Há monumentos que não podemos ver, nem tocar... São esculturas morais. Arte de postura digna.
É certo que dignidade é uma coisa relativa e que moral depende do contexto... Mudando o contexto..as particularidades arranjam outros referências de dignidade e valorativos.
Seria sandice apontar a imoralidade ou a-moralidade alguém totalmente fora do universo de onde se originou e firmou os parâmetros de moralidade de tal julgamento. Mas isso não é o caso, no momento. Posso dizer, sim, que é uma obra prima o gosto pela vida e a dignidade no viver de Abelardo da Hora.
Comunista sem grife, convicto da responsabilidade em combater a miséria e desigualdades sociais, simples e despojado. O único sobrevivente da direção do diretório regional de Pernambuco (antigo Pczão). Dedicado e amante. Amante do seu ofício, da beleza das mulheres e da sua esposa.
Foi comunista quando era um risco de morte. Foi preso enésimas vezes. Perdeu ou passou a ignorar a quantidade de prisões que sofreu. É fato, continuou livre. É um monumento artístico a trajetória de vida de Abelardo da Hora; pernambucano, escultor, ceramista, desenhista etc., e um cidadão de mais de 80 anos de vitalidade, em plena atividade no seu atelier nos fundos do seu quintal.
Perguntado se ensinou Francisco Brennand a trabalhar com cerâmica, apenas disse: “Ele é uma pessoa muito boa.”
Enfim, comunista com alma livre e humanista de verdade foram poucos, peças raras na história. Uma dessas raridades está em Recife. Viva da Hora!!!
(ORIGINALMENTE PUBLICADO - 04/06/2007).
Tive a honra de ser recebido por Abelardo em sua própria residência e entre dezenas de esculturas. Conversamos por 40 minutos. Tratamos de política, arte e da vida.
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