O tempo atual parece tranquilo para uns
pelo simples fato de não enxergarem nada à frente.
O tempo nublado e sua relativa opacidade
está criando ilusões e tranquilidades irresponsáveis.
Atualmente no Brasil não existe um
movimento democrático programático como alternativa eleitoral. Os atuais
movimentos não têm força de mobilização nacional e nem são reconhecidos a
partir de um programa ou agenda política que contemple as principais demandas
ou que tenha propostas mínimas para enfrentamento da crise institucional
existente. O modelo de Estado produzido pela ideia de Estado firmada na
Constituição de 1988 é o desastre. Alguns dos nossos graves problemas são
frutos genuínas da Constituição de 1988, que produziu inúmeras falhas
institucionais e criou uma dinâmica política eleitoral, partidária e
governativa extremamente inconsistente, falha e permissiva a atos e esquemas
que ferem gravemente a credibilidade democrática e republicana. Esse estado de
coisas vem gerando paulatinamente um processo de loteamento do Estado e
findando qualquer perspectiva de políticas amplas e gerais de interesse
nacional.
Corremos em direção de um perigo. A
situação de insegura e incerteza, o sentimento de não correspondência e
congruência dos atos das autoridades com a lei amplia o ânimo ao desrespeito
generalizado às normas e um incentivo à produção de ordens particulares. O
Estado de Direito no Brasil não faz o menor sentido para a população que assiste
cotidianamente a discricionariedade de juízes e ministros do Supremo atropelarem
todas as expectativas de justiça e seriedade.
Não é possível ver claramente o que há
atrás das nuvens, mas é possível ouvir alguns ruídos vindo de lá. No cenário
eleitoral nada menos e nada mais temos Lula com seu histórico 30% das intenções
e do outro o candidato anti alguma coisa ou a tudo: Bolsonaro. Em termos de
programa e agenda política um sabemos que não é mais que a continuidade do que
aí está e o outro é simplesmente um vazio, não tem projeto algum e tudo que
responde é de forma emocional e provocativa. Essa falta de opção que se coloca,
por dois extremos de discursos e práticas políticas incoerentes, com viés
autoritário e personalista e com uma grande pobreza de projeto político
democrático de nação. Bolsonaro não é mais que um produto dos erros do PT.
Ambos só oferecem continuidade. Sendo que Bolsonaro é o melhor adversário para
um triunfo de Lula, que vem sendo ajudado pelo Temer, pois traz a necessidade
de um messias para salvar o povo pobre das perseguições em curso (reforma da
previdência, alterações na CLT etc.)
Onde estão os que não comungam com essas
duas faces do autoritarismo e do personalismo? Onde estão os defendem a coisa
pública e bem comum em uma perspectiva democrática? Onde estão os que defendem
o Brasil?
Será que assistiremos um confronto final entre hipócritas corruptos e sanguinários boçais?
Será que assistiremos um confronto final entre hipócritas corruptos e sanguinários boçais?
O tempo nublado continua e sensação de
tranquilidade é preocupante...