Já tratei da Universal. Sou a favor da liberdade religiosa e não tratar da religião em si. Vários post foram produzidos para criticar ou explicar o aumento do descrédito eleitoral da "esquerda" nessas eleições, principalmente diante dos resultados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Para mim não são os conservadores e nem a direita, mas os neo-pentecostais a real força que cresce visando o poder no Brasil. A direitona já tem seus representantes no poder através do PMDB etc. Tudo o mais fora disso e autodenominada de direita está longe de uma organização e articulação que tenha que signifique uma força significativa rumo ao poder. Na verdade nem precisam desse esforço. Só não se pode esquecer que o PRB esteve nos governos de Lula e de Dilma. Não por acaso o Edir Macedo foi um dos convidados de honra para a cerimônia de posse de Dilma. Haddad também prestigiou a cerimônia de inauguração no templo temático Templo de Salomão da Universal. Além disso, foi nos governos do PT que as igrejas ganharam mais condições de atuarem junto ao Estado e ainda ficaram mais livres de de taxas e tributos de quais natureza.
Essa história tem um outro lado que é composto exatamente pela esquerda, que nunca consegue enxergar nada em si, mesmo de sucessivas rejeições nas urnas. Esquerda insiste em falar de um povo e de um proletariado sem face, um proletário universal que sofre, sem endereço certo. Essa mesma esquerda nunca apresenta nada de concreto para tal sofrimento, na verdade, ela nunca está cotidianamente no enfrentamento imediato desse sofrimento. O cotidiano real dos pobres reais, dos sofredores reais, não é confrontado na prática por essa esquerda à altura de seus discursos a favor dos pobres. A prática não tem o mesmo nível da abstração que carregam sobre a realidade dos menso favorecidos. Essa esquerda para além do discurso não aprece confrontando essa situação cruel ao pobres nem na forma de uma solidariedade imediata, mesmo que pequenina.
O que efetivamente está lá do lado desses sofredores são os senhores e irmãos dos templos. Quem socorre e promove qualquer ação de emergência na comunidade? Quem efetivamente é o último recurso na comunidade? Cada vez mais são os irmãos da congregação e não os camaradas do partido ou do sindicato. Em boa medida esses partidos só existem em período eleitoral , no restante do tempo nem se dão ao trabalho de promover audiências públicas, ouvir o povo para possuírem propostas realmente de surgidas na base. Esses partidos são na verdade cobradores e adoradores do dízimo dado pelo Estado, após tirar do povo, na forma de Fundo Partidário.
Portanto, não é tanto a direita, os conservadores que crescem, mas é a esquerda e os progressistas que deixaram de existir enquanto força atuante organicamente passando a ser cada vez mais apenas um discurso vazio. São robustas derrotas eleitorais, sem nunca serem vistos como quem realmente pregam ser por quem eles dizem defender: o povo mais pobre. As vitórias de Lula e Dilma com parceria com o PMDB criou a ilusão para os progressistas e os ditos de esquerda que eles realmente tinham tomado o poder. Bem, o impeachment provou que a coisa não era bem assim. Quem está efetivamente no controle do poder são os que já estavam lá à frente do poder e definindo a forma e o conteúdo do seu exercício. Essa esquerda só serviu para alimentar ainda mais esse mostro.
A tendência é de crescimento do projeto de poder dos neo-pentecostais, porque a esquerda não consegue mais ter uma compreensão histórica de si, pelo contrário, a esquerda possui uma visão religiosa si, que se traduze em uma postura de onisciência e infalibilidade. Sem os ditos progressistas e os ditos de esquerda perceberem seus "pecados" históricos, não vai ter "salvação" nessa arena política que tenha força arrebatadora no campo laico. Resta esse choro de culpar um suposto outro que conspira ou atacar os pobres como sendo incapazes de votar "correto".