quinta-feira, abril 28, 2011

A MORTE MAIS BARATA


 TEXTO RETIRADO DO SITE:  www.infa.org.br 
Morte mais barata



                              Helio Amorim
                                Membro do MFC

"O oxi custa menos que o crack que era até agora o mais barato e mortífero veneno. Chegou dos Andes pelo Acre, se espalhou pela Amazônia e já chega ao nordeste e sudeste. Estávamos preocupados com a destruição da flora e fauna do norte verde e não percebíamos a fauna humana sendo dizimada por essa praga branca.
Crianças desde cinco anos e adolescentes perambulam pelas ruas de Rio Branco, olhar perdido, agitados ou prostrados nas calçadas.
O efeito da droga dura poucos minutos. Segue-se uma ânsia incontrolável por uma nova dose de 5 reais. O dinheiro acaba. A solução são pequenos furtos nas ruas e em casa, o tráfico da droga e a triste prostituição infantojuvenil.
Os relatos são assustadores. Meninas de idades entre 8 e 14 anos cercam caminhoneiros na rodovia BR-317 e oferecem programas de 2 a 5 reais para comprar o oxi. Também senhoras idosas viciadas disputam esse mercado.

No Maranhão, a pesquisadora Selma Marques lamenta: “Antes era maconha e cocaína. Éramos felizes e não sabíamos. Por serem de fácil acesso e baratos, crack e oxi ganharam espaço”. Os traficantes no início dão a droga de graça para a criança. A dependência é imediata. Logo começam a cobrar por serviços e finalmente em dinheiro. O governador daquele estado afirma que “de cada dez homicídios, oito são provocados pelas drogas”. No Piauí surge um derivado perverso, a brita, mistura de crack, cimento e ácido.

Pelo preço elevado da cocaína pura, esses produtos também são disseminados nas classes médias, entre adolescentes que já gastaram a sua mesada e precisam de droga barata. É o começo do fim. Retorno quase impossível. A morte pode chegar em poucos anos de vida sofrida e miserável.

Há organismos de governos e outros não-governamentais atuando nessa batalha mortal. Mas a praga se espalha com rapidez incontrolável. O baixo preço dessas drogas exige novas estratégias de guerra.

Governos de países vizinhos que produzem cocaína, base necessária dessas novas armas destruidoras, devem ser interpelados para intervir na cultura e nesse comércio de fronteiras. É mais lógico e factível intervir nas linhas de produção do que fechar hermeticamente as extensas fronteiras terrestres de regiões de baixa densidade demográfica. Acordos internacionais para conter o tráfico devem ser feitos com o mesmo empenho adotado no planeta contra a proliferação de armas nucleares.

Uma ação interna coordenada em todos os níveis de governo e forte envolvimento de organizações sociais deve ser intensificada como prioridade nacional, antes que essa tsunami silenciosa envenene a parte mais frágil da população, os pobres e as crianças, até então protegida pelo preço caro das drogas.

No cenário histórico do mundo das drogas tradicionais, os resultados mais contundentes da repressão policial têm sido financeiros, com poucas prisões. As apreensões desses produtos mortíferos dão prejuízos monumentais aos traficantes que vivem tranquilos em suas mansões luxuosas. Nem sabem onde estão as favelas e pontos de venda em que atuam os seus revendedores, chamados “pés-de-chinelo”. Suas contas bancárias são apenas arranhadas por esses dissabores eventuais.

Suspeitamos que são conhecidos em delegacias policiais que também conhecem seus endereços com vista para o mar. Bandidos costumam ser generosos com quem respeita a sua merecida privacidade.

Mas esse quadro não pode continuar. A guerra contra as drogas tem que ser municiada com tanto fervor como o do combate ao desmatamento da floresta que se tornou porta de entrada da nova praga barata."

