentativas de inibir o direito de oposição. O PT insiste em não ver erros e ter a exclusividade de saber tudo sobre todas as coisas visando unicamente a perpetuação no poder. O PT está convencido que tudo pode ser justificado e relativizado na esfera do poder, desde que se crie convencimentos, mesmo que recorrendo à exploração do medo. 

Cadê as cinco medida contra a corrupção anunciadas no final da campanha eleitoral de Dilma? A faxineira não se deu conta de que a sujeira não cabe toda debaixo de um  tapete. O que pode ainda fazer o PT para se manter no poder? 







segunda-feira, dezembro 22, 2014

Golias ao resgate de David (Cuba + USA)

Golias ao resgate de David

                                                                                                                          Por YOANI SÁNCHEZ
Em uma das minhas lembranças de infância mais antigas, estou no pátio da escola ao redor de uma fogueira. Os meninos gritam e pulam perto do fogo, enquanto a professora alimenta as chamas onde queimamos um ridículo boneco do Tio Sam. Na quarta-feira,enquanto escutava os discursos de Raúl Castro e Barack Obama sobre o restabelecimento das relações entre Cuba e os Estados Unidos, essa imagem da minha infância voltou nítida à minha mente.
Várias gerações de cubanos cresceram sob o constante bombardeio da propaganda oficial contra os Estados Unidos. Mas, na mesma medida em que as palavras ditas nas tribunas contra o vizinho do norte se tornavam mais agressivas, crescia a curiosidade e o magnetismo que esse país provocava na população cubana. Por isso, as reações perante o anúncio de quarta-feira devem ser analisadas separadamente, entre posições políticas e os cidadãos comuns.
Aqueles que recebem remessas ou ajudas frequentes de parentes que vivem nos Estados Unidos mostram satisfação com a notícia, como Sara, professora de uma escola primária do município Plaza de la Revolución. Sem a ajuda econômica que sua filha manda todos os meses ela não poderia sobreviver. “Agora tudo será mais fácil, sobretudo porque aqui poderemos usar cartões de crédito e débito norte-americanos e minha filha pensa em me enviar um por meio do qual vai me dar uma ajudinha sempre que puder”. Sua lógica é direta e simples, mas muito comum.
A sociedade civil deve aproveitar a nova etapa, elevar sua voz e testar os novos limites da repressão e da censura
Sara tem a sala de sua casa decorada com um cartaz que mostra cinco rostos. São espiões cubanos. Entre eles estão os três que foram libertados recentemente e que são considerados, pela propaganda oficial, como heróis. “Eu ensinei os meus alunos a escreverem cartas para eles na prisão e colocávamos flores também”, contou a professora sem nenhuma restrição. “Agora já estão de volta, e, por isso, teremos que mudar o mural”, disse com uma mistura de emoção e alívio. Toda a maquinaria propagandística em relação à chamada Campanha pelos Cinco ficou no ar, à espera de uma nova batalha à qual destinar grandes recursos e horas televisivas.
Assolados pelas precariedades materiais, desiludidos porque as chamadas reformas raulistas não conseguiram aliviar os bolsos nem os pratos, os cubanos se agarram ao respiro material que pode chegar, vindo do outro lado do estreito da Flórida. É como se tivessem agregado uma nova cena à já gasta metáfora de David e Golias, onde não há funda nem sangue ou briga, mas o sorriso agradecido de um homem diminuto em relação ao grandalhão que acaba de abrir para ele a bolsa das moedas. O mito do inimigo terminou, agora começa a difícil realidade da convivência.
No entanto, a tensão entre ambos os Governos durou tanto tempo que agora alguns não sabem o que fazer com suas palavras de ordem, seu punho levantado contra o imperialismo e sua doentia tendência a justificar tudo, desde a seca até a repressão, com o argumento de que Cuba está perto demais do “país mais poderoso do mundo”.
Os que ficaram na pior posição são os militantes mais recalcitrantes do Partido Comunista, esses que morreriam antes que mascar um chiclete, tomar uma Coca-Cola ou pisar em Disney World. O secretário-geral de sua organização os acaba de trair. Pactuou com o adversário entre bambolinas e durante 18 longos meses.
Ao não se pronunciar, Fidel Castro está confirmando sua morte política, mais simbólica do que a física
Outros, no entanto, esfregam as mãos em sinal de satisfação. Bonifacio Crespo ajuda um irmão com a contabilidade de seu restaurante privado em Havana. Os dois já tinham feito um plano de negócios pensando neste dia. “Temos os contatos para começar a importar matéria-prima, especiarias e muitos produtos para o menu, só faltava que ampliassem o envio de pacotes vindos de lá”, e apontou com o dedo em direção a um ponto cardeal que ele acreditava ser o norte.
