quinta-feira, janeiro 08, 2015

A Condição da França é a condição Mundo


A questão é: Como enfrentar o terror sem matar a democracia? Mais poder às polícias vai produzir mais segurança? Restringir os direitos civis dos cidadãos vai produzir mais segurança? 

Todo mundo sabe que a doutrina americana de guerra contra o terror é um tremendo fracasso. A restrição das liberdades dos cidadãos e a prática de torturas não acabaram com o terrorismo nem eliminou a sua ameaça. O enforcamento de Saddam, a execução de Kadafi, apoiada pelo Ocidente, a suposta execução de Bin Laden não trouxe um outro Mundo ao nossos olhos, trouxe o Isis. O Estado Islâmico é novo e velho, é ordem e desordem e desafia o sentido comum das lutas. 

A condição da França é uma condição do Mundo. Não vamos esquecer centenas de crianças executadas dentro de suas escolas, crianças que nunca fizeram charges anti-qualquer coisas ou satirizando qualquer religião. Não vamos esquecer os diversos massacres que não têm ligação nenhuma com charges satíricas. 

O horror pode ser explicado? O horror possui causas passíveis de serem delimitadas? Lembrei-me do filme 8 Milímetros (1999). Lá no desenrolar da história o investigador, vivido por Nicolas Cage, pergunta ao mordomo comparsa do magnata que patrocinava a filmagem de torturas, mortes e abusos sexuais: "Por que ele fazia isso?". O mordomo responde: "Porque ele podia. Era porque ele podia." Em outra parte do filme, quando o detetive captura o Máquina, codinome do assassino que executava as vítimas no filme,  manda que o mesmo tire a máscara. O Máquina olha para ele e diz: "O que você esperava encontrar?  Um monstro?" Logo em seguida o Máquina completa: "Eu nunca fui abusado, eu nunca fui espancado. Eu fiz porque quis. Eu quis!" O roteirista deu voz ao horror para ele dizer que ele não está nas nossas explicações mais conhecidas e desejadas. 

O horror caminho em um extremo de banalidade. Infelizmente...parece ser o espírito que paira sobre o mundo como a alma inevitável da terrível gaiola de ferro, que aterrorizava  Weber a olhar para o futuro da sociedade moderna. 

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