Quando as notícias acentuam as idades das vítimas principais da droga, logo recordamos outra tragédia, esta em escola, em Realengo, na cidade grande, que comoveu o país e reverberou mundo afora. Um psicopata de evidente comportamento estranho frequentou a escola durante anos, sofreu bullying, foi humilhado com frequência cruel pelos colegas adolescentes, acumulou mágoas em suamente enferma e ninguém percebeu que uma bomba estava sendo armada. Poderia ter sido desarmada a tempo. Doze crianças e adolescentes estariam vivos. Explodiu, doze morreram. Jamais esqueceremos.




sexta-feira, abril 22, 2011

ESCULTURA DE DIGNIDADE: DA HORA



Há monumentos que não podemos ver, nem tocar... São esculturas morais. Arte de postura digna.
É certo que dignidade é uma coisa relativa e que moral depende do contexto... Mudando o contexto..as particularidades arranjam outros referências de dignidade e valorativos. 
Seria sandice apontar a imoralidade ou a-moralidade alguém totalmente fora do universo de onde se originou e firmou os parâmetros de moralidade de tal julgamento. Mas isso não é o caso, no momento. Posso dizer, sim,  que é uma obra prima o gosto pela vida e a dignidade no viver de Abelardo da Hora.
Comunista sem grife, convicto da responsabilidade em combater a miséria e desigualdades sociais, simples e despojado. O único sobrevivente da direção do diretório regional de Pernambuco (antigo Pczão). Dedicado e amante. Amante do seu ofício, da beleza das mulheres e da sua esposa.
Foi comunista quando era um risco de morte. Foi preso enésimas vezes. Perdeu ou passou a ignorar a quantidade de prisões que sofreu. É fato, continuou livre. É um monumento artístico a trajetória de vida de Abelardo da Hora; pernambucano, escultor, ceramista, desenhista etc., e um cidadão de mais de 80 anos de vitalidade, em plena atividade no seu atelier nos fundos do seu quintal. 

Perguntado se ensinou Francisco Brennand a trabalhar com cerâmica, apenas disse: “Ele é uma pessoa muito boa.” 
Enfim, comunista com alma livre e humanista de verdade foram poucos, peças raras na história. Uma dessas raridades está em Recife. Viva da Hora!!!
(ORIGINALMENTE PUBLICADO - 04/06/2007).
Tive a honra de ser recebido por Abelardo em sua própria residência e entre dezenas de esculturas. Conversamos por 40 minutos. Tratamos de política, arte e da vida. 

quinta-feira, abril 21, 2011

VAI PASSAR O SAMBA ESQUEMA ROSE

Foto: Francisco Araujo - Maranhão do Futuro


“Num tempo/ Página infeliz da nossa história,”
Como repicados de tamborins o Governo do Maranhão, na gestão considerada a melhor da vida deles, anuncia uma parceria com a Escola de Samba Beija Flor de Nilópolis (RJ) para homenagear os 400 anos de São Luís. Talvez também para celebrar o melhor Governo da Vida Deles. Sempre há um bom tempo para esses que aí estão no poder, mas não para nós contribuintes e que sobrevivemos do esforço, do trabalho árduo diário.
Gastar 08 milhões com escola de samba do Rio de Janeiro e deixar os sistemas de saúde e educacional do Maranhão sucateados é, no mínimo, falta de bom senso e sensatez. 

“Dormia/A nossa pátria mãe tão distraída/sem perceber que era subtraída/
Em tenebrosas transações”
Toda esse Carnaval selado por uma transação que os cofres públicos do Maranhão jogará 08 (oito) milhões de reais no caixa dessa agremiação carnavalesca. Será que esse dinheiro está sobrando? Que sobra é essa?

“Seus filhos erravam cegos pelo continente,”
No Maranhão real, fora das passarelas das fantasias orgásticas, legiões de enfermos sofredores no interior das ambulâncias, em peregrinação do desespero em busca de hospitais e leitos. Sobra para os estados vizinhos, principalmente o Piauí, que acaba tendo sua rede de atendimento médico-hospitalar sobrecarregado pela gigantesca demanda oriunda do Maranhão. Os recursos do estado do Piauí estão sendo gastos com o povo do Maranhão e os recursos do Maranhão serão gastos com o carnaval carioca.
Será justo e politicamente procedente, em uma Federação, um estado-membro ser obrigado a responder por um problema de outro estado? Principalmente diante de um caso em que não ocorreu nenhuma catástrofe, nenhuma tragédia de origem climática, de guerras etc.
O Piauí, até por caridade, deve permanecer atendendo os maranhenses aflitos, mas o estado do Piauí deve ser ressarcido. É plausível o Piauí fazer uma série de questionamentos junto ao STF, tendo em vista o modelo de Estado Federativo adotada no Brasil, cuja distribuição de riqueza é pautada em territorialidade. Além disso, cada estado membro deve ter capacidade de autogestão. Onde fica a competência do estado do Maranhão para com seus cidadãos?
 
