As aulas e a greve de motoristas e trocadores de ônibus - transporte coletivo.
São Luís, cidade com mais de 01 milhão de habitantes, só conta com o transporte rodoviário para transporte em massa de pessoas. A greve de motoristas e trocadores de ônibus coletivo afeta, em cadeia, diversos setores e particularmente as escolas, faculdades e universidades. Não são poucos os alunos e funcionários que dependem diariamente do transporte coletivo. Diante da greve... parte das possibilidades do ir e vir cai na incerteza que, por sua vez, gera insegurança e onera ainda mais as pessoas.
A paralisação dos ônibus afeta não só os que aqui residem, mas as pessoas que aqui chegam ou que diariamente vêm trabalhar, fazer compras etc. Destaco, nessa situação, os alunos dos cursos universitários noturnos, principalmente os que dia-dia saem de suas cidades para assistirem aulas em São Luís. Só para exemplificar: um indivíduo viaja 120km, ou 150Km para assistir aula, porém, ao chegar na sala de aula constata que a sala está vazia. O que dizer a ele?
O (a) aluno (a) que solitariamente compareceu merece ter seus direitos atendidos, os que faltaram por falta de transporte também precisam ser atendidos nos seus direitos. Isto é, a situação não é fácil. Enquanto isso... o tempo passa, o calendário fica curto para as atividades previstas serem realizadas. O que fazer?
O outro lado dessa história, sem meios termos, É O LEGÍTIMO DIREITO dos motoristas e trocadores de reclamarem salários mais justos para terem vida digna. O Brasil, a 7ª economia do mundo, ainda mantém uma das piores políticas salariais do mundo, com um largo leque salarial e baixa valorização dos trabalhadores.
Diversas categorias são extremamente mal remuneradas, impera entre diversos setores da nossa economia um brutal injustiça salarial. Dentre os mais explorados e injustiçados salariais estão: motoristas, trocadores, garis, vigilantes, caixa de supermercado, professores, policiais, zeladores, recepcionistas, porteiros e trabalhadores da construção civil. Não importa o quando a situação econômica do pais esteja boa, eles estão sempre ganhando pouco, não só pela baixa remuneração, mas também pelo falta de reconhecimento do valor do seu trabalho.
A positividade da greve está para além das ações manifestas: revela a acentuada incapacidade e ineficiência das tradicionais entidades mediadoras de conflito dentro do espaço "regulado", além de expor a perda de autoridade das instituições políticas que são basilares para a ordem pacífica-de-direito. Isso, em muito, é consequência da generalizada corrupção e impunidade em vigor no país. O crescente descrédito e perda de legitimidade dos que, originariamente, devem compor os processos decisórios, tornam as soluções cada vez mais demoradas e imprevisíveis...
Enquanto isso... em São Luís... é isso!
eu poderia acrescentar e dizer o mesmo da APRUMA que insite em chamar uma greve na UFMA sem legitimidade para tal. A maioria de nós professores gostaria mesmo é de estar em sala de aula.
ResponderExcluirInfelizmente, a greve de onibus deu uma mãaozinho para a suposta greve de professores que, por mim, não aconteceria. Quando indagado por meus alunos se farei ou não a tal greve, lhes respondo que sim, porém, dando mais aula! Explico: ao invés de parar a educação, porque nao usar a universidade para abrir o diálogo com a sociedade sobre temas como imprensa, política, micro e macrorrelação de poder... A quem interessa realmente parar a produção de conhecimento?
E será que nós, professores universitários estamos mesmo ganhando tão mal?
Talvez não ganhemos o salário de nossos sonhos, mas é, no mínimo, pouco sensível fazer uma greve meramente salarial (por um rejuste que, inclusive já está no contra-cheque deste mês) quando o educador de base não recebe nem o piso nacional em nosso estado...
José Uchôa
Pro. do Dep. Letras UFMA