Blade Runner .. a última página da modernidade das luzes, a concretude diluída do desencantamento do mundo.
Eis o filme ficcional que celebra as potencialidades diversificada da sociedade produzida pela doutrina Iluminista, cientificista, da crença na razão e na ciência. Blade Runner diz em todos seus quadros que a tecnologia não é para libertar a todos, os guetos continuarão mesclados de atrativos tenológicos e miséria. O dilema da criação persiste, mesmo na criação-reflexa posta como réplicas.
A cultura como efervescente pluralidade de sintéticas experiências. Tudo é um enigma, todos estão entorpecido nas imagens que criaram. O ar é sombrio, a vida ficou sombria sob a trama corporativa-tecnológica. Não há espaços mais para manhãs claras, para campos verdes e floridos. O desencantamento se tornou o todo no nada.
O melhor filme de ficção tendo como pano de fundo a hiper expansão da sociedade moderna, desdobrando-se no epílogo da contemporaneidade. Nenhum filme criou uma atmosfera tão exageradamente visceral, profética e apocalíptica do curso das promessas da Modernidade. O mundo aparece supremamente nu, a vida sem nenhum rincão de encanto para utopias paradisíacas. Guetos, misérias, crimes e tecnologia estão em alucinado movimento e instantaneidade solúvel, sob um circo tecnológico de imagens. As dúvidas mais primitivas persistem não solucionáveis.
O século vinte abriu a página do mundo Blade Runner e a cada novo século é mais uma linha escrita do fim.
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