“Vai passar,/ Palmas pra ala dos barões famintos”
Enquanto isso, no cotidiano dos maranhenses, o Hospital Aldenora Bello deixa de receber míseros 230 mil, reais do Governo do Maranhão. Sendo um hospital de referência no tratamento de câncer e, ao mesmo tempo, o único que acolhe os pobres que sofrem essa doença. O secretário-mor não viu e não sente nenhuma responsabilidade do Governo para com essas pessoas. Verdadeiro barão faminto da usura.

“O estandarte do sanatório geral vai passar.”
O lado mais cruel dessa página infeliz da nossa história é que esses donos do Maranhão não são insensíveis só como “políticos”, mas também como empresários, pois mesmo possuindo várias empresas, não são capazes de uma única atitude de Responsabilidade Social. Isso não é espírito burguês, não é ethos capitalista, mas uma fome doentia por dinheiro.

“Cada paralelepípedo da velha cidade nessa noite vai se arrepiar”
Será permitido ao povo o direito de uma alegria fugaz, que chegará pela TV em HD (Hi-Definiton), com transmissão direta do sambódromo da indignidade pública. As fantasias vão alvejar muito mais no ninho desse beija-flor sanguessuga.

sábado, abril 16, 2011

VIOLÊNCIA E OS APROVEITADORES DO MEDO



Não farei uma extensa exposição sobre como a violência foi pensada e discutida por diversos  autores. Faço apenas uma breve referência ao trabalho de Hannah Arendt, que de forma sistemática distingue  a violência de vigor, força e poder. Sobre o conceito de poder a autora diverge da concepção de Weber, mas isso é outra discussão. As obras Da Violência, Entre o Passado e o Futuro, A Condição Humana e Origens do Totalitarismo reúnem a posição e a reflexão de Arendt sobre a violência. Vale a pena conferir. 

Arendt focou pontos significativos sobre a violência: sua instrumentalidade e certa racionalidade. Assim, a filósofa judia, desnaturalizou a violência, retirando-a da condição de fenômeno meramente instintivo irracional.

A violência nas cidades e em todos os recantos habitados assume formas cada vez mais sofisticadas, além de "chocar" pela desumanidade. Mescla-se ao espanto a busca trêmula por entendimento. Os diversos segmentos tentam explicar os motivos que motivaram os autores desses atos de crueldade. Porém, como ensinou Weber, sociólogo alemão, é preciso compreender para depois explicar as causas. Eis o problema. Como conseguir isso diante de tal fenômeno?

O movimento racional que deu forma à Modernidade, com seu proselitismo, cumpriu bem a tarefa de sedimentar a crença de que uma vida social ordenada racionalmente se tornaria mais previsível. Sobretudo a crença de uma vida pacificada. Pacificada porque era racional.
Ainda na Modernidade o mundo comprovou que a racionalidade pode ser instrumento para produção de atrocidades em massa, horror sem cerimônia e violência explosiva.

As análises e explicações contemporâneas tendem a ver o fenômeno da violência a partir de atos isolados e descontextualizados. Nisso há uma recusa de formular a seguinte questão: a sociedade adoeceu? Cadê o controle e a previsibilidade prometida pela racionalidade? Onde foi parar a idade das luzes?

O animal político, dos gregos antigos, era a prova do salto de qualidade do indivíduo: sua humanização. O simbolismo e instrumento dessa humanização apoiavam-se nas decisões coletivas, na soberania dessas decisões. O sentido e o valor das coisas públicas e de um bem coletivo desarmavam a individualidade predatória de interesses fechados. Foi assim que o outro passou a ser um valor, sustentado pelos direitos de igualdade, liberdade de viver a sua maneira e o contraditório. O enfraquecimento da politika parece apontar para uma crise civilizatória e ineficácia dos processos de socialização e endoculturação. Esses processos não estariam conseguindo promover valores que viabilizem uma convivência ordenada, livre da ordem suprema do imprevisível, da insegurança e do medo. Onde o ratio está comprometido e apreendido a serviço de uma sociedade pacificada.

Diante disso, não há como não pensar na educação, sua capacidade de promover humanização.

O massacre e horror ocorridos em Realengo, Rio de Janeiro, choca pelo tipo de vítima, pela concentração e pela falta de explicação plausível. A instrumentalidade da violência deixa sempre a vaga para a explicação, justificação. O autor daquele horror talvez quisesse construir sua explicação través de uma carta, onde forjava um pertencimento imaginário: o islã. Nítida busca de integração, coisa que lhe faltou em grande parte de  sua vida, conforme foi informada sua biografia pela imprensa.

