sexta-feira, julho 25, 2014

176 anos do Liceu Maranhense


Estudei no Liceu Maranhense... Como em toda minha trajetória de vida, esse momento também não foi fácil. Fiz o exame de admissão para conseguir a vaga, mas depois de aparecer na lista de aprovados, meu nome desapareceu. Pois é, o gato comeu! 

Não aceitei essa tal mágica anti-republicana e anti-democrática. Entrei na luta pelo meu direito. Foi um batalha, passei a ir quase todos os dias na Secretaria de Educação. Reivindicava pela minha vaga. Enfim... depois de dois meses consegui valer meu direito. Atrás disso, estava o velho e miserável apadrinhamento e o tal QI (quem indica). Eu não tinha ninguém (nenhum padrinho, nenhum protetor) e resolveram usurpar logo a minha vaga. Mas nunca fui de temer diante de dificuldades e dos artifícios dos viciosos. Com a voz e coragem lutei pela recuperação da minha vaga. Sempre achei gente boa no percurso da minha vida, mas também encontrei muita gente sem lealdade e honestidade. 

Enfim, estudei no Liceu em um período em que ele vivia um verdadeiro abandono. Professores insuficientes e alguns não iam mesmo. Diversas vezes fui entregar convocatórias para uma professora comparecer para dar aula. A senhora morava no bairro Ponta do Farol. A Diretora fazia a convocatória e eu ia pessoalmente entregar o documento na casa da professora. O ônibus da Ponta D'Areia não ia até o bairro São Marcos e a parada final ficava logo após aquele bueiro da lagoa da Jansen. Bem, para quem não podia pagar táxi caminhar era a solução para chegar até o conjunto Ponta do Farol. 

Mas, o pior de tudo foi um "professor" de uma disciplina técnica. Em uma bela manhã esse senhor entrou na sala e disse: "ninguém dessa turma entrará na universidade nos próximos 15 anos, talvez 01 daqui a 20 anos". A filha dele estudava no colégio Maristas. Bem, até onde pude averiguar, 80% da turma chegou e em um tempo bem abaixo do que imaginou esse vidente. E chegaram na UFMA, a mesma universidade onde a filha dele estudou. Porém, isso não foi o ápice da sordidez dele. Não. 

Nessa tentativa de humilhação ninguém retrucou... Ficamos só olhando em silêncio para cara dele. Não satisfeito, em uma outra bela manhã, esse bendito "professor" entrou na sala e disse: "se focasse a lanterna, não ia encontrar uma só virgem". Foi o suficiente para ele saber que nós existíamos e, apesar de pobres, não éramos covardes. Não perdi tempo e perguntei se ele já tinha focado com a lanterna na filha dele. Ele ficou transtornado, mas não mais transtornado do que as moças da sala, que logo se levantaram para reclamar da fala dele. A rapaziada, os meninos, parceiros de classe e de futebol também tiveram uma atitude contundente. A melhor resposta foram nossas sucessivas vitórias.... Seguimos com dignidade. 

Tenho como mantra um poema do Mário Quintana:

Poeminha do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!  

  


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