VOU TRATAR DE VÍRUS
1- 65,6% das Famílias que ganham
de 1 até 10 salários mínimos estão endividadas (dados de outubro de 2019).
63,8% dos brasileiros (adultos) inadimplentes (dados de novembro de 2019).
2 - 12,3% milhões de brasileiros
desempregados (trimestre encerrado em fevereiro de 2020).
3 - Leito hospitalar para cada 1
mil habitantes Brasil está abaixo de 3. Enquanto nos USA 3 e Alemanha 8,2. A
OMS recomenda de 3 a 5 para cada 1 mil.
4 - 13, 5 milhões de brasileiros
vivem na extrema pobreza (renda mensal de ATÉ 145 reais).
5 – Temos mais 60 mil homicídios por
ano (já temos mortes demais).
6 – A existência no Brasil da supremacia
do interesse corporativo e privado sobre o interesse público.
Então vamos falar mais de vírus.
a - Estamos lutando para NÃO AMPLIAR
uma DESGRAÇA JÁ EXISTENTE.
b – As ações que ESTÃO PROMETENDO
fazer agora para "salvar" a economia JÁ deveriam ter sido implementadas
bem ANTES. Inclusive nos governos anteriores. O Governo não está investindo
massivamente na retomada do crescimento da economia.
C - Uma MASSA DE BRASILEIROS JÁ SOBREVIVE
SEM DINHEIRO E SEM EMPREGO. A NOVIDADE será essa massa MORRER DE UMA SÓ VEZ.
D – Outros FATORES que podem
complicar nosso caso:
I - POPULAÇÃO JOVEM GRANDE PODE
AGRAVAR A SITUAÇÃO. Porque mesmo que o percentual de jovens internados AQUI se
mantenha igual aos países ricos, VAI impactar muito a oferta de leitos
hospitalares e agravará a situação do atendimento médico. Ainda mais pelo fato
do jovem ter prioridade. Na hora de escolher para quem é o ventilador o jovem vai
ter vantagem sobre o idoso.
II - A população de IDOSOS em EXTREMA
POBREZA é significativa. Muitos estão em uma casa lotada e de poucos cômodos (o
que dificulta um isolamento vertical). Os que vivem sozinhos também são os mais
vulneráveis mesmo quando o isolamento é horizontal, porque eles precisam sair.
III - No seio da população pobre
brasileira existe um contingente significativo de DEPENDENTES QUÍMICOS, que podem
potencializar o contágio. Como manter um dependente químico em quarentena é um
desafio a mais (de saúde pública). Situação bem diferente da europeia.
IV - OS BANCOS PRIVADOS são as
entidades com os maiores lucros e estas entidades não estão sofrendo nenhuma
pressão e nem recaiu sobre elas qualquer medida para contribuírem para o esforço
de enfrentamento da crise. OS PEQUENOS E MÉDIOS EMPREENDEDORES NÃO ESTÃO
ACHANDO LINHAS DE CRÉDITOS VIÁVEIS NESSAS ENTIDADES. Isso vai prejudicar a
economia e gerar mais desemprego. POR QUE NINGUÉM AGE CONTRA A GANÂNCIA DOS
BANCOS PRIVADOS?
V - A brutal desigualdade no Brasil
se perpetua ao lado da manutenção de privilégios. Aposentadoria de juízes e
desembargadores acima do teto, além de inúmeros auxílios (moradia) para essa
categoria. Gasto excessivo com o corpo parlamentar (vereadores, deputados
estaduais, deputados federais, senadores) nos três níveis (Municípios, Estados e
União). Um contingente excessivo de cargos comissionados etc. Custo elevadíssimo
com eleições em dois em dois anos, além da absurda existência do FUNDO
PARTIDÁRIO. Tudo isso compões um fator fortíssimo de retirada de recursos para
investimento em setores essenciais como a saúde, segurança, educação e
produção.
VI – O Brasil NÃO ESTÁ REALIZANDO
TESTES ORIENTADOS PARA SERVIREM DE AMOSTRA COM VALIDADE ESTATÍSTICA. Contar somente
os que chegam nos hospitais não dar dados seguros para futuras tomadas de
decisões. Esses testes precisam ser feitos pautados em uma boa estratificação
por região, por segmento social por faixa etária, sexo e renda. Isso vai dar um
quadro mais realista da velocidade e do tamanho do contágio junto à população.
VII – Com base no que foi dito
acima. É temeroso a suspensão da quarentena logo no início do mesmo de abri.
Não há dados seguros que mostre a amplitude do contagio nesse momento. Podemos
jogar todo esforço feito até aqui por água abaixo.
VIII – Bolsonaro é um enigma ou
traz um enigma.
A saidinha (rolezinho} de
Bolsonaro nos arredores de Brasília apesar de ser considerada uma atitude
absurda por muitos (eu até concordo com isso), mas ela é extremamente lógica,
uma lógica interna ao bolsonarismo, isto é, ao selo que ele se transformou para
um segmento do povo brasileiro. Bolsonarismo foi o encontro de uma personagem
de peça publicitária com segmentos sociais deixados sem referência no sistema
representativo, da ausência de respostas efetivas às necessidades reais
acumuladas? O que é isso que nos parece
absurda, mas que está no nosso meio?
Bolsonaro saiu para testar para
si mesmo o seu lastro de popularidade, apostando todas as fichas no enredo da
personagem que encarnou na sua campanha: o destemido, que bate de frente, que
quer todo mundo armando enfrentando os bandidos. Bolsonaro é um notório despreparado para o
poder Executivo Nacional, mas não é um político inexperiente e não deve ter
sobrevivido 28 anos desconhecendo completamente o jogo do poder. É provável que Bolsonaro tenha saído em campanha
pela permanência à frente do poder, vide o comitê criado e composto por um de
seus filhos. Além do seu séquito, a quem
pediu a volta ao trabalho, para mais quem ele quis se dirigir?
Observação: ontem (segunda-feira)
diversos estabelecimentos abriram mesmo não sendo de serviços essenciais.
Da fala do Bolsonaro no rolezinho
é significativo quando ele diz: “Eu não sou general, mas estou na linha de
frente”. “Vamos lutar como homens e não como moleques.”
Por outro lado, na coletiva dada
pelo Ministro da Saúde, após o rolezinho do Bolsonaro, alguém perguntou ao
ministro Mandetta se ele se sentia ameaçado de demissão ou se pensava em deixar
o cargo, a resposta foi dada de imediato, mas pelo Chefe da Casa Civil, Braga
Netto, que é um general. A resposta da por Braga Netto foi firme e clara: “Não existe
essa ideia de demissão do ministro Mandetta. Isso está fora de cogitação no
momento”.
Quem fala por quem? Quem já
governa e com o aval de quem? E por que
o Bolsonaro parece ser contrário aos atos da equipe de seu próprio governo? Há
uma força operando para manter o Bolsonaro dentro da racionalidade
institucional? Qual a posta real de Bolsonaro em termos de poder?