segunda-feira, outubro 31, 2016

Holandinha: vitória, pero no mucho



A chegada de Braide no segundo turno e a existência do próprio segundo comprovam que há muito espaço para os opositores de Flávio crescerem competitivamente. 
Holandinha foifeito e permanece prefeito colado na imagem de Flávio e esse segundo turno mostrou que a rejeição a Holandinha é alta e muito firme. 

A vitória eleitoral de Holandinha é de pouca expressão do ponto de vista político. Não foi expressiva, ainda mais levando em conta que a sua candidatura contou com o apoio da força da máquina municipal sob seu próprio comando (ou do seu pai)  e mais o apoio do governador. A diferença de votos foi só de 31.651(nada mais que um bairro médio de São Luís) diante de um candidato que "corria por fora" e ainda muito desconhecido do eleitor da Capital. Outro fator que ajuda a sustentar essa afirmação sobre a dimensão política dessa vitória é o total de votos Nulos e Brancos que atingiu a marca de 24. 702 votos. Só um pouco menos da diferença que deu a vitória a Holandinha. 

Tem outro elemento importante nesse pleito: abstenção. As abstenções totalizaram um pouco mais 92 mil votos no primeiro e  um pouco mais de 103 mil votos no segundo turno. Esse aumento deixa mais em cheque a expressão política dessa vitória de Holandinha. Provavelmente muitos desses eleitores se sentiram menos atraídos a participarem, a legitimarem as opções que lhes foram postas. O nível de campanha foi péssimo. Faltou respeito ao eleitor e foram demasiadas as fugas acerca das questões fundamentais de interesse público, preenchendo o tempo com discussões difamatórias, mentiras e boatos. Isso tem muita importância ainda mais em uma Democracia, onde a legitimidade precisa ser ratificada continuamente nas urnas e para além das urnas. 
Cabe destacar que o governador não completou ainda dois anos de mandato e o seu pronunciamento a favor da reeleição de Holandinha não fez efeito sobre essa parcela do eleitorado, que preferiu se abster de votar. Certamente o crescimento global da abstenção é fruto da influências de múltiplos fatores, mas não é desprezível seu crescimento frente a tamanho apelo eleitoral.  

A vitória de Holandinha acaba sendo, inicialmente, um bom cenário para a oposição a Flávio. Primeiro, porque Holandinha, com esse nível de gestão, dificilmente vai reverter essa sua rejeição até o final de 2017 (2018 tem mais eleições). Segundo, continuando Holandinha com esse desempenho administrativo, a tendência é que a sua rejeição permaneça alta e vá aderindo cada vez mais em Flávio e isso pesa muito eleitoralmente, já que São Luís é um mega colégio eleitoral com mais de 600 mil votos. Isso tem especial importância em uma disputa eleitoral de alcance estadual porque mais de 30% do eleitorado maranhense estã concentrado em 9 cidades, sendo que São Luís é uma delas. Por outro lado,  os 40 municípios "ganhos" pelo governo estadual, em geral, são muito pequenos eleitoralmente (além disso, caso concorra a reeleição, o governador não vai  obter 100% dos votos em todos eles). 

Outros fatores provavelmente pesarão eleitoralmente para Flávio em 2018, mas o mais destacado deles é custo PDT (qual será o tamanho da exigência política desse apoio até lá?). O PDT há 27 anos está encravado na Prefeitura de São Luís, todos os rumos tomados pela cidade, para o bem ou para o mal tem a marca PDT. O que ocorreu nesse período urbanisticamente, administrativamente, infraestruturalmente e nos serviços é de responsabilidade desse grupo. O PDT à frente da Prefeitura se configura hoje como uma oligarquia pelo tempo e pelos fins. Porém, o discurso anti-Sarney, o recurso de atrair voto pelo terror, através da exploração do medo, do medo do "retorno" dos Sarney, deu claros sinais que está em plena falência. O exemplo disso é que Braide foi acusado de ser candidato dos Sarney e chegou onde chegou.  O PDT vai ficar sem discurso e é hoje a real oligarquia existente na cidade de São Luís. 

Nomes destacados nesse projeto eleitoral que deu a vitória a Holandinha, a exemplo de Weverton e Waldir,  talvez não sejam esquecidos na avaliação do eleitorado na hora de votar em 2018, principalmente em São Luís. Além disso, são nomes assim que, em 2018, vão estar pesando com a conta de suas reeleições (deputados estaduais e federais). Que discurso vai harmonizar tudo isso? Como isso vai significar mudança? 

Enfim, Flávio se quiser ter êxito em sua reeleição (caso não queira conquistar nenhuma das duas vagas para o Senado) vai ter que trabalhar muito dentro de São Luís. Só que o contexto macro econômico mudou, a configuração política favorável junto ao Governo Federal foi desfeita com o impeachment de Dilma e o fim do governo do PT (isso era mesmo uma vantagem?) e já dizem que o percentual de desaprovação em relação ao governo Flávio está acima de 30%, o que não é nada desprezível em menos de dois anos de mandato. Isto é, essa vitória de Holandinha tem tudo para ser uma festa para os opositores de Flávio. Vitória, pero no mucho!    

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