O
Maranhão durante várias décadas apareceu entre os estados com os menores
índices de violência. Ao mesmo tempo em que aparecia entre os líderes em número
de conflitos de terra e assassinatos no campo. Ora, o sucesso da pacificação do
Maranhão estava sustentado pela localização social e pela configuração da
distribuição geográfica da população que sofria preferencialmente a violência.
Colaborava para isso a invisibilidade social sofrida pelas vítimas, que
historicamente foram submetidos a uma sub-cidadania. Ao longo de séculos, a
sociedade maranhense naturalizou o
conflito no campo e os assassinatos, deles decorrentes, assumiram a condição de
normais, algo que é “assim mesmo”. A sociedade não se indignava e nem assumia
uma forma de solidariedade mais aguda em relação ao que tiveram suas vidas
ceifadas pelo crime de encomenda, a pistolagem.
Não
se pode desconsiderar que os tradicionais meios de comunicação de massa
foram mantidos sob o agudo monopólio de grupos econômicos e políticos no poder.
O que fez com que os veículos de comunicação não desse a conhecer e nem informassem
suficientemente os inúmeros assassinatos de lavradores e quilombolas
acontecidos nos diversos povoados existentes no Maranhão. Isso ajudava a
produzir, junto à sociedade envolvente, uma sensação de segurança geral e as
mortes desses sujeitos como casos isolados. Com o advento da internet, a
difusão de notícias sobre esses segmentos sociais, que tradicionalmente sofrem
com a violência, ganhou maior espaço e autonomia, em tempo real.
Atualmente,
soma-se a essa expansão da informação livre, o avanço da violência sobre
segmentos sociais que se sentiam mais seguros. Particularmente protegidos de
uma modalidade de violência já institucionalizada no estado: a pistolagem - o assassinato covarde
de encomenda. Os pilares corroídos da nossa pacificação ficaram à mostra.
O
cavalo selado é Desdentado: deficiência educacional, persistem os conflitos por
terra, precário sistema de saúde; é Manco: problemas de saneamento e
abastecimento de água, principal estrada de acesso à capital sobrecarregada,
aeroporto em reforma interminável, transporte urbano deficiente e baixa
qualificação da mão-de-obra, contingente da força policial abaixo do padrão
exigido; Cilha Errada: os grandes projetos aqui implantados: Alumar e Vale, não
produziram uma significativa horizontalização da produção, a monocultura da soja
desagrega muitos arranjos produtivos e causa danos ambientais irreversíveis, 900
mil famílias dependem da transferência direta de recursos do programa
Bolsa Família.
O
Maranhão, desde as origens, tem tido governantes sem o domínio da arte de encilhar e o
cavalo tem uma ferida crônica no garrote. Esse cavalo só pode ser do cão!
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