Não apoio manifestações violentas contra os médicos importados. Assim como fui contra as manifestações VIOLENTAS contra YOANI SÁNCHEZ , opositora ao regime autoritário de Cuba, que foi severamente xingada e até agredida fisicamente com um puxão de cabelo por um bando de fascistas de "esquerda" amantes do autoritarismo e pró-Fidel. Se os médicos cubanos vieram por solidariedade, por caridade etc., por que o Brasil de antemão se comprometeu com a ditadura cubana de não conceder asilo?
Qual a prática médica cubana que estão importando e que méritos tem? É simples. Cuba não tem recursos para bancar o custo hospital de internações e com medicamentos. Curar é mais caro do que prevenir. Diante isso, impuseram uma política de Estado focada em evitar que as pessoas adoeçam. Com isso, o Estado direcionou a formação médica, alterando o currículo, passando a adotar uma formação generalista e com 03 anos em clínica médica (geral). Além disso, no corpo dessa formação está todo um conteúdo de incutir uma responsabilidade social nesses médicos.
Aqui ocorre que falta política de Estado para a saúde, os programas que deram certos são os que tiveram continuidade, mas são pontuais: distribuição do coquetel para portadores de HIV e vacina contra a poliomelite. Os currículos em nada segue um plano Nacional com metas e objetivos definidos em termos de construção de um padrão de excelência médica em termos de saúde pública. A formação dos médicos não enfatiza e orienta para uma consciência social e política comprometida com os problemas da saúde do nosso país. Muito tecnicismo e foco no mercado, a dimensão humanista é secundarizada. Isso é fato. Falta atuação de Conselho, mas falta antes de tudo Governo. Os militares deixaram ruim e os governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula não agiram de forma eficaz e nem priorizaram a saúde. A municipalização de forma linear só tem gerado desvio de recursos públicos e precarização do atendimento.
Não podemos esquecer que Dilma só está fazendo isso véspera de uma eleição e que em momento algum estão dizendo que esses médicos atuam mais na saúde preventiva. Isto é, o resultado é a longo prazo. As intervenções cirúrgicas são mínimas. Em Cubas eles chegam até a fazer vasectomia.
A questão é que o Brasil está doente. Muito doente há séculos. A demanda reprimida por medicina curativa é imensa. Faltam leitos, atendimentos e medicamentos para milhões de brasileiros, que também não usufruem de serviço de saneamento básico. Nós precisamos de política de Estado que priorize a saúde pública. Precisamos de políticas de governos continuadas e integradas que assegure acesso e qualidade no atendimento médico para todos os cidadãos. Não podemos mais ficar assistindo somente uma casta privilegiada tendo direito a bom atendimento, em parte bancada com dinheiro público.
O que não se pode também é achar que os que mais precisam de atendimento e com maior urgência são sempre os mais pobres. Os mais pobres são em maior número nessa situação, mas não são os únicos. Existem contingentes significativos pessoas que precisam de atendimento com urgência e não fazem parte da estatística dos mais pobres economicamente. Vide os que não estão recebendo quimioterapia por foram enganados, lesados em seus direitos por planos de saúde. Onde fica o Estado e Governo diante disso? Enquanto os resultados da medicina preventiva não chegam, vamos todos morrer à espera de um milagre "comunista"?
Estou espantado como parte da esquerda marxista e até anarquistas que querem transformar a questão da saúde pública brasileira em uma questão de religiosidade e caridade. O pior dessa questão é como os médicos cubanos passaram a ser vistos como anjos salvadores. Isto é, a 'esquerda fascinada pelo autoritarismo está em gozo de uma singularidade mental, vivendo uma prática demente de "esperteza" burra.
O amor desse segmento pelo autoritarismo é evidente e transborda em fascismo quando querem impor uma verdade mesmo sobrando fatos contrários. Mas a tragédia dessa balela é que fingem não saber distinguir essência da aparência e acessório do essencial. Virou rotina essa turma querer comover plateia recorrendo à ignorância.
Ridículo esses apelos salvacionistas e de caridade para tentar tirar de foco o essencial: a qualidade da saúde pública brasileira, a inexistência de política de Estado e políticas públicas consistentes nessa área. E, principalmente, isso é uma medida emergencial. Os problemas advindos da seca no nordeste cruzam séculos. Quanto à seca, até hoje só temos planos emergenciais, nada mais. Isso tem mantido uma indústria da seca, que gera mais riqueza e votos aos poderosos e condena o povo ao sofrimento. Esse ano, em algumas regiões, a seca bateu recorde, causando grande perdas e prejuízos para os pequenos produtores. Temos que temer por mais uma indústria desse tipo.
Os militares deixaram a saúde em frangalhos e os sucessivos governos civis foram irresponsáveis e incompetentes nessa área. O setor da saúde concentra um número exorbitante de casos de corrupção e desvio de recursos públicos. Entre 2003 e 2007, conforme levantamento da CGU (Controladoria Geral da União) foram desviados 613 milhões da saúde. O que está sendo feito para combater isso e quais os resultados?
Os médicos cubanos não são anjos, nem é um exercício de caridade como estão dizendo. São profissionais e trabalham para o regime de Fidel. Respondem, antes de tudo, a uma convocação do Estado cubano. Qualquer pessoa sensata não vai ser contra ter mais médicos, nem ser contra atendimento médico aos pobres. Eu sei tanto o que é ser pobre quanto não ter atendimento médico, mas não foi só lendo, foi sentindo na própria vida.
Sou a favor de mais tudo para Brasil, mais saúde, mais justiça, mais Direitos, mais transparência, mais punição para corruptos e mais políticas de Estado e de governo consistentes, responsáveis e não eleitoreira. Porém, matar a crítica como estão fazendo, esse salvacionismo que estão colando aos médicos cubanos é puramente ideológica e, não raro, patética.