Hoje dois policiais PMs foram mortos em São Luís.
O primeiro foi alvejado na tarde desse domingo na Avenida Beira Mar, na área do Mercado do Peixe e o outro, horas atrás, na Forquilha.
Os homicídios estão se multiplicando em São Luís em uma velocidade assustadora. Nessa estatística de homicídios, salta aos olhos o fator arma de fogo. Como tantas armas estão entrando e sendo distribuídas a criminosos nessa ilha? AÍ tem uma clara e notória herança de uma péssima gestão na área de segurança pública. Não existe nenhuma ação consistente de desarmar e impedir essa proliferação de armas de fogo nas cidades situadas na ilha. Quem está fornecendo tantas armas para esses indivíduos?
Ampliando a questão. Há uma nítida falência na estratégia e na tática de combate à criminalidade. Não existe nada de consistente para barrar essa escalada da criminalidade e da violência entre nós. Como agravante, em nosso meio, alimentamos uma visão ortodoxa sobre a violência, de caráter biologista e acompanhada da naturalização do conceito. Em geral, essa tradição gera esquemas explicativos pautados na carência econômica ou o excesso de abundância que gera um individualismo destruidor. No fundo de todas essas explicações pautadas nesse esquema está um indivíduo desequilibrado, que não deu certo e nada a mais. O criminoso é visto de uma forma reduzida. Algo que deixa de fora toda a complexidade da violência e do que é essa criminalidade contemporânea.
A violência que cresce não é coisa instintiva e de falta de racionalidade. Essa concepção, na verdade, sustenta a noção simplista de enfrentamento do problema, colocando a Polícia como a única responsável no combate à violência e à criminalidade. Colocar a Polícia na repressão como a resposta central é uma estratégia já fracassada. As polícias no Brasil mataram em 5 anos o que as polícias americanas mataram em 30 anos . Mas O Brasil também é um dos lugares com altos índice de policiais mortos. Porém, a criminalidade e a violência aumentam.
A questão é maior, bem maior e inexiste políticas de segurança pública amplas e consistentes. Não há uma ampla coordenação das ações, nem envolvimento de outras entidades que possam colaborar para desmobilizar o contexto de produção do criminoso e da criminalidade. Não existe uma sistemática política de redução da violência e de promoção da pacificação.
O confronto armado direto é uma luta inútil que está produzindo criminosos cada vez mais armado e especializado em combate. Ao passo que o criminoso é sistematicamente morto, ele busca se armar mais, com armas mais potentes e com maior maior investimento em estratégias de confronto. A disposição e o destemor dos criminosos tem crescido assustadoramente. O criminoso de hoje não sai mais só para praticar um ato contrário a lei, mas confrontar em todos os níveis a ordem social, é uma ação por controle de poder. Não é só questão de Polícia, mas questão de Estado. Enquanto isso não é claramente percebido e a insistência nesse falido modelo de policiamento, o resultado é um sacrifício em massa de jovens. Jovens policiais e outros jovens que estão nessa nova ordem da criminalidade.
Esse modelo de policiamento pautado no combate não faz cessar a produção da criminalidade, não desmonta o que fomenta e sustenta o crime. É uma falsa solução, é um sacrifício inútil e uma medida irresponsável.
A Polícia vai perdendo espaço e sendo rejeitada por parte significativa da população. Ora por ser vista como ineficiente, ora pela face violenta. A Polícia acaba responsabilizada por aquilo que está além de sua competência. Polícia usada como exército, com armamento pesado em confronto letais, em si, já é testemunho de um fracasso em termos de segurança pública.
É preciso decisões Políticas, compromissos que deem efetividade a uma responsabilidade social ampla contra a violência e na desarticulação da produção dessa barbárie. Para isso, faz-se necessário ações e investimentos em diversos setores através de instituições públicas e da sociedade civil.