"O obscuro canto do mundo que habitamos não podia escapar á sorte commum, e a epocha que nos coube atravessar, é uma daquellas em que o mal tem decidida preponderancia; (…) o mal vil e despresível, o lodo, a baixeza, a degradação, a corrupção, a immoralidade, toda a casta de vicios enfim, tormento inevitavel dos animos generosos que os cegos caprichos do acaso designaram para espectadores destas scenas de opprobio e de dor. Timon, antes amigo contristado e abatido, do que inimigo cheio de fel e desabrimento, emprehende pintar os costumes do seu tempo, encarando o mal sobretudo, e em primeiro logar, senão exclusivamente, sem que nisso todavia lhe dê primazia, ou mostre gosto e preferencia para a pintura do genero. Ao contrario, faz uma simples compensação, porque o mal, nas apreciações da epocha, ou é esquecido, ou desfigurado."
"Negar a revolução é negar a um tempo a rasão e a história, isto é, o direito consagrado pela sucessão dos tempos e dos factos, pela força e natureza das causas, e pela marcha irresistivel dos interesses, que a final triumpham dessa immobilidade a que tam loucamente aspiram todos os partidos de posse do poder; desse poder conquistado sem duvida em eras mais remotas pelos mesmos meios que debalde se condemnam quando chega a ocasião de perde-lo." (João Francisco Lisboa - patrono da cadeira número 18 da ABL, maranhense... etc e tal. Texto de 25 de junho 1852)
A crise não é só político/partidária, não é só crise econômica, mas uma crise que envolve um dilema civilizatório. Parece já claro que não efetividade e possibilidade de concerto pelas vias das nossas velhas tradições e pelo jeitinho. Não vai ter golpe, golpes já tivemos vários, o momento é de revolução. Transformações profundas em todo uma estrutura e institucionalidade que não respondem mais aos anseios da sociedade, que atingiram nível intoleráveis de corrupção e perda de legitimidade.
O impeachment é pouco provável, porque o parlamento está povoado de venais e hordas de gente miúda capaz de mudar um voto por qualquer preço. Mas a falta de capacidade de governar vai permanecer e não vai ter como rever isso estando à frente do governo as mesmas pessoas. O "governo" do PT continuara nas mãos do PMDB, só que da ala de Renan e Barbalho. Isso me parece uma saída trágica do PT porque isso o fará sangrar até a última gota. Pior de tudo, é apostar na tragédia. Depois disso fica cada vez mais difícil prever e parece que já avançamos vários passos na zona cinzenta, onde tudo é possível para o crescimento do terror. Já temos um contextos em que todos os irresponsáveis de todo as as vertentes saíram afoitos dos seus armários. É hora de ação e mobilização Política acima de partidos e que separe o joio do trigo, quem deve paga. O caso a tensão não será resolvida sem resposta...é nisso que parece a brecha para revolucionar e avançar além dos velhos jeitinhos e possamos enterrar todo o atraso autoritário que ainda sobrevive na política partidária brasileira.
A vantagem é que ninguém mais no Brasil está fora e totalmente sem saber dos nossos problemas e da qualidade dos nossos políticos... Mas a duração do impasse é preocupante demais.