terça-feira, dezembro 30, 2014

Êxodo "roliudiano"

Tentei não dizer nada sobre o filme Êxodo...mas, é óbvio, não consegui..kkk. Começo avisando que sou cristão católico e creio em Deus. Mas Moisés é tipicamente uma figura teológica, isto é, precisa ser vista e compreendida pela fé na grandeza divina. Aí cabe a exegese feita por Maquiavel que ressaltou o fato de Moisés falar com Deus e logo descartou como personagem passível de análise histórica. Sábio Maquiavel (que também era um crente). Sobre algumas curiosidades do filme: Primeiro, não existe em nenhum monumento e documento egípcio encontrado até hoje qualquer referência a Moisés, certamente o seu nome egípcio nunca foi Moisés ou ele é uma figura heroica incorporada ao contexto do Êxodo posteriormente pela tradição oral de forma unificada de vários narrativas e epopeias sobre o Êxodo. Segundo, sobre o Êxodo existem registros fora da bíblia e os próprios egípcios fizeram registros de utilização de escravos de origem asiática em construções.  Mas as construções não foram feitas só com trabalho escravo, existia o trabalho assalariado no Egito. O Êxodo é totalmente improvável no período Ramsés II, cujo reinado é bem posterior. Da mesma forma Moisés não sai e nem volta com Ramsés no poder. A numerologia tem um significado na Torá. Por isso, cabe lembrar que Moisés sai do Egito com 40 anos, 40 anos depois tem um encontro com Deus e lidera os judeus pelo deserto com 80 anos. Seu auxiliar nada menos que seu irmão mais velho. Pois é, esse senhor de 80 anos sobe montes etc. Como bem disse Maquiavel... "ele falava com Deus". Terceiro, Deus aparece como criança carrancuda e caprichosa, novidade de Hollywood. Mas o filme tem duas das coisas mais fascinantes do cinema: entretenimento e  fantasia. 

Faraó provável na época do Êxodo: Amenhotep II.
Faraó mais provável na época da saída de Moisés do Egito (exílio): final do mando de Hatshepsut, antes de Tutmés III assumir sozinho o poder. 

2015 o ano de ouro do PMDB

Contra o Presidencialismo há inúmeras acusações. Fórmulas simplistas de identificar a síntese dos males da política brasileira. Desde 1985 tem surgido diversas tipificações sobre o Presidencialismo brasileiro. A mais recente culpa do Presidencialismo é a exigência de todos os governos necessitarem ter uma ampla base de apoio, isso significando de um conjunto de parlamentares alinhados e em sincronia com o governo Federal. Isto é, parlamentares governistas. 

Se o Brasil tivesse adotado o Parlamentarismo o PMDB estaria governando absoluto. Seria bem próximo de um partido hegemônico. Com o Presidencialismo o PMDB tem firmado sua presença em todos os governos após 1985. O PMDB, durante o governo de Sarney, não teve tanta força como nos governos de Lula e Dilma. Isto é, o PMDB não mandou tanto no governo do próprio PMDB. 

A questão não está resumida ao sistema de governo, ao Presidencialismo. Pode mudar o sistema de governo que o conteúdo produzirá os mesmos resultados. Como bem lembrava Oliveira Viana sobre nossos arquétipos (utilizou os arquétipos de Jung na sua análise política), sobre a nossa cultura política. Destacadamente há um extremo descompasso entre o discurso democrático e a responsabilidade cívica, a virtude civil é extremamente frágil e sem significado, não tendo valor a coisa pública. Os poderes constitucionalmente atribuídos ao Legislativo são de grande quantia, o que prova a inexistência de um Presidencialismo centralizador. A questão é o uso, as finalidades como são operados esses poderes no Legislativo. Em geral, a finalidade pública é subjugada a interesses restritos pessoais e visando o enriquecimento (ilícito). Tudo vira motivo de negociata e barganhas monetárias. 

O Presidencialismo que aí está também não é refém desse poder do Legislativo, ainda concentra competências e prerrogativas que lhe possibilitam grande margem de manobra e execução de ações. O maior problema nessa dimensão  relacional com o Legislativo é a forma de transacionar e os valores que os move. Os velhos e insanos arquétipos da nossa cultura política se perpetuando. O autoritarismo é uma peça de ouro tanto para os que se dizem de esquerda como para os que são identificados como direita. Querer mandar sem contraditório é a marca desse ethos. Os governos perdem em composição negociada e em conjugação de projetos de base pública. 

O custo desse formato foi tomando proporções avassaladoras nos dois governos de Lula e no último governo Dilma chegou ao inimaginável, em total desconstituição do mínimo republicano de reserva moral e responsabilidade. Dilma foi eleita como continuação de Lula e isso foi fácil para elevar o custo do apoio da base aliada do governo. Mas isso não foi o ápice dessa engenhosidade sucateadora do Estado e o segundo governo Dilma promete e o PMDB, em nome da "governabilidade" vai ter mais poder do que nunca. Em 2015 o governo vai ser mais PMDB que nunca. 




                                                                                         

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