O Brasil é um país punitivo do cidadão. Não importa o quanto a economia cresça, os ganhos não são convertidos em benefícios através de serviços públicos. Toda e qualquer crise é o cidadão comum que posto em primeiro plano para ser sacrificado. Eis que o país com uma das maiores reservas de água potável do mundo está "sem" água para abastecer as residências dos cidadãos comuns.
Depois da redução do volume de águas dos reservatórios paulistas o generalizou -se que estamos em uma crise hídrica no Brasil. Faltou água em São Paulo e virou uma crise hídrica nacional. Séculos e séculos temos de secas, longos períodos de estiagem no Nordeste, mas nunca ganhou tanto a mídia. Recentemente o sertão Nordestino viveu a maior estiagem dos últimos 30 anos sem ganhar mais que duas nota nos noticiários nacional. Assim como no Nordeste, a falta de água em São Paulo não é obra exclusiva da seca, mas de uma irresponsabilidade governamental e a ausência de uma política de Estado voltada para o setor hídrico. Temos muita água, temos rios. A cidade de São Paulo é cortada por rios, mas rios que absurdamente viraram esgotos. E é assim, sem esgoto tratado, rios poluídos e a dependência de reservatórios alimentados basicamente pelo regime de chuvas.
Ora, como a água é crucial para a existência da espécie humana e está presente em todas as cadeias produtivas, São Paulo, como principal núcleo produtivo da nossa economia fez o alarme soar geral. São Paulo sozinho seria a 14 economia do mundo. Qual a posição do restante do Brasil? Falta de água em São Paulo é afetar profundamente o PIB nacional.
Entre promessas e falsos diagnósticos dos políticos, governistas e de oposição, começaram a surgir as medidas de contenção de consumo oficiais focadas no consumidor comum. Logo apareceu a imagem da senhora lavando a calçada como símbolo de desperdício. O fato é que mais uma vez as restrições e custos por conta da falta de abastecimento de água recai sobre o cidadão comum.
Porém, algumas vozes começaram a difundir críticas e demonstrando o alto consumo de água no agronegócio e demais setores da produção econômica. Assim, a equação está ganhando mais corpo e tornando visível que quem gasta mais água. É sempre o cidadão o escolhido para ser o primeiro sacrificado independente de qualquer estudo ou levantamento. Ainda não se definiu padrão de consumo de água potável (tratada) levando em consideração setores prioritários e todos acabam gastando o que querem para fazerem o que bem entender. Não seria cabível, diante da situação, diferenciar o que pode consumir de água potável um hospital, uma fábrica e um motel. Sim, os motéis sim. É melhor reduzir a água na produção de alimentos nas grandes lavouras ou reduzir os inumeráveis banhos em motéis. Alguém já parou para pensar a gastança de água nos motéis e sua contribuição opara a economia? Que comida nos é prioritária? Motéis são insubstituíveis? Até é mais urgente o negócio da saliência?
A questão é como manter a água para consumo e sobrevivência da espécie e manter produção, renda e prazer. Bebemos, mas comemos!
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