II Carta a São Pedro. Pedro, Obrigado por me fazer ver novamente a chuva, mesmo que só por uns instantes. Quando vi as primeiras gotas caindo... Pensei: As chuvas se repetem, mas sempre com um charme de singularidade.
São Pedro, São Pedro... que seja abundante as águas que não destruam barracos, nem provoquem deslizamentos sobre casebres, não deixem os mais miseráveis ilhados e no tormento dos abrigos improvisados. Não, não!
Que não vejamos mais a dor de uma parcela significativa da população que, através dos tempos, fica sempre desabrigada, na verdade, é desabrigada de tudo. Não permita que todos esses coagidos da sorte tenham que ser resgatados em massa por uma defesa civil inexistente. Estamos em um país que inexiste recursos e equipamentos para pronto uso diante de catástrofes. Por quê? Porque nunca se ver catástrofe quando são pobres soterrados, ilhados com suas casas submersas. Nem mesmo quando estão no outro extremo: na seca. É essa velha seca. Seca industrial secular sem Governos.
Tudo isso, sem exceção, cheias,secas geram danos aos pobres, mas os bens dos pobres parecem não sofrerem dano algum. Você já ouvir alguém lamentar o pobre ter perdido seu sofá "velho"? Tudo que o pobre tem, aos olhos saudáveis e alegres dos não-pobres, parecem ser não perecíveis, desnecessários e não terem custo algum, como pudessem estar ali sem sacrifícios de horas de labor... que produzem tantos calos e dores.
Que seja uma enxurrada de alegria e que a água limpa arraste para longe as sujeiras retidas sobre e sob os tetos... dos nossos lares, que a terra molhada seja meio para produção de novos frutos... Que a chuva, enquanto a água, seja para um banho mais profundo sobre a alma (como o mergulho Profundo no Jordão). Mande a chuva necessária, Pedro.
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