Na quinta-feira, o jornal demorou para chegar às bancas. Às vezes se atrasa quando Fidel Castro publica um de seus delirantes textos sobre a imensidade da galáxia ou a memória de Hugo Chávez. Durante os longos minutos de espera, muitos especularam que oGranma chegaria com alguma reflexão do comandante, mas nada. Nenhuma evidência que permita saber se ele está de acordo ou contra o arriscado passo que seu irmão acaba de dar. Muitos leram este silêncio como um sinal de seu delicado estado de saúde… mas a verdade é que ao não se pronunciar, ele está confirmando sua “morte política” que é, inclusive, mais reveladora e simbólica que a morte física.
A dissidência, por sua parte, provocou reações muito diversas perante o novo caminho, em direção ao qual se acaba de dar o primeiro. Figuras do porte de José Daniel Ferrer garantiram que com a flexibilização assumida por Obama, o regime de Havana “perde o álibi” para a repressão política e o controle econômico sobre a sociedade. De Pinar del Río, a revista independente Convivenciaelogiou o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e EUA. Outros viram a jogada política como a pior ação, no pior momento.
Alguns líderes opositores se prepararam para chamar atenção para a carência de uma agenda pública dos passos a serem empreendidos pelo Governo de Raúl Castro. Dizem que da negociação só são conhecidas as medidas a serem tomadas por parte da Casa Branca, mas o secretismo se estende sobre os compromissos assumidos, a partir de agora, pela Plaza de la Revolución. Como tantas outras vezes, se escamoteou da sociedade civil o conhecimento completo do Mapa do Caminho escrito pelos de cima.
A ocasião serviu para trazer para o primeiro plano quatro pontos de consenso que ganharam força nos últimos meses dentro de setores representativos da sociedade civil cubana. Trata-se de um conjunto de demandas que não deveriam ficar de fora de uma conversa de consensos porque, caso contrário, seria como “estender um cheque em branco” ao totalitarismo mais longo deste hemisfério.
liberação imediata dos presos políticos e de consciência que ainda estão atrás das grades depois da recém-anunciada libertação é uma das exigências da sociedade civil. Segundo a Comissão Cubana de Reconciliação Nacional, dirigida por Elizardo Sánchez, o número poderia superar uma centena neste momento. Outra das reivindicações passa pela ratificação dos Pactos de Direitos Humanos, Sociais, Políticos, Culturais e Econômicos e a posterior adequação da legalidade cubana para que comecem a valer dentro do país.
No entanto, os dois últimos pontos são os que exigiriam um maior talante democrático por parte do regime de Raúl Castro. O fim da repressão, anunciado publicamente como um compromisso que deve incluir o fim dos vergonhosos atos de repúdio, das detenções arbitrárias, da satanização social daqueles que pensam diferente e da vigilância policial sobre os ativistas, como parte do desmantelamento do mecanismo que penaliza as divergências.
Por último, o reconhecimento da sociedade civil dentro e fora da ilha. O Governo cubano deve aceitar a existência de estruturas cívicas que tenham direito a opinar, decidir, questionar e escolher. Enquanto essas vozes não aparecem representadas de alguma maneira na atual negociação entre os Governos da Cuba e dos Estados Unidos, estaremos falando de negociações em nível de palácio, de Chancelaria ou de estadistas.
A oportunidade se concretizou, apesar das válidas críticas de muitos que questionam um Tio Sam que cedeu demais perante a tacanha atitude de sua contraparte para prestar tributos com gestos políticos. No entanto, uma nova etapa começou, e cabe à sociedade civil aproveitá-la, elevar sua voz, testar os novos limites da repressão e da censura para ver se algo mudou desde o dia 17 de dezembro de 2014.
Cada qual está vivendo esta mudança de sua maneira. Sara, sonhando com seu novo cartão de débito, Bonifacio especula os pratos que conseguirá incluir em suas ofertas com os novos ingredientes importados, e José Daniel Ferrer aproveitará a nova conjuntura para fazer crescer o ativismo no oriente do país. Um novo tempo começou para todos. Mas ainda não podemos confirmar se será melhor. Pelo menos, será diferente.
No meu caso, ao menos sei que nenhuma outra criança cubana terá que gritar palavras de ordem ao redor de uma fogueira, onde um boneco absurdo é queimado e a professora afunda — com sanha — a cartola de listras vermelhas nas chamas.

