Lendas
existem. Não só existem, mas são essenciais para os mais diversos arranjos
culturais. São Luís também tem suas lendas e mitos. A “Lenda da Serpente Encantada”
é a que tem maior popularidade e ilustração dentre todas elas.
Esse
destaque não é sem motivos, a “Lenda da Serpente” é a mais complexa e enigmática
dentro dessa tradição de narrativas que, há séculos, constitui o imaginário
local.
O
que há de tão distinto e diverso na “Lenda da Serpente”? Ela não é só uma
lenda, mas também apresenta marcas de um oráculo. Diferentemente dos mitos, ela não está predominantemente composta por uma explicação, justificação e, distintamente das lendas, sua narrativa maravilhosa,
fantástica sobre uma situação não se remete ao passado, ao que já foi consumado. A “Lenda da Serpente” traz
uma Previsão, vincula-se ao devir, o que é mais característico dos oráculos.
Diz a Lenda (Previsão do oráculo): Que a Ilha irá submergir, afundar. Isso ocorrerá quando a cabeça da serpente
encantada, que mora nos subterrâneos da ilha de Upaon- Açu, encontrar com a
ponta de sua calda.
Esse
encontro entre a cabeça e a calda pode ser interpretado como o fechamento, a totalização de um ciclo de
domínio ou de uma força. Uma força ou ciclo que comprometeu toda a estrutura da
ilha, pois reside sob seus pilares, em túneis subterrâneos que tiram da vista
do público os seus movimentos e atos (o espaço público não vinga, não aflora, a institucionalidade Pública não ganha espaço).
Desta forma, a serpente está sempre operando por debaixo de tudo, comprometendo tudo e a todos. As pessoas estão sob seu jugo, cercadas e acuadas, sofrendo diante dos rompantes e idiossincrasias da víbora poderosa e letal.
Diante disso, o povo fica cada vez mais pobre e miserável. A serpente tem uma fome insaciável e tudo quer, não dispensa nada. Furiosa e vingativa, ela mutila ou aniquila os oponentes, os que não se conformam com a situação humilhante.
Desta forma, a serpente está sempre operando por debaixo de tudo, comprometendo tudo e a todos. As pessoas estão sob seu jugo, cercadas e acuadas, sofrendo diante dos rompantes e idiossincrasias da víbora poderosa e letal.
Diante disso, o povo fica cada vez mais pobre e miserável. A serpente tem uma fome insaciável e tudo quer, não dispensa nada. Furiosa e vingativa, ela mutila ou aniquila os oponentes, os que não se conformam com a situação humilhante.
O Espigão Costeiro da Ponta D'Areia, de estética duvidosa e também inútil para reverter o avanço do mar,
veio para sinalizar, materialmente, o início do fim. Esse molhe é o rabo da
serpente que aflorou para se encontrar com a cabeça. Isso é um sinal que o fim está próximo,
pois nunca o rabo esteve tão perto da Cabeça da Serpente.
Eis
o que tem de sublime nesse oráculo indígena (Tupi) conhecido como a “Lenda da Serpente
Encantada”.