O nível da superficialidade é incrível. O casuísmo e facciosismo cego são mais que motivos para profunda preocupação. Eu não estou em torcida. Não me permito enquanto cidadão e tampouco como cientista social.
Não é responsável não se permitir enxergar toda a gravidade e complexidade do problema que estamos imersos. O que o STF está fazendo é um aprofundamento da deformidade do Estado brasileiro, cuja ideia de Estado já está diluída desde 1988 e com as sucessivas reformas e entendimentos do supremo.
Se a paridade legislativa entre Senado e Câmara Federal já era questionável, agora a supremacia do Senado consagrou um bizarrice, porque desqualifica a representação da soberania popular: Câmara Federal. É um ataque à Democracia ao enfraquecer a casa legislativa da representação popular.
O Senado com tais poderes (que só por uma Constituinte poderia ser dado e nunca pelo STF. O STF não tem legitimidade para requalificar essas competências e peso de poder) consolida o STF como um poder imperial, uma togacracia.
Além disso, hiper dimensiona o poder das oligarquias, que sempre fizeram do Senado um locus de barganhas pessoais para manutenção de séquitos. O Senado brasileiro é um estorvo ao interesse público. Sua composição e os interesses lá presentes são bem mais distantes do interesse público do que na Câmara. São 81 senhores que acabam tendo um voto mega valorizado e onde, óbvio, o Governo acha maior facilidade de alinhar e conseguir adesão.
O que as turmas das torcidinhas não enxergam são as consequências para o conjunto das Instituições republicanas e democráticas em curto, médio e longo prazo.
A continuidade de Dilma por derrota do impeachment não resolve a incapacidade dela de governar e nem sua falta de sustentação política no Congresso. Isto é, ingovernabilidade permanecerá em um momento que exige Governabilidade.
A permanência de Dilma vai alimentar ainda mais os confrontos e os protestos, que podem assumir formas mais dramáticas com o aprofundamento da crise econômica.
Com o STF contaminado do partidarismo vulgar entramos no risco do último recurso.
O PT parece que está mesmo apostando na tragédia para tirar algum lucro para sobreviver como vítima. A situação de Dilma já ultrapassou só a questão de ter ou não ter cometido crime de responsabilidade...
Qual o custo da emergência dessa salvação do PMDB do Rio de Janeiro?
Qual o significado da guinada acentuada da Globo na direção de Dilma?
Renan é o novo herói dos esperançosos petistas? O que quer ele?
Só irresponsáveis insistem em não enxergar a complexidade e a profundeza do problema. .
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