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Publicado originalmente em El País, 21 de dezembro de 2014.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Dia de combate à corrupção

O mais trágico desse dia de combate à corrupção é esse fingimento coletivo em acreditar que os chefões não sabiam de nada sobre essa corrupção em série. Será que é uma tentativa coletiva de absolvição? Ou só uma vergonhosa maneira de sermos omissos? 
Parece que é mais fácil acreditar que os líderes, os que estão nos postos de comando são tão despreparados e inocentes que tudo acontece sem eles saberem. E isso... É como afirmar que vale o despreparo e é livre de culpa a falta de responsabilidade diante da coisa pública. Assim, chegamos ao patamar de enterrar a responsabilização de quem está à frente do Estado. 
O que é mesmo a corrupção e a coisa pública para nós brasileiros? 

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Falência de um modelo: hoje dois policiais PMs foram mortos em São Luís.

Hoje dois policiais PMs foram mortos em São Luís. 
O primeiro foi alvejado na tarde desse domingo na Avenida Beira Mar, na área do Mercado do Peixe e o outro, horas atrás, na Forquilha. 

Os homicídios estão se multiplicando em São Luís em uma velocidade assustadora. Nessa estatística de homicídios, salta aos olhos o fator arma de fogo. Como tantas armas estão entrando e sendo distribuídas a criminosos nessa ilha? AÍ tem uma clara e notória herança de uma péssima gestão na área de segurança pública. Não existe nenhuma ação consistente de desarmar e impedir essa proliferação de armas de fogo nas cidades situadas na ilha. Quem está fornecendo tantas armas para esses indivíduos?  

Ampliando a questão. Há uma nítida falência na estratégia e na tática de combate à criminalidade. Não existe nada de consistente para barrar essa escalada da criminalidade e da violência entre nós. Como agravante, em nosso meio, alimentamos  uma visão ortodoxa sobre a violência, de caráter biologista e acompanhada da naturalização do conceito.  Em geral, essa tradição gera esquemas explicativos pautados na carência econômica ou o excesso de  abundância que gera um individualismo destruidor. No fundo de todas essas explicações pautadas nesse esquema está um indivíduo desequilibrado, que não deu certo e nada a mais. O criminoso é visto de uma forma reduzida. Algo que deixa de fora toda a complexidade da violência e do que é essa criminalidade contemporânea. 

A violência que cresce não é coisa instintiva e de falta de racionalidade.  Essa concepção, na verdade, sustenta a noção simplista de enfrentamento do problema, colocando a Polícia como a única responsável no combate à violência e à criminalidade. Colocar a Polícia na repressão como a resposta central é uma estratégia já fracassada. As polícias no Brasil mataram em 5 anos o que as polícias americanas mataram em 30 anos . Mas O Brasil também é um dos lugares com altos  índice de policiais mortos. Porém, a criminalidade e a violência aumentam. 

A questão é maior, bem maior e inexiste políticas de segurança pública amplas e consistentes. Não há uma ampla coordenação das ações, nem envolvimento de outras entidades que possam colaborar para desmobilizar o contexto de produção do criminoso e da criminalidade. Não existe uma sistemática política de redução da violência e de promoção da pacificação. 