Vários especialistas da psiquiatria e da psicologia o diagnosticaram, o autor do massacre de Realengo, como indivíduo portador de distúrbio psíquico etc. Porém, o fenômeno da violência não pode ser explicado a partir de um único fator. Por outro lado, as patologias mentais não lideram a lista de causa dos crimes e, em particular, dos homicídios. Centenas de crianças são mortas todos os meses nos diversos estados brasileiros. Milhares de pessoas são barbaramente executadas todos os homens e não são vítimas de uma pessoa doente mental. Chacinas e horror acontecem de forma difusa a cada instante, em todas as regiões do país e em todas as classes sociais, nos mais diversos ambientes e lugares. Realengo, infelizmente, é só parte de um grande massacre.

Há pouco tempo uma criança foi morta pela a amante do pai, não muito tempo atrás outra criança foi lançada do apartamento, tendo como suspeita o pai e a madrasta. O que dizer daquele garoto indefeso encurralado em um muro por policiais, que o alvejaram friamente?

Fica nítido o elo da crise política com a violência quando observamos o oportunismo dos políticos que, buscando promoção eleitoral, tentam vender uma ilusão através de mais um plebiscito. O pior de tudo, tentando COISIFICAR a violência responsabilizando a arma-de-fogo.
É arma ou a pessoa que mata? Quem quer matar vai matar com ou sem arma de fogo. O problema da arma de fogo não está no sua fabricação, mas na sua utilização e distribuição.

O criminoso vai conseguir regularmente ou não, pois é um criminoso. O cidadão comum não tem acesso fácil a armas. O maior problema é na liberação desenfreada de armas para segurança particular, o que faz o controle e fiscalização ficarem impossíveis. Esse volume enorme de seguranças particulares armados tem sido uma das portas para o armamento migrarem para fins trágicos. Uma das armas usadas pelo assassino de Realengo foi passada por um segurança. O país não fabrica, o cidadão não pode comprar mas as empresas e seus funcionários vão ter amplo a cesso e o desvio vai continuar.

Recentemente, em outubro de 2005, foi realizado um Referendo sobre o Art. 35 do Estatuto do Desarmamento, a população disse NÃO a tal modelo de proibição. Pois a população, mais do que ninguém, sabe o que é violência e que a memsa não se restringe a existência de arma-de-fogo.

Essa tentativa promocional eleitoreira do Senado soa como uma arrogância elitista, que dizer ao povo que ele não sabe o que quer e que votou errado na última consulta que lhe foi feita. O gasto dessa consulta sobre algo que a população já decidiu, por maioria absoluta, é descabida. Soa como a revelação da própria miséria política que vivemos.

Esse plebiscito é um engodo irresponsável. A proibição total do porte e fabricação de armas no Brasil pode ter consequências mais graves. Uma consequência imediata vai ser o aquecimento do tráfico de armas que, visando mais lucro, colocará armas de maior calibre em circulação no país, e um número de oferta muito maior. O armamento sair totalmente de controle.

Essa medida não vai fazer você ter mais segurança nas ruas, nos bairros e nem produzir uma educação para a paz. Esse ato seco e vazio que o Senado quer efetivar, só serve para promover os oportunistas de plantão que, ao contrário do povo, gozam de enormes privilégios em Brasília.

Não ao engodo casuísta e politiqueiro! Paz!

sábado, abril 09, 2011

I Seminário de Ciência Política


Inscrições gratuitas no local (até 10:00h do dia 11/04/2011) ou pelo e-mail: republicapoder@gmail.com
Esse seminário é um esforço para consolidar a presença da Ciência Política no ambiente acadêmico maranhense. 

quarta-feira, abril 06, 2011

UM FANTASMA PAIRA SOBRE NOSSAS CABEÇAS: REFORMA POLÍTICA.

“Reforma Política”: o nome já é um problema. O próprio termo “reforma” já nos causa desconfiança, pelos fadados gestos governamentais sob essa mesma nomenclatura. Isto é, de reforma estamos cheios.

O outro lado dessa impostura. Reforma política implica, primeiramente, discutir Estado, regime político, sistema de governo. Não é  o caso, pois a reforma em tela está voltada exclusivamente para o âmbito partidário eleitoral, mesmo assim de forma parcial. Tudo isso pode ser simplificado como casuísmo, que tem como maiores protagonistas os primos-irmãos PT e o PSDB.

