Que projeto? Não há projeto de res publica. Há projeto de séquito, nada mais que a defesa fanática pela permanência no Poder. O verdadeiro fundamentalismo religioso do momento tem nome: o partidarismo de base stalinista.
Que república seria essa onde o bem público fica sob tutela de um partido e da família de seu aliado? Que república existe onde o controle mútuo e publicidade são esvaziados? Quem acredita em república cheia de atos secretos em entidades públicas? República cheia de favorecimento aos amigos e parentes? Que república comporta a existência de cidadãos incomuns (acima das leis)?
Você sabe quem realmente controla o setor energético brasileiro? É um controle público ou um controle familiar/partidário? O setor energético é o setor que mais carece de transparência e precisa ser investigado. Precisamos saber o que realmente está atrás das usinas termoelétricas.
Que avanço democrático existe quando a maioria formada é composta pelas frações mais reacionárias e que serviram ao autoritarismo?
Colocar uma pessoa na Presidência da República sem lastro popular, sem história de militância democrática e sem experiência em cargo eletivo é muito perigoso. Sem gozar de prestígio popular e sem carisma vai ter que depender efetivamente dos favores de uma maioria parlamentar constituída basicamente no casuísmo. Isso é um risco institucional. Portanto, a maioria parlamentar, desenhada para o próximo período Legislativo, é fruto de um avanço da extrema-direita.
Essa maioria tão festejada é composta por reacionários de extrema-direita que estão colocando seus apoios do lado que consideram mais fácil de controlar e colocar na condição de refém. Esses são os piores aliados que alguém pode ter. Essa maioria não vai apoiar, mas corroer. Vão cobrar caro e estão sedentos de retribuições. Certamente aparecerão com um saco de emendas constitucionais para desfigurar nossa Constituição cidadã.
Conheça um pouco do PP e faça uma reflexão. Principais membros: Esperidião Amim (Conselho Consultivo), Paulo Salim Maluf (Conselho Consultivo), Francisco Dornelles (Presidente/Conselho Consultivo), Waldir Maranhão (Vogal), Ibrahim Abi-Ackel (Membro Efetivo do Diretório Nacional).
Dornelles foi o autor da “emenda de redação” que alterou o texto da Lei da Ficha Limpa. O resultado dessa manipulação tem gerado longas discussões e pouco resultado prático. Ele queria beneficiar o seu companheiro de partido Paulo Maluf.
O momento não é bom. Nunca foi tão difícil escolher. A lista de erros e ilícitos é grande dos dois lados. A diferença está na experiência com cargos eletivos, no tamanho das coligações e na quantidade de personas perigosos que cada uma tem.
O que espanta é para onde eles estão indo. Ambos carregam semelhanças nas suas origens. Mas os seus apoiadores de hoje não são nada compatíveis com as causas que outrora diziam defender. Assemelham-se cada vez mais aos que diziam combater. A relativização de princípios ficou cada vez mais brutal. Hoje estão ladeados pelos fósseis da ditadura e compõe com a extrema-direita.
No entanto, compreendo que é mais sensato apostar em quem vai ser Presidente, mas com uma significativa oposição no Parlamento (oposição mais homogênea) e submetido às negociações abertas com as casas parlamentares.
É muito perigoso eleger alguém ao cargo de Presidente com uma maioria “amiga” enorme no Parlamento, pois as negociações tendem a serem acertadas em bastidores. As negociações, com certeza, não serão nada republicanas. Principalmente quando a maior parte dessa maioria é composta pelos setores mais reacionários e golpistas da nossa política.
Para que a vida política fique protegida do horror é preciso colocar valores Republicanos e Democráticos acima dos interesses de partido. Partido é parte. Sempre será uma versão muito particular do interesse geral. É preciso sentir o interesse geral para além do partido, no eco coletivo dos cidadãos e das instituições democráticas e republicanas. Sem visão geral, fica-se preso ao universo sectário da entranha partidária e a tendência é caminhar para o horror.
A experiência histórica registra que o fundamentalismo partidário, a supremacia do ethos partidário gerou o Horror. Esse fanatismo partidário baniu a Política como meio de sustentação da vida e instaurou a violência. Eis as matrizes desse fundamentalismo partidário: nazismo e stalinismo. Quem suprime valores republicanos e democráticos em prol de caprichos partidários está reproduzindo o ethos do horror.
O Partido tem que ser mecanismo auxiliar para realização de metas democráticas e republicanas, não pode ser um fim em si mesmo. Torna-se uma ameaça terrível a ambição do poder pelo poder, sem nenhum propósito de servir às causas públicas.
Estamos diante de uma destruição das coisas públicas e da Política quando as ações passam a ser conduzidas para a satisfação particular do séquito. Viciado nas mordomias financiadas pelo erário público, ele perde em número e grau as referências de moralidade pública e virtude cívica.
Quem defende Democracia e República não pode concordar com isso. Viva a Democracia, a República e o Brasil! Vote contra os que apóiam a continuação do atraso no Maranhão! Não alimente o que alimenta o teu pior inimigo!