O confronto armado direto é uma luta inútil que está produzindo criminosos cada vez mais armado e especializado em combate. Ao passo que o criminoso é sistematicamente morto,  ele busca se armar mais, com armas mais potentes e com maior maior investimento em estratégias de confronto. A disposição e o destemor dos criminosos tem crescido assustadoramente. O criminoso de hoje não sai mais só para praticar um ato contrário a lei, mas confrontar em todos os níveis a ordem social, é uma ação por controle de poder. Não é só questão de Polícia, mas questão de Estado.  Enquanto isso não é claramente percebido e a insistência nesse falido modelo de policiamento, o resultado é um sacrifício em massa de jovens. Jovens policiais e outros jovens que estão nessa nova ordem da criminalidade. 

Esse modelo de policiamento pautado no combate não faz cessar a produção da criminalidade, não desmonta o que fomenta e sustenta o crime. É uma falsa solução, é um sacrifício inútil e uma medida irresponsável. 

A Polícia vai perdendo espaço e sendo rejeitada por parte significativa da população. Ora por ser vista como ineficiente, ora pela face violenta. A Polícia acaba responsabilizada por aquilo que está além de sua competência. Polícia usada como exército, com armamento pesado em confronto letais, em si, já é testemunho de um fracasso em termos de segurança pública. 

É preciso decisões Políticas, compromissos que deem efetividade a uma responsabilidade social ampla contra a violência e na desarticulação da produção dessa barbárie. Para isso, faz-se necessário ações e investimentos em diversos setores através de instituições públicas e da sociedade civil. 

domingo, dezembro 07, 2014

Lembrete a papai noel (1)


Hora de lançar meus pedidos ao velho Vermelhinho: Papai Noel. Pois é, Papai Noel, aquele pedido feito ano passado não foi atendido. Lembra? Eu pedi um Prefeito para a cidade de São Luís. Aproveito para fazer mais uma vez: Por favor... em 2015 mande um Prefeito para São Luís. Será um grande presente! Essa bela imagem foi feita hoje (07/12/2014) na rua Projeta na Forquilha, trata-se da única interligação entre a estrada de Ribamar e a estrada da Maioba depois do Maiobão.

sexta-feira, dezembro 05, 2014

Renuncia e sai de férias (férias?)

O Maranhão é um grande produtor de pérolas, mas pérolas anedóticas. A últimas foi essa: Roseana renuncia e sai de férias. 

Só mesmo no Maranhão. Férias de quê? 

Sem mandato político e aposentado do Senado como é que Roseana vai tirar férias?
Roseana vai gozar o ócio (Sêneca que explique). 

Após uma campanha repleta de maquetes digitais e a promessa de 72 hospitais, o quarto Governo de Roseana, nos dois primeiros anos foi uma letargia só, o que gerou uma brincadeira entre os estudantes que passavam em frente ao palácio que, ao gritos, diziam: Acorda, Roseana! 

Nesse período o governo construiu um molhe na ponta da Ponta D'Areia. Na época, fiz algumas observações de leigo e disse que o projeto faltou combinar com o mar. Qualquer leigo sabe que antes desse molhe outros teriam que ser feitos a partir do Caolho. Como disse: uma rampa de areia... Milhões por areia.

A avenida Metropolitana era um projeto útil e de futuro para São Luís e demais municípios, mas ficou resumido a uma duplicação inacabada no pequeno trecho entre o bairro do Araçagi ao entrocamento com a estrada da Maioba. 

A Via Expressa e IV Centenário foram inauguradas inacabadas há dois anos atrás. IV Centenário fica como uma obra amputada, sem pernas e braços, bem longe do projeto original inscrito no PAC. Pode ser chamada de ruela de quarta! A Via Expressa virou uma piada e depois de vários prazos não cumpridos e de um custo que sumiu das vistas públicas está em conclusão agora. 

Assim, com essas inúmeras coisas e um canário de horror em Pedrinhas finaliza o melhor governo da vida da governadora. 

Recentemente ouvi em Pelotas (RS) o seguinte: "Lá do Maranhão de Pedrinhas?"  
Tudo podia ser, minimamente, melhor no que é essencial, mas não foi!
Dona Roseana, vá,vá curtir suas (seus) netinhas (os) em paz! 

PS.: Eu só renunciaria depois de pisar em solo dos USA. É bem melhor viajar com a imunidade parlamentar.   


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