sábado, abril 07, 2012

PT SEM MEIOS TERMOS



Já é do conhecimento de todos e muito bem comprovada a Aliança entre o PT(partido dos trabalhadores) e José Sarney. No plano da direção nacional petista... esse concerto tem mais de uma década. Salvos os contorcionismos mirabolantes... Não há mais o que discutir sobre quem traiu quem. Sarney procurou Lula ou Lula procurou Sarney? Resposta está estampada aos quatro cantos. Vide as eleições de 2010, quando o então Presidente da República, Lula da Silva, veio ser cabo eleitoral ou garoto propaganda da candidata Roseana Sarney.


É fato líquido e certo: o PT que existe é aliado e governa em parceria com o senador José Sarney, que hoje é, sem dúvida alguma, a maior legenda dentro do Congresso Nacional.

José Sarney, senador do Amapá, reúne atualmente mais apoio e maior número de parlamentares que a maioria das siglas partidárias presentes no Congresso. Ele tem uma das ou a maior das bancadas no Congresso Nacional. É uma influência que se estende aos outros poderes sem nenhuma limitação ou constrangimento. Esse fenômeno mescla patrimonialismo e absolutismo, mas mantendo sempre o verniz da via dos ritos institucionais. Esse mandonismo age no interior das entidades institucionalizadas do aparelho de poder. É um mando que vem se sustentando através de diversos arranjos de pactos de cumplicidades recíprocas, articulados cuidadosamente em cada uma das instituições políticas brasileiras.  

O que assistimos no PT do Maranhão é um acontecimento tardio, algo já em descompasso com o ritmo partidário nacional. Macaxeira não inventou a aliança Sarney/PT, ele apenas tem sido um fiel executor das medidas de ajustamento. É óbvio que nessa labuta de cumprir as tarefas ditadas pela direção nacional, está agindo de forma a maximizar a realização dos seus interesses. Isto é, colher o bom preço da obediência. 

As declarações que Macaxeira sarneyzou o PT sozinho ou que é o mentor disso é puro exercício de enfrentamento. Algo compreensível e válido para o modelo de Arena de Rinha petista. Mas a realidade apresenta provas divergentes. Por outro lado, aquilo que era para ser um destrato acaba sendo um elogio ao Comandante Macaxeira. Pois ele é colocado em uma posição que ainda não ocupa e em uma condição que também não tem: o de negociar (poder falar não quer dizer Poder de negociar) diretamente com Sarney. 


Sem nenhum desmerecimento ao Sr. Macaxeira, mas Sarney não vai descer da sua cobertura para negociar no térreo com ele, não no atual contexto. Os acertos do senador Sarney com o PT são feitos diretamente com o ex-presidente Lula e com a Presidenta Dilma. José Sarney sabe o lugar que ocupa e o que tem nas mãos.

Boa parte das brigas internas do PT nasceu de querelas pessoais. Algumas não passam de  auto-justificações, particularíssimas ao extremo. Além disso, existe uma dependência quase absoluta entre alguns indivíduos (ele só é algo se outro continuar existindo). São os que não sabem viver sem o "inimigo". Toda pureza e correção deles está justificado nos defeitos e vícios dos adversários. São aqueles que transformaram a inimizade no próprio mote de vida partidária. São casos que a psicanálise e a psiquiatria não têm e nem tentam apresentar respostas ou quaisquer explicação.


No PT todos já mediram o temperamento e a coragem do outro (um troca-troca de forças). Por outro lado, todos os segredos, não são verdadeiramente segredos, o que torna bastante fácil as operações visando atender interesses e desejos reprimidos das partes em lide. Isto é, quem quer o quê e o porquê de querer. Para muitos arena de rinha é chave central de ordenação e significação da vida, sem esse palco e com as cortinas fechadas a vida não terá sentido, não serão nada no mundo. 

Logo – logo serão acionadas as máquinas ideologizadoras das tendências, de um lado para justificar as adesões à candidatura de Washington e de outro lado para justificar a manutenção do dissenso. Tudo vale se a vala vale a vida! Podemos assim resumir essa lógica.

Para justificar o consenso (ou simples adesão) não faltam dados de realidade: PT contra os tucanos malvados (PSDB); o “projeto nacional” (2014); a “tomada de poder por dentro” etc. O certo e bastante provado é que o PT nacional e seus principais líderes estão em aliança com o senador Sarney há tempos. 


Para alguns companheiros, que até há bem pouco tempo estavam na resistência, não existe outra alternativa, a curto e médio prazo, de voltar a ter o abrigo do poder a não ser pela via Macaxeira. Esse abrigo corresponde exatamente ao mundo paradisíaco dos cargos comissionados, ser posto à disposição de algum gabinete e, consequentemente, FICAR longe e livre do fardo da rotina do trabalho. Além de se alforriar de todas as coisas fadigantes destinadas aos cidadãos comuns. Preço: macaxeirizar-se. 


Alguns companheiros petistas provaram o gosto da cereja (as benesses do poder) e querem voltar a sentir esse sabor. Já perceberam que o tempo também passou para eles e outras oportunidades poderão não mais surgir. Portanto, estão no limite das chances históricas e precisam barganhar algo agora. Assim refletem alguns de posse da lógica "pragmática". Para eles essa situação-limite tende a piorar com a confirmação da não-candidatura de Flávio Dino. No final das contas, se aderirem à candidatura Washington/sarneísmo não estarão fazendo nada de diferente do que a cúpula do partido já selou. Eis uma forte justificativa. 

Para o dissenso de Washington não tem justificativa fácil. Inúmeras questões emergem de pronto: votar nulo? Votar em outros partidos? Apoiar Castelo? Omissão? Adesão ao sarneísmo?

Tendo em vista que o senador Sarney é o aliado preferencial do PT no Maranhão, será que apoiar o governo Dilma é fortalecer indiretamente o sarneísmo? Nem sempre, pode ser  o argumento. Essa adesão indireta, o fortalecimento por tabela não é automático e depende muito das opções tomadas pela Presidente. Mas quais são as opções da Presidenta? O fortalecimento do governo Dilma poderá ser a condição de criação de novas potencialidades para a disputa do poder no Maranhão ? Isso está em aberto. 

Quem quer manter a coerência de não aderir ao sarneísmo tem também que não aderir ao castelismo (sub-produto do sarneísmo). Voto nulo ou abstenção favorece Castelo. Castelo significa um retrocesso político que ficou como legado do governo Jackson.

Votar em outro partido é um direito do cidadão que está acima do dever partidário. Além disso, votar em outro partido nem sempre significa trair o partido. Mas qual o partido que estaria bem mais acima do bem e do mal do que o PT? Qual partido no Maranhão que não acumula alianças esdrúxulas, em descompasso com o discurso?

O certo é que a saída de Flávio Dino da disputa municipal de 2012 alarga mais as chances de permanência dos setores mais conservadores à frente do poder político local e adia, no mínimo, por mais 08 anos as chances de um início de alternância política no Maranhão. O desenho de uma "transição" "conciliada" mais à direita parece querer tomar forma, o que provocaria a minimização da alternância... 

PS.: Nossas obras são vistas por outros olhos... A vida não finda para os que recebem a Salvação; para os que bebem da Fonte Viva. A Páscoa é a celebração da vitória da Vida sobre a morte. A vida na sua plenitude e abundância. Feliz Páscoa! 

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