Os últimos dias foram inundados por teses e manifestos sobre as possíveis coligações para a disputa eleitoral de 2010. Algumas escritas de próprio punho e outras produzidas com punhos terceirizados. Em uma variação que vai do misticismo ao hiper-realismo futurista. Todas histórico-socialmente válidas.
Considero-as importantíssimas, mesmo não concordando ou não me filiando a todo esse arsenal de hipóteses, suposições, previsões etc.
No entanto, o jogo político não reside numa fé sem ações, sem intervenção efetiva na realidade e tão pouco em conjecturas sem base empírica. Não é um concurso das mais belas palavras, não é um concurso literário. Jogar é conhecer primeiramente as regras do jogo. O bom jogador tem que buscar incessantemente os meios da vitória e saber usá-los. Só a ocasião não basta, é preciso ter capacidade de aproveitá-la eficazmente. Maquiavel deixou uma lição, ainda não absorvida no estranho universo da classe política maranhense, especialmente na fração anti-oligarquia, que consiste em perceber a política enquanto uma arquitetura humana, de forma laica e tendo o homem como senhor de sua própria história, pelo menos 50% estaria sob a ordem da vontade.
Cooptar sempre fez parte do jogo político, é uma técnica. Em si não é crime algum. A própria definição não traz nenhum juízo de valor: “(lat cooptare) vtd 1 Agregar. 2 Admitir numa sociedade, por escolha dos seus próprios membros, com dispensa das formalidades de praxe.” (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Michaelis). Dispensa das formalidades de praxe não significar cometer crime ou coisas detestáveis moralmente. Os meios utilizados é que podem assumir uma forma criminosa. Cooptar não é crime.
Enquanto a oposição fã fica conversando, alimentando uma rede de intrigas e atos passionais internos ao partido, os donos do poder, concretamente, buscam efetivar votos a seu favor. Saber que tem 80 votos defendendo um tipo de coligação, 81 votos defendendo um outro tipo de coligação e mais 14 votos em suposta suspensão e nada fazer, é como fé sem ação. É fé vazia. Se existe 14 votos com efetiva condição de decidir, qual o problema de se buscar cooptar esses votos sem as formalidades de praxe? Que pudor é esse?, ou que falta moral seria essa para não se fazer isso? Não envolvendo recursos criminosos a cooptação é mais do que legítima, é extremamente necessária.
Não dá para vencer assistindo o adversário fazer todos os lances livremente. Não dá para vencer com essa débil atitude de oposição-fã, que vangloria e alimenta o mito da onipotência do adversário, que se acostuma com a ideia de fraqueza e impotência, que já entra no jogo com vontade de perder. Não se pode ter medo de buscar recursos e economizar esforços para capturar as adesões necessárias. Está faltando prática, ação efetiva. É hora de arrancar resultado. Como escreveu o poeta Leminski: en la lucha de clases/ todas las armas son buenas/ piedras/ moches/ poemas.
Nunca é demais repetir o texto simples, mas atual de Maquiavel: “Assim, um homem que se mostra cauteloso quando é tempo de agir impetuosamente não sabe agir, causando então sua ruína; se conseguisse mudar de acordo com tempos, sua sorte não mudaria."
VAMOS AGIR!!! NÃO VAMOS ALIMENTAR O MEDO!!!!