No entanto, os políticos não andam sozinhos e a imprensa tem dado vasta contribuição no sentindo de tornar as coisas mais difíceis. Nos grandes e pequenos jornais, nas revistas de maiores circulações estão reproduzindo uma ignorância colossal sobre voto distrital. Particularmente quando tornam distrito como sinônimo de eleição majoritária simples. Não param por aí, o que é pior, desconhecem a diferença entre formas de representação e de escrutínio.  Assim o fantasma cresce sobre nossas pobres cabeças de cidadãos.

Primeira estranheza  – os inúmeros estudos produzidos no interior das casas legislativas nem se quer entram nas pautas dessas reuniões. Existem estudos sobre sistemas eleitorais e partidários feitos por especialista do Congresso, que fique registrado: bons trabalhos e que datam de mais de 10 anos.

Segunda estranheza – questões fundamentais não estão sendo tocadas como sub-representação, sobre-representação e fórmula eleitoral. As fórmulas servem adotadas para quociente eleitoral, quociente partidário e as sobras. Hoje vigora no Brasil a fórmula eleitoral é uma combinação de do quociente eleitoral (quociente Hare) com o método da maior média (divisores Hondt), serve para resolver as sobras.

O distrito é a base eleitoral, uma circunscrição. As representações são territoriais, não sendo assim, obrigatoriamente, teriam que adotar outros parâmetros. Em alguns Estados, de inspiração fascista, adotaram as categorias profissionais ou corporações como referência da representação. Na prática, o voto distrital já existe entre nós, ou de forma muito ampla (os estados) e ora muito restrita (os municípios). As eleições estaduais e as eleições municipais operam em forma parecida com o distrito eleitoral.


No entanto, o distrito não é uma unidade política e administrativa autônoma, é apenas uma referência eleitoral. O sistema distrital, se adotado no Brasil, só precisaria subdividir cada estado federação em distritos. Cada estado teria X número de distritos, onde cada distrito reuniria Y número de municípios. Esses distritos seriam utilizados nas eleições de deputados estaduais e federais.

O Distrito é importante tanto para eleições majoritárias como proporcionais, sejam separadas ou coexistindo.  Pois cria a possibilita real do eleitorado votar em parlamentares que ele conhece melhor, que estão mais próximos e com comportamento político mais comprometido com as necessidades do distrito.  Tende a favorecer as lideranças locais.

Outra questão relacionada ao modelo distrital é sua magnitude, podendo ser uninominal, binominal até a condição de plurinominal. Essa quantidade de representantes que vai viabilizar ou não a proporcionalidade. Onde menor for o número de representantes, menor será a proporcionalidade. Dependendo do escrutínio adotado, a representação também é afetada. Essas variações precisam ser discutidas e avaliadas. 

Os modelos majoritários e proporcionais não estão restritos ao escrutínio dos votos e às regras para definir quem vence, mas também compreende a forma de representação. As eleições majoritárias são as modalidades mais antigas de eleição e existem desde a Antiguidade. As eleições proporcionais são mais recentes e ganharam efetividade a partir do século XIX, principalmente com a formulação feita pelo liberal Stuart Mill. Tanto a eleição majoritária quanto a eleição proporcional atendem exigências da Democracia.

As eleições majoritárias buscam afirmar representação pautada na maioria, isso está em conformidade com o princípio democrático da prevalência da vontade da maioria. As eleições proporcionais coadunam-se com o princípio da pluralidade. Essa representação assegura que a representação reflita a diversidade existente na sociedade, desta maneira garante a expressão das minorias. 

Não é possível imaginar governo sem formação de maioria, mas também é importante para as Democracias que o sistema eleitoral reflita a pluralidade ou diversidade social de que é composto o povo.

É importantíssimo rever as fórmulas eleitorais e corte do coeficiente eleitoral; limitar gastos de campanhas; estabelecer espaços públicos de propaganda eleitoral de uso igual para todos os partidos; fortalecer os mecanismos de participação e controle popular. Para tanto, torna-se necessário estabelecer alguns deveres de funcionamento partidário, inclusive estabelecendo consultadas obrigatória junto ao eleitorado. A proibição de parlamentares assumirem cargos no poder Executivo, tipo secretaria ou ministério. Essa medida tende a resguarda a autonomia do legislativo diante do executivo. O parlamentar que queira assumir ministério ou secretaria deve renunciar. 

