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O Maranhão é um poço de singularidades. Isso não é novidade, principalmente se essas singularidades estiverem associadas aos índices negativos, desqualificadores etc. Ficou tão sério isso que resultados de pesquisas são sempre acompanhados de “Eu já sabia”, “Quem não sabia disso”, “Somos campeões de desgraças!” etc. Enfim, a tragédia não causa mais espanto e tudo fica em um óbvio-passivo no pensar cotidiano.
Nessa mesma linha o PT tem sido pensando no Maranhão. Dizer que o PT do Maranhão não acompanhou o ritmo de crescimento eleitoral/parlamentar do PT nacional (o PT na média nacional) parece molhar água com água. Será?
Por que o PT no Maranhão atualmente não tem nenhum vereador em São Luís? O que está no caminho do PT-MA?
O PT no Maranhão não tem um problema unicamente de quantidade de tendências. O problema maior não é a existência de tendência (campo de ideias programáticas etc.), mas os desentendimentos pautados em ódios e antipatias pessoais. Situações passionais graves! Isso, sem dúvida, é um componente que dificulta muito o partido ter campanha mais concentrada. Cada candidato passa a ter rivais internos piores do que os opositores e concorrentes das outras legendas. Fica mais fácil buscar aliados fora da legenda do que dentro da legenda. Além disso, tem reina a falta de humildade necessária e estratégica. Mas tem outras coisas nesse “existir”.
Apesar de toda essa disputa intestinal o partido ainda consegue números não desprezíveis de votação, mesmo quando o resultado aparece como fracasso total. Se o partido tem um eleitorado minimamente significativo, por que não consegue eleger? Falta partido quando ele tem que existir. As partes em exercício de ódio estão em uma soma zero. A ausência de consensos estratégicos não faz o partido (o coletivo) ser uma prioridade e somar todos os seus recursos.
Em 2008, 52% dos 21 candidatos ao cargo de vereador, pela legenda isoladamente, ficaram na faixa entre 600 – 1.617 votos. Assim distribuídos: 14.2% na faixa entre 1.000 – 1.617 votos; 4.7% na faixa de 900 - 999 votos; 14.2% na faixa de 800 – 899 votos; 4.7% na faixa de 700 - 799 votos; 14.2% na faixa de 600 – 699 votos. Os demais candidatos, 48% (dos 21 candidatos do PT), ficaram na faixa entre 196 – 594 votos.
O PT sozinho obteve 13.829 votos. Em 2008 os votos válidos atingiram a quantidade de 495.077 votos (fonte: TRE-MA). O número de vagas (cadeiras) na Câmara Municipal de São Luís era de 21 vagas. O Quociente Eleitoral (QE) ficou na marca de 23.575 (Salvo alguma correção. O número oficial do QE não foi encontrado no site do TRE-MA, mais um caso da singularidade maranhense). Fazendo as contas o PT contribuiu com 58.6% para obtenção do Quociente Eleitoral. Mas não elegeu ninguém dentro da coligação que participou.
Eis a questão da coligação em eleições proporcionais: o partido mais votado pode não ter efetividade no parlamento. Isso é coerente com discurso que defende o voto no partido? Aí não foi o eleitorado que não respondeu, foi o partido que não soube aproveitar a oportunidade. Derrotado por seu direcionamento e dilemas internos.
A média de votação entre os 11 candidatos, (52%) mais votados, foi de 925 votos. Entre os demais candidatos 10 (48%) a média foi de 366 votos. Essa distância complica mais na disputa sem coligação. Em voo solo o PT tem que agir em bloco ou o QE dificilmente será atingido. Algo tem que ser feito para barrar essa tendência de ser pequeno no estado do Maranhão. A chapa não pode ter candidato-sem-campanha, sem-ajuda. Além disso, algo tem que ser feito para atenuar o canibalismo. É bom lembrar que o QE também é uma cláusula barreira, quem não consegue atingir essa marca não entra na divisão das vagas. Por isso, é necessário atentar para a importância de todos os candidatos possuírem condições de atração de voto.
Observação: As eleições locais também produzem efeitos no Planalto. Para o governo Dilma é importante ampliar a efetividade do partido em todos os municípios do Brasil. Sem isso, a manutenção do atual tamanho da base de apoio ao Governo vai ter um custo político bem maior do que a existência de uma oposição maior e mais atuante do que a atual. Muitos aliados podem deixar o chefe na condição de refém.