Ficou tão naturalizado o termo que tem gente no governo ainda falando como sendo oposição. Na verdade temos hoje diversas oposições. Alguns são aliados quanto ao governo do estado e opositores quanto aos governos municipais e federal.
Hoje no Maranhão e no Brasil inteiro existem verdadeiros amontoados de arranjos de coligações partidárias sem estarem fundados em programas e projetos de interesse público. Essas conveniências e o oportunismo pessoal sobrevivem sustentados por uma legislação política ultrapassada e que foca ma utilidade pública da existência partidária. São permitidas alianças partidárias sem requisitos do interesse público e a vontade geral. Candidaturas ao Executivo são estabelecidas sem exigências e sem responsabilização dos candidatos quanto ao programa de governo e as propostas de políticas públicas. No final, resta mesmo a conveniência e o oportunismo. Nem cabe insistir em posições ideológicas, pois ideologia política é mero recurso retórico. Tudo conjuntural.
A posição enquanto antônimo de estar no governo existe. Na verdade existem, pois são várias. Mas oposição no sentido político de novas formas de condução do poder, projetos e programas sociais inovadores não existem. Por quê? Porque quem reivindicava essa mudança de exercício de governo e projeto de políticas públicas está no Governo, quem estava no governo não tem o que apresentar de novo, na verdade saiu em completa exaustão e anacronismo sob acusações de mandonismo, oligarquia, patrimonialismo, clientelismo etc. Ao sair do governo esse grupos ficou esfacelado no seu ponto de maior consistência de adesão e coordenação, a teia começou a decompor em diversos pontos e os pontos mais organizados ainda não atingiram uma reorganização e direcionamento consistente. Até agora eles ainda são ecos de vozes do passado. O mais provável é que sobrevivam alguns grupos menores e independentes entre si, com direcionamento distintos (chefões diferentes).
No outro extremo desse campo eleitoral/partidário estão os conhecidíssimos partidos anti-sistêmicos, atuando como força centrífuga no sistema de partidos. São legendas que nitidamente pregam um outro regime político, um outro sistema político. São contra o sistema atual. Não querem apenas exercer o poder político que aí está, não estão na disputa eleitoral e no sistema de partidos para só apresentar uma outra forma de exercício de governo e um novo programa de governo, mas almejam uma transformação total da ordem social, econômica e política... alguns chamam isso de revolução. Nessa linha temos claramente o PSTU e, de uma forma mais tênue, o PCB. Dessa forma, pouco colaboram enquanto oposição necessária ao sistema existente. Primeiro, pelo baixo grau de representatividade no legislativo e no executivo. Segundo, a baixa capacidade dirigente que exercem junto às organizações da sociedade civil.
Já fora dessa linha anti-sistêmica está o PSOL, que tenta se organizar eleitoralmente em dimensão nacional, mas em termos de projeto e de programas para o país ainda não apresentou nada consistente. Basta ver o que foi apresentado na última campanha presidencial pela candidata do partido. Falta firmar posição também sobre questões macro-econômicas e de políticas públicas de escala nacional. Tem tido, nacionalmente, um tom vacilante e oscilante quanto aos governos do PT. Ainda não firmou um posição nítida de oposição ao governo federal. Até agora o PSOL ainda não esboçou nada de novo em termos de ruptura com a esquerda tradicional vinculada a um socialismo estatal. No Maranhão essa situação do PSOL é muito mais complexa e em termos de que oposição o PSOL é. Apesar de visível sua participação em lutas populares, os motes e propostas diante da situação do Maranhão parecem muito tímidas e ou restritas. Não tendo ainda representativa no parlamento local e não tendo ainda grande força dirigente junto aos movimentos sociais populares etc. não aparece também como um oposição de força. O PSOL-MA está em uma encruzilhada, porque precisa se constituir como uma oposição consistente no sistema e, ao mesmo tempo, concorrer e se afastar da forma de enfrentamento lançada pelos resquícios do sarneísmo contra Flávio Dino. Até o momento as ações programáticas e e os motes lançados como oposição desconsideram as dimensões históricas do momento e tem assumido uma forma personificada de oposição a Flávio Dino, tem soado como questão pessoal. Falta a virtú de saber se constituir como a principal força de oposição aproveitando-se do contexto. O PSOL precisa ver o mandato de Flávio Dino como momento histórico para construir um novo campo político no Maranhão.
Não é importante agora gastar energia em discussões se o governo Flávio é ou não a mudança radical (nem um mês de mandato, só pode ser futurismo) o mais importante é fortalecer as potencialidades do contexto para que este governo possa se consolidar como um elemento efetivo de transição para uma outra realidade política no Maranhão, como um campo político com mais espaço, pluralidade e competitividade. Ora, isso não implica em ir bajular Flávio nem puxar saco, nem morrer de amores pela pessoa dele, nada disso, mas fazer um oposição que anule os resquícios do sarneísmo e seja defensora e proponente de ações que representem avanço para o povo do Maranhão e ruptura com o passado. Assim pode provar sua capacidade de gerir propostas de interesse público e ganhar mais legitimidade para falar em nome do interesse geral. Já está mais do que na hora desse partido ver a administração municipal, trazer propostas para a cidade de São Luís, por exemplo.
Diante disso, vemos que precisamos também superar um estágio de oposição que brotou , cresceu e envelheceu sob a lógica d e uma teia mandonista. O Maranhão precisa de criar uma nova oposição que não seja apenas o outro lado da moeda do sarneísmo. Precisamos de uma oposição que seja na direção da superação do passado. Os resquícios do sarneísmo sendo a oposição, hegemonizando esse setor, é um entrave à constituição da renovação do campo político maranhense.