No Maranhão. A campanha já ocorreu parcelada ao longo dos últimos quatro anos. Tudo que já tinha que ser confrontado, denunciado, questionado, analisado, criticado já ocorreu. As denúncias recentes envolvendo o grupo no poder não choca mais, porque assumiu um padrão de rotina. Não choca, mas consolida a rejeição e necessidade de pôr fim nesse mando. Mando que já está tendo um fim tardio.
O primeiro adiamento do fim foi a morte de Tancredo e alinhamento de Cafeteira com Sarney (o legado dessa união foi o famoso Aterro do Bacanga). Nesse caso o grupo Sarney ganhou um sobrevida forte.
O adiamento mais recente compreende três fatos: cassação "legal" sem lei de Jackson, a eleição de Castelo para prefeito (apoiado pelo PDT) e a contesta vitória de Roseana em primeiro turno, em 2010.
Desaparecer politicamente de forma instantânea o grupo Sarney não vai. Empresarial é muito forte ainda. Eles ainda possuem aliados-cumpridores-de-ordem na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal, no Senado, no Judiciário, no Ministério Público, na Polícia Militar, na Polícia Civil e no Tribunal de Contas. A rede de favores e gestos de gratidão. Já a família Lobão parece que não goza dessa mesma possibilidade.
Agora é também muito provável que os Sarney consigam assumir o papel principal de oposição nos próximos anos. Primeiro, a incapacidade de fazer Política de parte da ultra-esquerda. Segundo, a posição anti-sistêmica de outra parte da ultra-esquerda. Terceiro, filigranas subjetivos, estritamente pessoais, passionais e de vaidades.
Tem gente que ainda está fazendo campanha de DCE, mas querendo tomar o controle da política no Maranhão e, vários outros, estão atolados em rompantes egocêntricos, vaidade pura e mágoa. Tipo assim, tem candidato que ataca Flávio porque não foi alçado à condição suprema de O Candidato de Flávio. A velha e tola atitude de colocar prestígio à prova. Prestígio não se coloca à prova.
Triste ver a falta de estratégia, que foque na ampliação do campo político, possibilitando maior participação. O mais sensato seria focar o alvo que representa a continuidade do que está aí e depois equacionar os pontos de divergência dentro da oposição. Buscando principalmente garantir que a hegemonia da oposição, caso a situação perca, fique entre os demais grupos que compõem hoje a oposição. Ver a família Sarney como a principal oposição à Flávio é sim, sem dúvida, um sem querendo ser meia dúzia.
Essa ausência estratégia mais ampla é um grave problema dessa ultra-esquerda. Não se decidir em ser anti-sistêmica ou sistêmica só tem produzido distanciamento de quem eles querem representar e ser a voz. Se quer galgar espaço no âmbito institucional, na mais óbvio que mobilizar recursos operar a partir da institucionalidade. Essa combinação de ser anti-sistêmico e sistêmico ao mesmo tempo está pouco produtiva. Inconsistente a postura de se colocar como partido de massa e existir como partido de quadro, restrito à cúpula, que concentra tudo.
As demandas hoje são multifacetadas, sob múltiplas combinações, geradas em rede, não mais em núcleos fixos, mas em combinações sucessivas e descentralizadas. Os processos decisórios estão avançando para além das localidades e a própria ideia de local assume um deslocamento e caráter flutuante. O próprio indivíduo não quer ficar mais aprisionado a uma identidade reducionista. Essa forma de querer falar pelas massas é totalmente anacrônica e ingênua. Resultado foi o descolamento com as massas que foram para as ruas, que há tempos que se descolaram desse binômio esquerda direita.
Cabe ressaltar o ineditismo visto nos debates: glamorizar a própria ignorância e a vaidade cega, expondo-se ao ridículo sem limites. Dois candidatos não são "patéticos, porque são patetas". Pessoas sensatas e lúcidas não tratam de assuntos que elas não dominam. Colocar em debate o que não domina é um absurdo. Visões superficiais e divagações. Por que alguns candidatos não fazem o básico dizendo em que área o recurso público foi mal aplicado, onde faltou recursos, o que precisa ser priorizado etc. Dizer se vai propor modificações na política orçamentária e como vai ser isso.
Até agora a segurança não foi discutida seriamente. Ninguém tem algo mais a dizer sobre a segurança além das constatações? Outro assunto esquecido são as tais licenças ambientais. Vai mudar alguma coisa nesse setor? A discussão sobre habitação está muito vaga e gruda de forma equivocada ao programa federal. Vão continuar construindo casas onde não tem rede de esgoto e depois fazer fossas? Alguns detalhes precisam ser discutidos. Por exemplo, existem pessoas que não possuem casa e nem terreno. Já outras pessoas possuem casa e o terreno, mas a casa é de taipa ou palha. As pessoas que já tem sua moradia não podem ser removidas em massa para prédios, nem para lugares distantes de sua comunidade. O que vai ser feito para essas pessoas que possuem sua casa de taipa, palha ou mora em palafita?
Está tudo no patamar da repetição e a camada silenciosa aumentou e está esperando só a hora de votar. Independente de resultado de "pesquisas". Para a grande maioria a eleição já está decidida. Agora a ausência de qualidade em algumas enquetes de opinião é facilmente observável. Porém, o pior de tudo é parte "qualitativa", onde alguns concluem absurdos sobre seu próprio dados fantasiosos. Exemplo: alguns dizem que existe 50% de indecisos e argumentam isso como um fator positivo ao candidato em desvantagem. Ok. Isso está ótimo como peça publicitária, mas só isso.
Porque isso é estranho. Primeiro, não existem pesquisas só encomendadas por partidos ou emissoras de TV. Outra parte é formada por pesquisa não divulgada e servem ao mundo dos negócios, o investidor que quer saber o que é, resultados confiáveis. Portanto, é possível comparar várias além dessas aí divulgadas. Segundo, existe uma faixa da população que não gosta de declarar voto e que tratam com desconfiança o entrevistador. Mas não significa que 100% deles estão indecisos. Terceiro, a intenção de voto pode mudar, mas não em massa e tão facilmente, sem acontecimentos extraordinários. Não existe uma adesão de 100% e isso fica impossível quando candidato acumula uma rejeição alta. Aí é matemática, boa escrita não resolve, pois o contrário pode ser demonstrado.
Ora, se essa pesquisa tem alguma validade, ela está dizendo que a cada grupo de 10 pessoas serão encontradas 04 pessoas que não votam de jeito nenhum nesse candidato. É nisso que consiste a confiabilidade. De repente aparece um grupo de 50% totalmente atípico? Sinceramente... lamentável que pessoas bem informadas estejam reproduzindo isso. Não só isso, conseguir 60% do atípico 50% é possível nesse quadro? Não. Já é forte o cheiro de Inês...
No mais é a Coluna do Sarney... que cada dia endossa mais uma representação do real, que foge cada vez mais da realidade. Essa insistência cessaria se ele percebesse o lugar de onde ele ver essa realidade que ele representa. A realidade nunca pode ser fruto da construção imaginária de um homem só. Só!
Nada de novo...
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