Foto: postada na internet por Valdizan. |
Este
post trata de forma sucinta a entrevista concedida pelo prefeito João Castelo
ao blogue do jornalista Roberto Kenard e postada no dia 09 de janeiro de 2012,
sob o título de “Castelo rompe o silêncio em entrevista exclusiva”.
Desde
já quero registrar a qualidade do trabalho realizado pelo jornalista Kenard. No entanto, concordar ou aceitar de pronto o
que Castelo afirma é outra coisa.
O
prefeito João Castelo fez, mais uma vez mostra seus dons artísticos. Tanto
repetir seu heroico governo estadual, transformou o seu discurso em uma peça
surrealista. Vamos por partes.
Primeiro
ponto. Todo o insucesso de sua gestão até aqui foi consequência da administração
anterior e das chuvas rigorosas. Uma combinação da “mão do homem” e da “incontornável
ação da natureza”. Como ele sempre apregoa a grandeza de seu mandato de
governador (biônico), cabe saber se naquele período não choveu e se o
governador que o antecedeu foi um excelente administrador.
Segundo
ponto. Castelo demonstrou seu estilo comedido diante dos Sarney. Confirmou a
característica que destacamos no post do dia 06 de janeiro de 2012, com o
título de Castelo, anti-sarneísmo de areia, poeira e franchising, onde é
possível ler: “nunca fez uma ruptura extrema, nunca chegou nem a encenar ódio
aos modos do Ricardo-cunhado”. Nas palavras de Castelo, na entrevista concedida
a Kenard, fica assim: “Eu nunca fiz e jamais farei política do rancor ou com o
fígado”. Não era para menos, além das exigências da civilidade, seria demais
não ter o mínimo de consideração com o compadre que lhe deu o mandato de
governador (indicado), ainda na vigência da ditadura militar.
Terceiro
ponto. Castelo deu uma dica de ter problema auditivo: “Nunca ouvi ninguém dizer
que desconfia do Castelo”. Pode até ser surdo, mas é extremamente surrealista.
Quarto
ponto. Castelo afirma: “Nunca mandei reprimir manifestação, muito menos de
estudantes. Eu sequer me encontrava no Maranhão quando estourou o movimento.” Aí
o prefeito faz brilhar todo o seu talento de mestre surrealista. O governador
realizador, administrador competente some da história, logo no período da greve
de 1979, e só volta para ser o que fez o Castelão, a Ponte Bandeira Tribuzi
etc.? Não estava no Maranhão. Onde o governador do
estado estava? O estranho é como o governador só era governador para construir
obras, não mandava em nada e não sabia de nada quando era para tratar de greve.
Era um governador ou um encarregado de obras da Ditadura? Quem então deu a
ordem para reprimir? Quem finalmente estava mandando no Maranhão? Nomes?
Caro Prefeito, o senhor está sob o manto da Lei da Anistia (Lei nº 6.685, 28/08/1979), cite os nomes dos responsáveis pela repressão e os motivos disso ter acontecido sem suas ordens ou seu conhecimento. O senhor desconhecia quem dava ordens dentro do seu governo? Desconfio que o senhor não dará esses nomes. Porém, seria muito importante que o senhor revelasse o que sabe sobre esse episódio. Mostre sua versão de forma integral, por favor.
Caro Prefeito, o senhor está sob o manto da Lei da Anistia (Lei nº 6.685, 28/08/1979), cite os nomes dos responsáveis pela repressão e os motivos disso ter acontecido sem suas ordens ou seu conhecimento. O senhor desconhecia quem dava ordens dentro do seu governo? Desconfio que o senhor não dará esses nomes. Porém, seria muito importante que o senhor revelasse o que sabe sobre esse episódio. Mostre sua versão de forma integral, por favor.
Quinto
ponto. O prefeito considera o tempo verbal igualmente como o tempo climático,
onde impera um “inverno de chuvas rigorosas”. Ele está sempre no passado. Ao se
rebelar contra os tolos diz: “antes e depois do governo Castelo nenhum outro governo
fez tantas obras”. Não faz mais que repetir seu mestre, quando afirma que tudo que
existe no Maranhão foi feito por ele. Esse tal governo glorioso deve ser mesmo
creditado a ele? Pois ele mesmo disse que não mandou reprimir os estudantes. Esse
governo glorioso não deve ser creditado a quem mandou reprimir? Essa recorrente volta ao seu mandato de governador
biônico é uma forma de encobrir dois fracassos administrativos à frente da
Prefeitura de São Luís: o seu próprio mandato e o mandato de sua esposa. Fica
provado que ele não sabe administrar nada em tempos de democracia. Os créditos
de realizador e grande administrador devem ser dados ao que mandou reprimir os
estudantes, pois esse alguém é que realmente mandava.
Sexto
ponto. Castelo na sua “crítica real”
afirmou que “Muito antes deles, a um alto preço, eu estive na oposição. Oposição
a que? Quem são esses “deles”? O tempo verbal ficou beleza: Eu estive. Alto preço, sem dúvida que sim. Traduzindo: ele foi opositor do movimento democrático contra a Ditadura. Para
completar sua “critica verdadeira” ele diz: “Se alguém da oposição me criticar
está fazendo o jogo dos adversários”. Que absurdo. Ele nunca diz quem são os
opositores e os adversários. Quem são os adversário? O adversário é imaginário.
Castelo só quer fazer as pessoas acreditarem que o adversário imaginário que
ele criou é o adversário real que cada identifica como seu. Na verdade ele não
deu nome algum e pode depois dizer que não disse que era seu fulano ou seu
beltrano. O anti-sarneísmo dele é o mais dócil sarneísmo.
Sétimo
ponto. Os convênios com o Governo Jackson. Ele simplesmente não disse nada de
importante e fundamental sobre a questão. Limitou-se ao possível motivo para o
governo do estado pedir anulação dos mesmos. Em momento algum falou do paradeiro,
movimentação ou existência dos 73 milhões de reais.
Enfim,
a única diferença entre Castelo e os Sarney é que ele consegue ser bem pior
politicamente.
A
entrevista completa de Castelo está disponível em: