Detalhe da decorção de Artemis |
O Estado Alemão legalizou a prostituição desde 2002. O Artemis é o maior bordel da Alemanha, um verdadeiro maracanã do sexo, com 4000m² e funcionando das 11h00min até 05h00min da manhã. Os proprietários e adeptos não chamam de Bordel, para os quais isso “é casa de compensado na beira da estrada”. Na visão dos promotores a Artemis é um clube: Frei Körper Kultur (cultura do corpo livre).
Depois da legalização as prostitutas passaram à condição de autônomas ou freelance do sexo com direito ao seguro desemprego e assistência médica. Hoje o número de cadastradas em todo país é de 450 mil. O movimento feminista foi um ativo defensor dessa legalização. O mote tinha no núcleo a liberdade da mulher, muito similar ao da defesa do aborto. Além disso, a questão era posta como política de segurança, proteção e saúde das mulheres que, na calçada, ficavam sob o mando de cafetões e aos traficantes de mulheres.
Mas isso não quer dizer que as prostitutas chegaram ao paraíso.
O outro lado disso. O Estado passou a arrecadar mais, proliferaram as casas de prostituição e abriu um competição agressiva. Pessoas ligadas às organizações em defesa das protitutas reconhecem as dificuldades, mesmo após a legalização. A crise econômica estaria contribuindo para a precarização da situação das prostitutas, cujo rendimentos teriam caído mais de 50%. Para a Receita Federal o ganho de uma prostituta é de 110 euros dia.
Ano passado o ganho mês, segundo as prostitutas entrevistadas, era de 5 mil euros, mas agora é só de 2000 mil euros (líquido). Isto é, uma miséria para os padrões da Europa rica. Vejamos o que isso significa em termos de salário.
Como na Alemanha não há salário mínimo, vamos comparar com dois outros países importantes da Europa rica: França e Reino Unido. Respectivamente os salários mínimos são : 1154 euros e 1105 euros. Segundo Marion, essa crise financeira faz com que as meninas aceitem qualquer proposta para salvar o ganho do mês. Isso implica correr riscos: sexo sem camisinha deve ser um deles.
A competição, ou guerra comercial, também tem sido um complicador, pois para atrair freguês está valendo tudo. Promoções extremamente agressivas, como a efetivada pelo Clube da Buceta, cuja promoção consistia no seguinte: comida, bebida e sexo ilimitado por 70 euros. Tudo na faixa, como dizem os paulistas. Enfim, a grande Berlim é hoje um centro de prostituição com 700 bordéis funcionando a pleno vapor. Isso sem contar as Hobby Hure ( prostitutas ocasionais).
Muitos se assustaram com o filme « O Albergue », dirigido por Eli Roth, tendo como um dos produtores executivo Q. Tarantino, mas até agora não perceberam o motivo de mostrar fábricas, sexo, drogas, violência e abanalização da morte. Tudo isso ocorrendo no Velho Mundo.
Marion Detlefs, assistente social de Hydra, tem a seguinte opinião: "Eu não acho que a legalização mudou muito. A prostituição nunca foi e nunca será um trabalho como outro qualquer, em um bordel ou não, tendo uma obrigação legal ou não. "
A matéria não destaca e nem aprofunda sobre a origem dessas mulheres.Essas mulheres chegam de onde? Quantas são de origem estrageira? Pois bem, em um trecho dizem que são pessoas do Leste-Europeu que foram atraídas pela normalização da profissão. Em outra parte da entrevista aparece uma cubana que « fez o caminho Cuba-Alemanha atrás do seu alemão ».
Aí está o X da questão, quem abastece esse mercado de carne. Sem esforço nenhum é possível verificar que são mulheres do Leste-Europeu e de países latino-americanos, como a cubana « que foi atrás do seu alemão ». Hoje ela se prostitue e cria o um filho sozinha. Essa história tem se repetido também com inúmeras brasileiras, em vários países da Europa.
Na Letônia, país do Leste-Europeu, o salário mínimo é de 116 euros, isto é, R$ 274,68. Muito menos que o nosso baixo salário mínimo. Cuba nem precisa dizer o quanto é baixo o salário.
No Brasil, nos centros turísticos nordestinos, ainda sobrevive o mito do príncipe europeu, que depois de bem servido de prazer, vai proporcionar um grande futuro a devotada moça pobre, pois para a mentalidade local: europeu branco é sinônimo de riqueza, que cortesia de farra é igual a afeto de compromisso amoroso. Famílias inteiras acreditam em belos contos... Infelizmente! Eis a matéria prima da indústria européia.
Texto produzido a partir da matéria do Jornal Rue 89: Bordeis à Berlin: La prostitution, um business comme um autre.
Foto: do site oficial do artemis, detalhe da decoração.