Na Alemanha, as lista fechadas são montadas através de eleições entre os membros dos partidos. Os nomes que encabeçam a lista são definidos através de votação junto aos membros dos partidos, é regra que todos os partidos seguem obrigatoriamente. Não são os partidos com regras internas que definem como compor a lista. 

A outra chaga é a legenda de aluguel que, no final, acaba contribuindo para a existência de mensalões e mensalinhos. Tomando novamente a Alemanha como exemplo, pode-se destacar a cláusula de barreira, lá adotada,  como um importante instrumento para qualificar a representação e composição da assembléia nacional. Pois somente entra na divisão das vagas quem atinge o percentual mínimo de 5% dos votos do eleitorado nacional. Isso ajudaria os partidos a se organizarem e existirem nacionalmente de fato e eliminaria gradativamente as siglas de aluguel e que só “funcionam” no período de eleição etc. Essa cláusula é mais democrática do que a cláusulas de barreira já proposta aqui no Brasil, que visava tão somente restringir e excluir os partidos de menor votação do fundo partidário e do horário gratuito de propaganda eleitoral.

Enfim, o que precisamos não está em pauta e nem reúne condições de acontecer nessa comissão da reforma política: mudança política. Pois é necessário discutir a forma de Estado. O federalismo nesse formato confuso, tendo o município como ente federado, precisa ser revisto. O Estado no Brasil ficou disforme e incoerente devido as inúmeras reformas casuísta e restritas, até obscuras foram.

É preciso criar mecanismo que fortaleçam e viabilizem a participação direta do povo. O recall precisa ser instaurado enquanto instituto político, para que a população possa exercer controle sobre os cargos eletivos, podendo diretamente revogar mandato de políticos corruptos, incapazes ou inoperantes. Forçando o político a ter um bom desempenho.

A limitação de gastos de campanha e dispositivos que estabeleça mais igualdade na disputa tem caráter de urgência. Por fim, torna pública e transparente toda e qualquer doação, além de extinguir as doações de pessoas jurídicas.
Se for para sonhar... que o sonho seja completo..

sábado, abril 02, 2011

LOUCO AMOR ANTI-DEMOCRÁTICO


Décadas atrás alguns analistas políticos acreditavam que uma aproximação do PT e do PSDB formaria uma hegemonia de centro-esquerda... Décadas se passaram... O PSDB, em um lance de alianças sem escrúpulos com a direita e a extrema-direita, barganhou dois mandatos de Presidente da República. 

O PT seguia insistindo com a candidatura de Lula à presidência. No entanto, deu também sua guinada à direita e ampliou seu campo de alianças de forma sem censura. Veio a fase é permitido permitir. Lula chegou e barganhou dois mandatos e ajudou eleger seu sucessor, a atual Presidenta, como ela mesma define o cargo que ocupa.

Enfim, o sonho de união em prol de uma hegemonia de centro-esquerda deu sinais de morte. Nesses mandatos tucanos e petistas todos os fósseis do período autoritário reinaram freneticamente, livres,leves e soltos (literalmente).

A hegemonia de centro- esquerdo via PSDB e PT foi enterrada. No entanto, a aproximação ou afinidades começam a ganhar força entre essas duas legendas.

Pode-se dizer que a lista fechada proposta para a reforma eleitoral é uma declaração de amor e afinidade profunda, de ambos, com os velhos oligarcas. 

A lista fechada é um passo autoritário para reforçar as oligarquias e possibilitar maior abuso poder econômico. Vai fortalecer o caciquismo partidário e desestruturar  ainda mais o crivo popular.

O que fortalece partido é sua atuação continuada e proativa junto à sociedade, é sua atividade mobilizadora e integradora de demandas sociais. Pois é assim que pode, legitimamente, reivindicar a condição de porta-voz de diversos segmentos sociais e de seus interesses.

No contexto da sociedade brasileira atual isso é um retrocesso no processo de ampliação e fortalecimento da soberania popular. 

O PT e PSDB estão demonstrando que aprenderam muito nos anos de parceria com os reacionários das diversas frações da classe política brasileira. Agora a hegemonia vai de direita para a extrema-direita, com certeza. A lista fechada promete!

 SEM PROPOSTAS - ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2022 O que tem movido os eleitores brasileiro diante das candidaturas à presidência da República este ...