Gregos e troianos na disputa pelo Governo do Maranhão
Acordei recebendo as seguintes
questões:
“Atualmente temos os seguintes nomes
como pré-candidatos: Flávio Dino (PC do B), Luís Fernando (PMDB), Eliziane Gama
(PPS), Hilton Gonçalo (PDT), Zé Luís Lago (PPL) e Luís Pedrosa (PSOL). A
quantidade de candidatos ao governo do estado pode aumentar? Essa quantidade
aumenta as chances de segundo turno? Por ter uma eleição indireta vai ser uma
eleição diferenciada?”
Sim. Tanto pode aumentar como
diminuir. Várias alterações podem ocorrer. É cedo e existem diversas moedas de
barganha sobre a mesa. A disputa para valer só está começando.
O PSOL, PCB e PSTU ainda não fecharam acordo oficialmente. Não fechando acordo o número de candidatos ao governo do estado provavelmente
aumentará.
O PDT ainda pode alterar sua posição,
depende do que Flávio oferecer em termos de candidatura. Até pouco tempo o PDT
não tinha candidato próprio. A candidatura pode ser mantida como resposta ao
não atendimento das exigências apresentadas à Flávio. Mas pode retirada. Se a candidatura for mantida o tempo de TV e
rádio de Flávio sofre uma redução que pode fazer falta. O PDT sabe negociar e sobreviver no poder. Já fez acordo com os Sarney.
O PSB ainda apresenta tensões sobre
o rumo a seguir. Vai depender do grupo que conseguir mandar mais e convencer Campos. Nem todos
estão convictos de ir com Flávio. Os Rocha querem a oficialização do apoio à candidatura
Roberto Rocha para o senado. Aqui também pesa questão do tempo na TV e no rádio.
Sem o PSB e PDT o tempo de TV e Rádio fica muito reduzido para Flávio.
Flávio tem que resolver quem vai ser o
seu vice-governador. A escolha pode gerar descontentamentos sérios e perda de
aliados, caso não haja a devida negociação compensatória.
A posição mais confortável é a de
Castelo. Mesmo tendo perdido uma eleição recentemente, goza de uma fidelidade
eleitoral significativa junto ao eleitorado maranhense. As suas chances de
conquistar uma vaga de deputado federal são altas.
O exemplo Castelo. Ele perdeu uma
eleição para ele mesmo. Tem um eleitorado fiel muito grande em São Luís e no
restante do estado. É um político muito sagaz e certamente sabe que se ficar
neutro fica no lucro (perdendo ou ganhando Flávio), se compor com os Sarney sai
no lucro (pode até ser uma saída para os Sarney).
Enfraquecimento ou derrota de Flávio
é vantajoso para Castelo, sem dúvida. Pois ele passa a ocupar muito mais espaço
e centralidade dentro cenário político.
As eleições vão ser diferenciadas.
Sim. Tendo ou não eleição indireta para um mandato tampão.
A diferença não está só nesse possível
processo de eleição indireta. Pela primeira vez um candidato da oposição vai
começar as eleições liderando nas pesquisas e bem a frente do candidato
governista. Soma-se a isso a grande porosidade, fluidez e múltiplas adesões
existentes atualmente em todos os grupos. Existem sarneístas e flavistas em
praticamente todos os lados e blocos.
Estamos diante de um processo de
formação de novas agregações e ajustes no interior da classe política e da
elite governante simultaneamente. O ajuste intra-classe é muito visível. O que
está em curso não é uma ruptura oligárquica imediata, nem mandonista, mas um
mero ajuste interno. No Maranhão é uma constelação de oligarquias e a classe
política é uma constelação de mandões.
Quanto ao candidato do governo. Em
que pese a vantagem de Flávio em relação a ele, a maioria das avaliações que
estão sendo divulgadas são precipitadas. E algumas são meras peças
publicitárias de campanha eleitoral.
É preciso ter cautela e considerar
alguns pontos.
Primeiro, a campanha verdadeiramente
não começou, aquela da ação mais direta.
Segundo, é preciso esperar a
propaganda eleitoral na TV e rádios para saber como o voto livre reage.
Terceiro, algumas pesquisas apontavam
ele com menos de 2% da intenções de voto e agora, nas mesmas pesquisas da
oposição ele aparece com 18%. Isso deve ser mais que preocupante para a
oposição, já que ele conta com o suporte da máquina dos Leões.
Quarto, ele tem currículo,
conhecimento técnico e experiência administrativa (gostando ou não). A oposição,
representada por Flávio, até agora, só atacou a governadora Roseana e o senador
Sarney. O pré-candidato Luís Fernando não sofreu nenhum ataque significativo,
nem críticas e questionamentos. Por que essa oposição não faz isso? O candidato
concorrente é Luís Fernando.
Quinto, a vantagem que Flávio apresenta
ainda corresponde a um cenário sem concorrentes bem definidos, sem adversários protagonizando
enfrentamentos e difundindo propostas.
Flávio nunca foi testado em situação
de favorito e sob ataques constantes. Essa vai ser a primeira vez que vai
entrar na disputa como favorito. Ninguém sabe a capacidade dele reagir e qual a
real fidelidade do seu eleitorado.
A família Sarney nunca perdeu essa
eleição tendo nas mãos os recursos de todos os Leões dos poderes estaduais. Bom
não esquecer. Se Flávio vencer, nessa situação, vai ser o diferencial da
eleição. Ganhar e ganhar dos Leões.
É muito cedo. Existem enormes
possibilidades e arranjos para serem explorados até outubro. Flávio e os Sarney
são aliados de Lula e Dilma, ambos possuem acessos ao PT. Para Lula, no meu
entender, o melhor não é privilegiar um ou outro, mas de montar um concerto
para ter todos.
Lula sabe da influência de Sarney no
PMDB e em outras instâncias dos poderes nacionais. Sem deixar de ver que a bancada
maranhense de deputados federais provavelmente será composta, em sua maioria, por
aliados de Sarney. Compor com todos, com agrados múltiplos, deve ser o desejo maior
de Lula e Dilma.
Por outro lado, qualquer acerto de Lula/Dilma
com Sarney ou Flávio vai ter que garantir o cargo de vice ao PT.
O ostracismo de luxo imposto ao
comandante Washington não agradou a alguns gregos e a alguns troianos da cúpula
do Partido dos Trabalhadores. É preciso tirar do relento os demais
companheiros, deve assim pensar solidariamente o comando do PT. O nó interno é desfeito
com o que pode ser garantido politicamente ao grupo de Henrique e ao grupo de
Monteiro, seguido da definição de quem assume o comando do partido. Mas aí é tudo
PT, Lula sabe o que fazer e todos vão com Lula e Dilma.