Ilustração: Francisco Araujo |
As classes médias adotaram, diante da segurança, a mesma “saída” que adotaram diante da educação, especialmente quando o ensino público começou a declinar. Isto é, buscaram garantir sua segurança de maneira individualizada, particular através da contratação de serviços privados. Engradaram suas casas e apartamentos, colocaram cercas elétricas, instalaram câmeras, alarmes e contrataram vigias para se protegerem... Tudo privado e exclusivo para sua segurança pessoal. Assim como na Educação o custo é alto, o resultado é pequeno e qualidade duvidosa. O declínio da Educação (não só a formal) e da segurança mostram certa sincronia. O perigo maior é que esses dois problemas estão cada vez mais combinados.
Pais estão sendo mortos pelos próprios filhos. Desde o caso Richthofen diversos outros casos já foram registrados no seio da classe média. Pode-se ver que o perigo não precisa pular a cerca, o muro. A educação e segurança privada não levaram as classes médias ao paraíso sonhado: o isoladamente de paz.
Pais estão sendo mortos pelos próprios filhos. Desde o caso Richthofen diversos outros casos já foram registrados no seio da classe média. Pode-se ver que o perigo não precisa pular a cerca, o muro. A educação e segurança privada não levaram as classes médias ao paraíso sonhado: o isoladamente de paz.
A saída parece passar por qualidade de vida não expressa só em abundância material. Precisamos de mais convívio social pacificado, priorizar valores humanistas de solidariedade, respeito, reciprocidade, caridade desinteressada e qualidade na educação pública e na segurança pública. Enjaular-se, enquanto o mundo frita lá fora, pode dar origem ao nascimento de um monstro dentro da própria jaula. Não sobrevive paraíso algum enquanto ilha, em um oceano de infernos!
Sem vida pública, espaços públicos de maior interação social e compartilhamento, não é possível a existência de uma cultura de solidariedade, tolerância e respeito à pluralidade.
Cada vez mais as feras de dentro e de fora das grades dos condomínios e dos espaços vips tendem a um encontro trágico (simbólico e físico). A vida e o mundo das existências não são reduzíveis ao belo espaço gourmet da casa cor.
A realidade chata e não-convidada pode aparecer servida sobre sua mesa de jantar. As ações contra a violência devem também ter dimensões públicas ou não vão ganhar efetividade!
A realidade chata e não-convidada pode aparecer servida sobre sua mesa de jantar. As ações contra a violência devem também ter dimensões públicas ou não vão ganhar efetividade!
Quanto mais e maiores forem os espaços de convivência das múltiplas sociabilidades e identidades maiores serão as chances da vida pacificada.