O Durkheim é, no Brasil, um conhecido de obra desconhecida (não lida). Tudo que se aprende ainda hoje nas universidades são versões marxistas do que seria a obra de Durkheim. Em geral, trata-se de um reducionismo do autor ao funcionalismo, positivismo e, maldosamente, ao conformismo. Mas, Durkheim tem uma obra variada e momentos diferenciados de sua carreira.
Ao discutir o fenômeno moral registra sua visão sobre o indivíduo humano assim:
"O que ocorre é que não somos seres inteiramente racionais, somos também seres sensíveis. Ora, a sensibilidade é a faculdade mediante a qual os indivíduos se distinguem uns dos outros. Meu prazer pertence somente a mim, reflete apenas meu temperamento pessoal.
"Em Deus, onde tudo é razão, não há lugar algum para um sentimento desse tipo: nele a moral se realiza com uma espontaneidade absolutamente autônoma. Mas o mesmo não ocorre com o homem, ser composto, heterogêneo e dividido contra si mesmo.
"Toda a nossa natureza tem necessidade de ser contida, circunscrita, limitada, tanto nossa natureza passional quanto nossa natureza racional. Nossa razão, com efeito, não é uma faculdade transcendente; ela faz parte do mundo, e, por conseguinte, submete-se à lei do mundo.